RIO — Naquela noite de Outubro quase toda a Colônia Belmontense aqui sediada, estava reunida na igreja de Nossa Senhora Aparecida" em Cachambi, no Distrito Administrativo do Méier, para. festejar, assistindo o ato religioso, de Ação de Graças, pelo setuagésimo aniversário do seu conterrâneo Otávio Barros, filho do conceituado mestre marceneiro Teófilo Barros dos Santos. A solenidade teve seu ponto alto quando, na elevação do Santíssimo foi cantada uma tradicional ladainha — Maria Concebida Sem Pecados — revivendo as comemorações em louvor a Virgem do Carmo, nossa padroeira. Foi um momento de profunda emoção para o .contemporâneos ali reunidos, já que o cântico trouxe gratas recordações da juventude despreocupada.
Após o ato Otávio reuniu os convidados em sua residência para inesquecível recepção, decorrida num ambiente desconcentrado onde cada um revivia fatos.da sua mocidade vivida nas areias da Preguiça ou Ponta de Areia, passeios para as colheitas de cajus e murtinho, no Lazareto. Os banhos de mar e da Barrinha, hoje desaparecida, foram lembrados saudosamente.
Agora, decorrido mais de um ano "daquela maravilhosa noite, voltamos a Igreja de Cachambi para rogar paz a alma de Otávio Barros, assinalando o aniversario do seu passamento, deixando viúva e filhos além de sua irmã Antonieta Barros, auxiliar de escritorio aposentada, ainda inconsolável, já que dos quatros irmãos — . Paulo, Florêncio, Alice e Otávio, — ela é a sobrevivente.
O morto era componente de uma geração, da qual sou integrante, nascida nas primeiras décadas deste, século que, pouco a pouco vai desaparecendo e que tem a seu favor ter assistido o homem atingir a lua além das profecias de Júlio Verne transformarem em realidade, coisas que nossos avós julgavam inconcebíveis. Em compensação esses rudes parentes nos souberam dar uma educação rígida, baseada no respeito ao próximo, coisa que está praticamente eliminada nos tempos atuais, causa principal da degradação dos costumes que estamos assistindo.
O falecimento de Otávio me fez lembrar dos inúmeros contemporâneos que já se foram "deste vale de lágrimas". Da contagem regressiva anotei alguns companheiros tais como: Heriberto Simões, José e Anibal Fernandes, Devanedi e Benon Marques, Vivaldo Pinho, Gentil Melo, Benedito Tavares, Cosme Mlhervino, Diô e Nassau Mega, Abenilson Favila, Firmo e Virgilio Pagão, Artur e Nouca França, Alberto Storino, Adalberto e Joevá Paiva, Pedro Bembeu, Mandínho Rezende, Caborginho Ramos, João Carmínio, Ademário Ramos, Jorge Monteiro e os esportistas Leones Soares, Raulino Santos, Filó, Nandinho, Nadinho, Cid, Dilinho, Rafael, Duça, Filhinho, Beré, Batista, Zé Hugo. Deja Mururé, dentre outros.
Para compensar fiz um levantamento dos companheiros que ainda . estão vivos, assinalando Nelson Matos, Dermeval (Dei) Oliveira, Aires Fernandes, Pedrinho e Guerino Magnavita, Gervásio, Orlandinho Paternostro, Floriano, Bernardino, Jerônirno Oliveira, Orlando Magnavita, Dazinho Rezende, Alberto Matos, Manoel de Senhorinha, Décio Marques, Vilobaldo Amorim, o Prefeito Luiz Carlos, (sempre firmes na "terrinha") e nós outros considerados "desgarrados" José Lemos, Othon Ferreira, Waldeck Oliveira, Osvaldo Peixoto, Osvaldo Cabral, o juiz Epaminondas Pontes, Aurelino Navarro, Elvidio Storino, Josadack Oliveira, Dário dos Santos, José Andrade, Aloísio Ludgero, Satiro Segundo, Ito e Hugo Ataíde bem como os "honorários" Symaco da Costa, Júlio Brito e Edson Moura.
Os belmontenses que transferiram suas moradas para outras paragens, jamais esquecem do seu "torrão natal" e a prova é que sempre eles constantemente voltam as suas origens para uma olhada e pedir graças a Nossa Senhora do Carmo, na sua grande data, quando em frente à Matriz se reúnem para um encontro saudoso com os companheiros.
Entretanto creio que muito breve este encontro vai mudar de local uma vez que a Igreja está prestes a desaparecer devido as investidas do Jequitionha que os poderes públicos estadual e federal teimam em não tomar conhecimento, deixando de enviar verbas necessárias para conter o caudaloso rio que em breve não só levará a Igreja mas toda a cidade, mais da metade já devorada pelas enchentes.
Rubens E Silva. Jornal da Manhã. Ilhéus/BA 24/04/1981
quarta-feira, 17 de junho de 2009
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