RIO — É uma verdadeira parada uma Filarmônica do interior baiano, do Sul do Estado, sem receber subvenção alguma dos poderes públicos sobreviver 64 anos. Quando acontece tal sobrevivência torna-se necessário um destaque e até rasgados elogios aos responsáveis pela façanha.
Neste caso está a Lyra Popular. de Belmonte, fundada em 1914, sob a protecão de Nossa Senhora da Conceição, pois foi no dia consagrado a excelsa santa, que suigiu a tradicional filarmônica, da qual participei, ingressando como discípulo do maestro Tomazinho e depois como músico. Isto nos idos de 1913.
A Lyra. que substituiu a Bonfim, tinha como adversária a 15 de Setembro, hoje praticamente desaparecida e vivendo de esperanças, devido reiteradas promessas de remanescentes da sua fase áurea.
A existência da Lyra, que não é mais àquela dos seus 40 anos, se deve a sua sede própria e a "teimosia" de uns poucos músicos que, cansados e «calejados » de promessas de seus mais importantes adeptos, resolveram formar, entre si, sua diretoria, presidida pelo mais velho músico, Sinhozinho, que completou 50 anos, como prateleiro.
Mas hoje, retorno ao tempo em que tocava trompa e, posteriormente, barítono, na banda da recem-calçada Rua do Camba. Naquele tempo a tradicional tinha um corpo musical composto de 40 figuras, sob a regência, do citado macabro Tomazinho, componente do naipe formado por mestres da capacidade de Antoninho do Espirito Santo, cuja obra é admirada por várias gerações.
Era entusiasmante quando, nas tocatas, formava, a sua comissão do frente. Lá estavam os mais rospeitáveis componentes das mais variadas camadas sociais da cidade. Políticos, comerciantes fazendeiros, notários, açougueiros, magarefes, pedreiros, marceneircs misturados, dando uma força moral a entidade que manteve, por muitos anos, uma destacada atuação na vida política local.
Os debates nas praças publicas entre a Lyra e a 15 de Setembro, assim como a animosidade entre as «bandas», serviam como insentivo para a sua existência. O ultimo confronto entre as duas filarmônicas se verificou há cerca de 15 anos, em frente a Igreja Nossa Senhora do Carmo. Foi uma festa de saudade para os adeptos das agremiações que só terminou com a interverção de autoridades, depois de mais de 24 horas .
A Lyra. tem sobre a sua tradicional rival duas vantagens. A primeira em Salvador quando levantou um campeonato de bandas de músicas, creio que há 20 anos. A segunda, mais recentemente em Itabuna, quando das comemorações do aniversário da cidade sulina.
Houve um tempo em que o governo através do Ministério da Educação, prometeu fazer ressurgir as bandas em todo o País, a través de subvenções. A promessa se deveu a campanha promovida pelo saudoso Paulo Roberto, com a «Lyra do Xopotó», através da Rádio Nacional, quando trouxe ao Rio do Janeiro diversas filarmônicas, que fizeram sucesso aqui na Guanabara.
Infelizmente até o presente momento nada só fez em favor das bandas de música particulares, que lutam com dificuldades, sendo a maior o alto custo do instrumental.
A Ceplac e o Instituto de Cacau da Bahia órgãos controladores da produção de cacau na Bahia, que tem ajudado várias organizações sociais' com verbas e assistência, deviam dar uma ajuda as filarmônicas do interior do Estado, principalmente na área de suas atividades, compreendida em todo o todo o sul do Estado, de oude retiraram o numerário para a sua manutenção e mesmo, no dizer de muitos, para a sua o ostentação.
Rubens E Silva. Jornal da Manhã. Ilhéus/BA 03/08/1978
quinta-feira, 11 de junho de 2009
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