RIO ─ Muita gente — principalmente os residentes nos grandes centros, não acredita em olhos maus, cuja força magnética, é capaz de «matar
pimenteira». Na maioria dos casos os metropolitanos não levam em considcração as histórias de «mau olhado», mesmo ouvindo com atenção os fatos relatados de acontecimentos, tipo dos relatados no programa radiofônico "Fantástico, Incrível e Extraordinário", do velho Almirante.
Da minha parte, devo confessar que não era muito inclinado a acreditar em tais «fantasias», apesar de ser «fan» absoluto da arte de prestigiação, onde o artista faz «misérias, deixando todos nós de boca aberta, inclusive na execução do número de levitação, o máximo em hipinotismo. Porém, corno outro fato não há argumento, tive que me render as evidências. Para justificar minha mudança de ponto de vista, relato nesta crônica um caso ocorrido aqui em Realengo, do qual foi protagonista um nosso conterrâneo ilhense.
Em fins da década de 20, me transferi de Belmonte-BA, para Ilhéus onde já estava o grande centro-médio belmontense Filó, que jogava no quadro do Vitória. Trabalhava ele como oficial alfaiate com o saudoso Gregório, do violino. Na alfaiataria, onde quase todos os dias fazia ponto, também trabalhava João Chagas, com os quais fiz camaradagem.
Por motives particulares, o Petronilho, mais conhecido por "Dosinho", se mandou para a então Capital Federal, onde fixou residência, sem entretantp nos comunicar seu endereço.
Logo depois, em fins de 1942, deixando o “Diário”, vim morar aqui no Rio onde, por ocasião de me inscrever para uma das casas do Conjunto Residencial de Realengo, do ex-Instituto do Aposentadorias e Pensões dos Industriários, me encontro cora o velho alfaiate, reatando a camaradagem iniciada na alfaiataria do Gregõrio, naquele tempo situada na rua Pedro II. Dosinho gostava de criar em seu quintal animais ete galos de briga, pois o seu esporte era justamente botar ga'os para brigar, motivo porque dava um tratamento especial aos galináceos, mantidos com rações adequadas e aves, principalmente galos de briga, pois seu esporte era justamente botar galos para brigar, motivo porque dava um traamento especial aos galináceos, mantidos com rações adequadas. Era bastante relacionado com os companheiros das diversas rinhas espalhadas na região de Bangu, chegando até a construir uma arena aqui em Realengo, de sociedade com um outro galista bahiano e também alfaiate Adolfo Souza, um ótimo companheiro, já falecido.
Petronilho tinha orgulho da sua criação e fazia questão que seus companheiros visitassem o seu "mini"' zoológico, onde além das bem cuidadas gaiolas dos galos de brigas, existiam porcos e capivaras.
Certo día; um seu parceiro de rinha lhe fez uma visita e com ele um amígo, que dizia ser admirador de animais. Dosinho não perdeu tempo. Foi logo convidando os dois para urna visita a sua criação, o que foi logo aceito pelo colega, mas recusado pelo seu companheiro. O alfaiate não se conformou com a recusa e insistiu no convite. Depois de muita relutância, o rapaz disse que temia pela vida do seu galo o mais elogiado dos animais. Não poderia fitá-lo ,pois de certa feita, em caso idêntico, um bonito passarinho de um seu conhecido, foi vítima da sua admiração.
Não acreditando na confissão do rapaz, o alfaiate ilheense se respon-eabilitou pelo que acontecesse. Podia olhar a 'sua criação. Ante a decisão do criador, todos se dirigiram ao quintal e passaram em revista o ''mini Zoo"
Ante a beleza do elogiado galo de briga, a turma demorou em frente a gaiola depois do que se despediu, prometendo voltar outra vez.
A visita foi num domingo. Dois dias depois, ou seja na terça-feira, o galo estava morto.
Não precisa dizer do remorso que se apoderou do Petronilho que até hoje lamenta o ocorrido, um dos motivos que o levou a acabar com a criação.
Tenho ou não motivo de acreditar em olhos maus?
Rubens E Silva. Jornal da Manhã Ilhéus/BA 06/01/1979
quarta-feira, 17 de junho de 2009
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