RIO — Especial para TABU — Depois de cerca de dois meses ou mais sem receber ou mesmo ter notícias do quinzenário canavieirense TABU, já pensando no seu desaparecimento ou mesmo num inopinado "corte" da minha "assinatura-cortesia", eis que chega às minhas mãos uma edição especial de fim de ano do vitorioso jornal dos Perrucho, referente à seganda quinzena de dezembro.
A folha recebida se apresenta com 24 páginas, como sempre bem paginadas e melhor impressas, contendo colaborações dos nossos conhecidos e apreciados Hermenegildo Nunes e Silva, Durval Filho, Carlos Valder, Clodomir Xavier, Tony Silva, A. Tolentino, José Luiz da Fonseca e o memoralista "Gavião do Norte", o "vídeo-tape" do passado canavieirense. De "quebra" umas trovas irreverentes e atualíssimas do mais belmontense dos canavieirenses, jornalista Symaco da Costa (vide suas trovas). Para completar o "time" lá está, estreando, com toda a corda, Geraldo Ferre r, mostrando seus dotes poéticos no seu "Estava Escrito" e "Minha Freguesa de Frutas".
Na edição natalina, como não podia deixar de ser, também o Noilton Araújo dando um "banho" de noticiário social, com acontecimentos do "soçaite" sul-bahiano, dentre os quais destaco a criação do Museu do Cacau por uma canavieirense, a museóloga Anna De Vechi de Castro Nogueira, filha do dr. Edmundo Lopes de Castro que o golpe de 1937 "desbancou" da Prefeitura de Belmonte e a criação do Grupo de Teatro de Belmonte, por uma descendente da família Monteiro, Mary Monteiro, filha do saudoso e afamado futebolista Nelson Monteiro. Os dois registros me trazem lembrança de pessoas que se destacaram nos mais importantes movimentos na vida da minha terra. Dr. Edmundo exerceu com humanismo a sua profissão de médico atendendo às camadas mais desfavorecidas com um desvelo digno de nota, tornando-se um verdadeiro ídolo da população que o elegeu seu dirigente máximo como que retribuindo os benefícios recebidos através de uma assistência médica eficiente e desinteressada. Já a Mary criando um grupo cênico não faz mais que reviver os bons tempos das iniciativas lítero-artísticàs — há muitos anos interrompidas — dos quais a família Monteiro liderava. Quem não se lembra de Afonso, Gilberto, Carlos e Raul Monteiro movimentando a intelectualidade de Belmonte com grupos teatrais, academias de letras e editando jornais? É o caso de se desejar a Anna De Vechi de Castro e Mary Monteiro pleno êxito nas suas tarefas.
Mas se as duas notícias nos enchem de alegria e emoção pela lembrança de tão importantes personagens, o mesmo não a-contece com o registro da primeira página do TABU — "População Revoltada com Morte de Ancião Agredido por Tarugo" — que nos deu conhecimento, com minúcias, das truculências de um policial cujo apelido "não deixa a menor dúvida", como diria Araci de Almeida,, sobre a mentalidade da referida "otoridade".
A lembrança emocionante que nos trouxeram Anna De Vechi e Mary Monteiro vai dar lugar a uma recordação, posso afirmar tragi-cômica.
Nos idos de 1930, existiu em Belmonte um soldado conhecido com o nome de Picopeu. Era uma espécie de "primeira edição" do Tarugo. Gostava de "mandar o flandre" quando intervia em qualquer discussão. Era dos tais que batia primeiro para depois investigar a ocorrência. Não tinha meios termos. Com ele só valia a truculência e o espancamento. A coisa chegou a tal pontu que ninguém mais tolerava o policial e todos torciam por uma reação para por fim ao estado de coisas.
Ante a situação um grupo de pessoas resolveu "dar uma lição em regra" ao militar. Foi traçado, e bem traçado, uni plano para "exemplar" o Picopeu.
Certa noite, sabendo que o atrabiliário estava na Avenida dos Sifães, local onde o mulherio se reunia todas as noites, o grupo vingador pôs em execução o plano, por sinal ousado, já que o local da cena era justamente nas imediações da cadeia pública, numa ampla praça, hoje tomada de casas, em cujo centro estava localizada uma "cacimba". O grupo se "alojou" na improvisada fortaleza e mandou que alguém anunciasse uma briga junto à "fonte". Dado o alarme, Picopeu não esperou pela confirmação. Botou o quépi a "meio-pau" se dirigindo correndo com seu "rabo de galo" desembaiado. Ao chegar ao local da briga foi recebido com uma saraivada de cacete que o deixou completamente desorientado a ponto de perder o rumo do quartel que ficava a uns 20 metros da "batalha". Desapareceu da circulação e ninguém teve mais notícias suas.
Que tal este "remédio" para Tarugo?
Rubens E Silva. Tabu. Canavieiras/BA. 1ª Quinzena de fevereiro 1981
quinta-feira, 11 de junho de 2009
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