RIO ─ No principio dos anos 1920 já havia acontecido com "Charleston" e, depois, em várias ocasiões, aconteceu com o "Fox" (que saudades), "Rumba”, "Mambo", "Twist", “Yê-yê-yê” e, há pouco, até com a brasileiríssima "Bossa-Nova", que tiveram que fazer uma "retirada forçada", dada a reação dos apreciadores da boa música brasileira e dos velhos cantores seresteiros e sambistas que num esforço, podemos dizer, sobre-humano, conseguiram a volta dos maravilhosos ritmos das valsas, tangos e sambas, "expulsos" por aqueles, "importados", e impingidos pelas emissoras radiofônicas.
"Sim. Com"a ruidosa "discoteque" A história se repete. Nestes ultimos anos os estridentes ritmos, tomaram
conta da cidade, podemos dizer, de forma violenta, cada a ação dos "disque-joqueis" que, mesmo sabendo a preferência do público comprador de discos, ser "disparada" pela nossa música, só divulga os "importados".
Mas, o que aconteceu com a "Bossa-Nova, com seus "desafinados, acontece agora com ''discoteque", O primeiro. teve que ceder lugar as serestas com a volta a cena dos tradicionais cantores como Sílvio Caldas, Orlando Silva, Gilberto Alves, Carlos Galhardo, Carlos José e Francisco Petrônio que, em São Paulo, manteve, como ainda mantém, seu “”baile da saudade". Com discoteque agora está começando a acontecer o mesmo, dada a vitoriosa investida das "gafieiras", numa reação digna de nota. As popularíssimas casas de danças que estavam de “caixa-baixa”, depois de Uma vitoriosa fase iniciada há mais de 40 anos e ultimamente representada por poucas, inclusive a mais afamada, a "Elite", estão com "força total”. Elas que se espalhavam do centro para os subúrbios, começam a surgir em Copacabana.
É a vitoria da tradicional dança a dois, praticamente desaparecida dos salões, onde os pares, com o estridente ritmo, se rebolam isoladamente fazendo trejeitos alucinantes.
Com as gafieiras, estão voltando os bailes tradicionais, com as valsas e os sambas rasgados ou dolentes, ou mesmo com os tangos e os boleros adotados pelos nossos exímios dançarinos
Quem não se lembra das tradicionais gafieiras do Campo de Santana, Praça Tiradentes, Meier, Penha, Engenho de Dentro, Cascadura, Vila Isabel e muitas outras que a juventude, descontraída se misturava com gente madura exigindo seus dotes artísticos nos vastos salões animados por excelentes conjuntos musicais?
Ao chegar ao outrora Distrito Federal, fui convidado, pelo velho companheiro, Carlos Dias, o "mestre" Carlinhos Barbeiro que jogava de centro-avante no Vitória tendo do lado direito Eustaquinho e Seu-Deixa e na esquerda Neneu e Zeca-Lopeu. No dia aprazado, acompanhado de Aloísio Moreira, também vindo de Ilhéus, nos dirigimos ao Bairro da Saúde, já que a gafieira escolhida foi a do Rancho Recreio das Flores, na esquina do Livramento, na Praça da Harmonia. Ao "adquirirmos os ingressos nos aparece um marinheiro ilheense filho do açougueiro Joaquim Assunção, de nome Tuta, que nos acompanhou se submetendo a tradicional revista, por dois Leões de Chácara.
O amplo salão estava cheio. De vez enquando os pequenos "atritos" naturais em reuniões deste tipo. A certa altura Tuta criou um sério problema quando quis dançar "no peito" com uma dama já comprometida. Resultado o marinheiro desapareceu como por encanto, desguiando do cavalheiro e da despesa.
O Moreira era o mais animado do grupo e toda a vez convidava uma dama para um "drink", onerando a despesa que era para "rachar". No acerto da conta porém o animado companheiro declarou que estava "duro".
O pior. é que quando terminou festa, tivemos de ir a pé para a Central de onde saía o único bonde que, passando pela 1º de Março e Rua Riachuelo, servia para nos deixar em casa.
Mas que a noitada foi boa, não tenho dúvida.
Rubens E Silva. Jornal da Manhã. Ilhéus/BA 06/09/1979
quinta-feira, 11 de junho de 2009
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