RIO — Sempre fui «amarrado por programas tele-radioífônicos de "Perguntas e Respostas. Antes da TV acompanhava Almirante e Cezar de Alencar que nas rádios Tupi. e Nacional, mantinham interessantes programas em que aparecem o "homem, dicionário", os especialistas em loterias, corridas de cavalo e tantos outros. Na TV o "Céu. é o Limite” e o «80 ou 8OO», de J. Silvestre e Paulo Gracindo, eram os meus proferidos.
Para muitos era tais programas funcionava, livremente, a "marmelada
Em absoluto creio na existência de «conchavos» e até hoje não acredito naquela história que- motivou a saída de Cezar de Alencar do Canal 4, no caso do automóvel, quando o destacado apresentador da Nacional ficou -marcado» por muito tempo e, na Revolução de Março denunciado como «dedo duro».
Principalmente no caso do automóvel tenho motivo para não arcreditar na «marmelada», pois na minha vivência nos setores populares, conheci modestas pessoas de memória privilegiada, capazes de reproduzir discursós e até mesmo guardar na memória fatos ocorridos há muitos anos, com todos os detalhes.
Muitas destas pessoas foram e são amigos rneus e eu ainda continuo em contato com eles, ou melhor com àqueles que ainda vivem em Ilhéus ou Bemonte, onde anualmente tenho um encontro, invariavelmente no mês de julho, aproveitando a Festa de Nossa Senhora do Carmo,
Em Belmonte não desprezo um «papo» com Dei. Antes era também com Diô, falecido faz quase um ano. Passa horas relembrando as cançonetas letradas pelo Osmundo Belo, um poeta popular, mestre ern satirizar entidades ou pessoas. Dei sabe muitas, pois também tem inclinação para o gênero. Diô gostava de demonstrar a sua memória, contando fatos do nosso tempo da chamada «irresponsabilidade», ou seja da juventude sadia, hoje desaparecida com a auto-suficiência da gêração atual.
Numa destas viagens consegui reunir Dei, Diô e o Octavio Costa, irmão do saudoso poeta do «Por do Sol», Sosígenes Costa. Desta união os dois primeiros fizeram um levantamento completo de urna «embolada» feita em 1925, por Carlos Monteiro para o palhaço «Barandão» (pai do afamado Brandão Filho), cantar durante um espetáculo do Circo Éden, montado na cidade, na Praça 2 de julho, alcançando grande sucesso. Era sátira aos jogadores de futebol da cidade, elaborada em 16 sextilhas.
Numa de suas viagens a cidade sulina, José Corte Duarte passou algumas horas ouvindo a dupla Diô-Deí. contar coisa do tempo em que o Duarte participava dos eventos artísticos de Belmonte. Em Ilhéus, antes de sua morte gostava de conversar com Deusdedite Pinto o Densdedite das Carroças. Aquele do discurso em Água Preta, no regresso de uma excursão esportiva a Itapira.
Deusdedite, era assíduo participante das festinhas residenciais, sempre acompanhado de Tercilio França e Borges de Correia Ribeiro. Ern .todas gostava de «deitar falação». Sua memória era privilegiada. Tinha enorme facilidade de decorar discurso, sendo capaz de reproduzir, na íntegra, uma oração pronunciada por qualquer pessoa.
Acostumado a «roubar pensamento», numa festa de Santo António, no Alto do Ceará, na casa de Ze Luís, foi apanhado em flagrante pelo falecido jogador Rogério. Antes, Deusdedite ouvira Rogério discursar na casa de Antoni Santana. Ao chegar no Ceará pediu a palavra durante uma rodada de genipapo e repete as palavras do medio-direito do Flamengo que, chegando na hora, fez inflamado protesto, não sendo levado a sério pelos amigos do dono das carroças, que acreditavam na inteligência do companheiro.
Aqui no Rio, Rogério sempre lembrava deste caso com seus amigos da UBC.
Rubens E Silva. Jornal da Manhã. Ilhéus/BA 16/02/1979
quinta-feira, 11 de junho de 2009
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