quinta-feira, 11 de junho de 2009

Coronel Misael: O “Rei do Cacau”.

RIO — Há 40 anos, falecia aqui no Rio de Janeiro, um dos .construtores do progresso e desenvolvimento de Ilhéus: Cel. Manoel Misael da SilvaTavares, o Rei do. Cacau.

Natural de Sergipe e descendente de família humilde, cedo deixou sua terra, emigrando para a "Princesa do Sul", verdadeiro: "el dourado” para os sergipanos que, nas primeiras décadas do século tomaram, quase de assalto, a Capital do-Cacau,

Trabalhador, persistente e sobretudo econômico .conseguiu em anos de trabalho árduo, considerável fortuna, se tornando um verdadeiro magnata do cacau, desenvolvendo depois, seu capital em empreendimento imobiliário; construindo os mais variados tipos do casas, inclusive "bangalôs", muito em moda nos anos de 1920, até já em 1930 o primeiro "arranha-céu” da cidade, edificado na Praça Firmino do Amaral, além do palacete na Conselheiro Saraiva, verdadeira mansão, hoje modificado, invés de ser transformado em museu.

De pouca instrução mas de uma inteligência, nata, era capaz, conforme voz corrente de traçar normas ao seu genro, o jurista Gileno Amado, para a defesa dos seus interesses em questões jurídicas

Muitas histórias eram contadas acerca da avareza e sutilezas, motivos do crescimento de seus bens. Numa de suas fazendas existia um barracão, para venda de gêneros a seus trabalhadores. Acompanhava o movimento e, constantemente advertia o, empregado para não se esquecer de anotar as compras, autorizando anotar duas vezes o mesmo débito, apenas para confirmar.

Quando da construção do “arranha-céu" na Praça Firmino do Amaral, ao ser advertido pelo saudoso jornalista Carlos Monteiro de que seria melhor construir casas populares, ele respondeu:

— É "seu" Carlos mas terreno para cima" não custa dinheiro!

Sob a alegação de que não teve tempo de estudar, não queria que seus inúmeros filhos deixassem de frequentar escolas indo até as faculdades, o que aconteceu com a maioria que, conseguiu "o canudo de papel". Entretanto, era intransigente com os que não quiseram frequentar os bancos escolares. No caso, apenas dois, se não me falha a mermória. Um se tornou capataz de uma fazenda e o outro, aliás por pouco tempo, foi meu aluno, nas oficinas do "Diário”

O Rei do Cacau não era, em absoluto, aquele sumítico e avesso a colaboração nas campanhas sociais de Ilhéus, onde inclusive chegou a ser seu Intendente (Prefeito), na época das eleições de "bico de bico de pena".

Antes de falecer, o coronel Misael fez uma viagem à França onde ficou por vários dias. No seu regresso além de um moderno automóvel, trouxe para presentear a Filarmônica Santa Cecília nada mais nem menos que um instrumental completo para a tradicional banda.

Como se vê, não era assim tão avaro o Rei do Cacau.

Rubens E Silva. Jornal da Manhã. Ilhéus/BA 26/04/1978

4 comentários:

Unknown disse...

O nome de Misael Tavares estah intimamente ligado ao progresso de Ilheus , construiu o Olheus Hotel que funciona ateh os dias de hoje , ajudou a financiar o Porto , foi o maior exportador individual de cacau da historia , chegou a possuir banco que levava seu nome.Era sem duvida um homem a frente de seu tempo , ajudou muitos com custos de estudos inclusive Jorge Amado que mais tarde homenagiaria o Rei do Cacau em "Gabriela Cravo e Canela".Gostei do blog !!!

Anônimo disse...

Conheci pessoalmente, dona Amélia Tavares Amado, filha do coronel Misael Tavares, mas mais importante pra mim, esposa do Dr. Gileno Amado, o maior líder político da região do cacau, o qual eu tive a honra de conhecer pessoalmente. Eu era funcionário da Prefeitura de Itapé, onde dona Amélia era dona de uma fazenda, a fazenda Santa Amélia, ela estava na companhia de uma sua neta indo buscar a guia do emposto do INCRA, eu entreguei e num rápido bate papo, fiquei registrado em minha mente, esse importante encontro.

Gilberto Mario disse...

Sou neto do Coronel Misael Tavares e nunca vi um texto errar tanto sobre a verdadeira história do Coronel Misael Tavares. Errou ate as origens do Coronel Misael que é filho de Olivença.
O primeiro comentário traz mais informação que a matéria e acha que alguém que foi um banqueiro de sucesso, representante de diversos bancos e seguradoras da capital do Brasil a época o Rio de Janeiro fosse alguém sem nenhuma instrução. Mas há de se entender que alem da verdadeira história e mais que o Rei do Cacau, virou um mito.
Para uma boa matéria é necessário uma pesquisa séria.

Safira disse...

Quando criança morei ao lado de uma das fazenda da família, o Putumuju às margens do rio Almada e da estrada de ferro, primeira metade dos anos 60.
E digo o que vi e vivi, esse tais latifundiários eram verdadeiros exploradores da mão de obra barata e não davam a mínima para as péssimas condições em que viviam as famílias.
Povo sem o mínimo de sensibilidade e empatia, me dá ranço lembrar desses grandes nomes. Eram bons para seus pares e familiares. Que bom que os tempos são outros.
Obs. Escrevo isso hospedado no Ilhéus Hotel, regalia que nenhum trabalhador da época de ouro teve, e, de certa forma os represento