RIO — Era mínimo o contatoo qée tinha no Pontal, com o colega cronista Geraldo Ferrer, justificado com as esparsas visitas ao "Território Livre", já que meu campo de ação era mesmo na Capital do Cacau. Do outro lado só para visitar amigos, fazer reportagens, "enfrentar" peixadas, receber passageiros no aeroporto ou apenas para sentir a sensação das travessias em canoas ou lanchas, hoje relegadas a um segundo plano, graças a Ponte Lomanto Júnior que, se levou progresso ao aprazível bairro, plantou também um desassocego, principalmente em fins de semana.
Entretanto conheci o velho Ferrer, integrado na vida pontalense ao lado '' 'dos Pintos, dos Bastos, dos Mellos, v "dos Cajatis, dos Gaios, dos Menezes e tantos outros persongens, quase todos saboreando as irreverentes atitudes do filosofo Helvécio Marques, para quem não havia "Tempo Ruim", que por pior e dramática fosse a situação, o popular causidico encontrava uma saida.
Na época como não podia deixar de ser, o jovem praiano nos seus momentos de folga, se deliciava com as aprazíveis e tentadoras praias que começava nas imediações do Morro de Pernambuco e. como Paquete, não tinham onde acabar.
Hoje toda a costa festa tomada por "ínferninhos", escondidos entre os coqueirais onde a juventude — em plena liberdade — se esbalda durante as 24 horas do dia.
O meu conhecimento com Geraldo era através de suas crôicas no JORNAL DA MANHÃ, já que o encontro pessoal se tornava difícil pela falta do seu endereço, ficando eu a espera .de um caso para concretizar a sua realização. Entretanto não precisei "jogar'com a sorte" para o esperado contato. É que o Geraldo, dando uma de Sherlok Holmes descobriu meu endereço — que não é difícil chegando em Realengo — e inopinadamente apareceu na sede da Associação dos Inativos e, sem mais delongas, se apresentou. Foi rápido àquele encontro, pois alegando compromissos outros, o companheiro do JORNAL DA MANHA não aceitou o convite para um almoço, se comprometendo aparecer em outra oportunidade quando almoçaria na Falcão da Frota. Desta forma estava eu devendo o almoço.
Entretanto a promessa estava ficando em "Banho Maria" e com ela a desconfiança do cumprimento. Mas, como tudo tem seu dia, num domingo destes Geraldo apareceu com a esposa Terezinha e por feliz coincidência quase a mesma hora em que, também acompanhado com sua patroa Izabel chegava Symaco da Costa, o jornalista, mestre em trovas conhecido por este Brasil afora, já que integrava na equipe dos "Associados".
Foi um encontro de recordações que espero um "repeteco" rnuiío em breve, pois o dia de céu claro, contrastando com a véspera fria e chuvosa, concorreu para o êxito da reunião quo terminou a sombra do cacaueiro plantado em frente a minha residência, como que identificando a naturalidade do dono da casa.
Mas o detalhe da visita foram os preparativos culinários, uma verdadeira parada Quase que precisou um conselho de guerra para chegarmos a conclusão sobre o cardápio. De saída pensamos numa feijoada que foi logo eliminada em face da alegação de que, aparecendo na mesa o difícil feijão preto, poderia parecer ao visitante uma demonstração de grafinagem, pesando para a decisão a dificuldade em se obter o precioso e dispuíadissimo grão. Urn cozido igualmente foi posto de lado já que o xuxú, quiabo, maxixe, giló, abóbora e couve estavam "pela hora da morte". Depois pensamos numa peixada. Aí o contra foi o receio do Geraldo pensar que queríamos imitar Cícero Pinto que, no ano passado ofereceu ao cronista uma suculenta muqueca de cação que só de ler a crônica sobre o evento, até hoje estou com "água na boca".
Finalmente Carmínha decretou: "Vamos fazer um sarapatel".
Feita a tradicional comida baiana não deu outra coisa: a satisfação incontída não só Geraldo mas também do Symaco que demonstraram o "de acordo" com a repetição dos pratos, devorados avidamente, o que nos deixou satisfeitos.
Repito: Foi urn maravilhoso encontro de recordações assinalado com a oferta de um livro de Asclépios Ferrer "Urn dia Sem Pecado". E quem podia pensar em pecado em tal ambiente...
Rubens E Silva. Jornal da Manhã. Ilhéus/BA 29/11/1980
quinta-feira, 11 de junho de 2009
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