RIO — Nas minhas peregrinações em campanhas por melhores dias para os beneficiários da Previdência Social, que, estão sofrendo, todos os anos, reduções — que já vão além de 50 por cento — nos seus proventos, em relação aos índices oficiais relativos à inflação, tenho tido contato com companheiros dos mais variados credos; políticos e religiosos que, irmanados na nossa luta, emprestam uma colaboração valiosa ao movimento que, infelizmente, não vem apresentando resultados satisfatórios, já que os poderes constituídos fazem «ouvidos de mercador» às nossas justas pretensões.
Direitistas, católicos, esquerdistas, crentes e ateus, participam desta luta, todos defendendo, muitas vezes; com excessivo ardor, a nossa, podemos dizer, sobrevivência não só através de novas leis, mas que as leis existentes não sejam como até agora, desvirtuadas, através de regulamentos e normas elaboradas por técnicos e burocratas, muitos dos quais nunca tiveram contato com os seus dirigidos, para tomarem conhecimento das suas; necessidades.
Acho salutar estas reuniões pelo contato anual com companheiros. O reencontro nos Congressos é uma festa que conforta a todos.
Os debates calorosos na defesa, das teses apresentadas, sempre terminam em suaves «bate-papo» na hora, do recesso, quando confidênciais são reveladas aos companheiros, de fatos ocorridos há tempos, principalmente em campanhas políticas e em defesa das suas ideias.
Ouvir um integralista ressentido ou um comunista arrependido com companheiros desertores é uma constante.
Certa vez, no Rio Grande do Sul, velho companheiro dos primeiros Congressos, me fazia uma profissão de fé Integralista, como fiel seguidor de Plínio Salgado considerado, para ele, um gênio e acreditando que as suas ideias eram salvadoras, e evitariam os acontecimentos de 1964. Nunca se negou a obedecer as 'ordens emanadas do Partido, inclusive investigando e descobrindo responsáveis por determina da ação contra seus chefes.
Porém, o que mais- me impressionou foi o revelado por antigo ativista do Partido Comunista, acobertado pelo nome de Aliança Nacional Libertadora. Elemento de confiança, era uma espécie de«pombo correio», organizando sindicatos na Região Norte com um cognome qualquer.
Teve uma incumbência que diz nunca mais esquecer. Em meados de Novembro de 1935, foi enviado ao Rio Grande do Norte, com ordens expressas de Carlos Prestes para evitar a eminente Intentona do Natal, onde a onda de descontentamento popular era grande, contra o governador Juvenal Lamartine, que tinha, na época, como seu secretário de segurança João Café Filho. Em plena atividade estava na capital potiguar Silo Meireles e Otacílio.
Ao chegar a Natal, o enviado de Prestes foi envolvido pelo movimento e não pode cumprir às ordens do chefe; pois os adversários do governador haviam tomado conta da situação, deixando, inclusive Café Filho sem o apoio do 21º Batalhão de Caçadores, cuja tropa, devido ao atraso do pagamento dos seus soldados, por dois meses, apenas obedecia as ordens do sargento Clementino, enquanto um sapateiro de nome Praxedes, inflamava os trabalhadores sem ser incomodado
Sem ação o velho «pombo correio» se rendeu a evidência e, no dia 24 de Novembro de 1935 ao ouvir o sinal combinado teve que se reunir aos seus companheiros e participar do movimento que durou 4 dias.
Foi destacado para a secretária das finanças e tomar conta do numerário do Estado, autorizando imediatamente o pagamento da tropa que, irmanada com a população tomou conta da cidade
O velho ativista que não conseguiu cumprir o mandado de Prestes, apesar de ter sob seu controle milhares de contos de réis, não se apossou de, um real e lembra de muita gente que ficou rica com o movimento, enquanto o idealista, como o identifico hoje, sobrevive com uma aposentadoria adquirida depois de trinta anos de trabalho na construção civil.
Naturalmente, os dois citados é o que poderíamos chamar de radicais, mas sinceros, roubando uma frase do presidente Geisel.
Rubens E Silva. Jornal da Manhã. Ilhéus/BA 13/09/1979.
quarta-feira, 17 de junho de 2009
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SEMPRE SERÁ MEU ÍDOLO*
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