quarta-feira, 17 de junho de 2009

Os escoteiros belmontenses em Ilhéus

Àquele não era, efetivaente, o primeiro «raid» .pedestre dos Escoteiros de Belmonte. A meninada belraonten-se ia havia participado da revoada que o saudoso Assis Chateubriand promoveu, na década de 1930, para hastear o pavilhão Nacional, no local, em Santa Cruz; onde foi rezada a primeira missa no Brasil, a 22 de Abril de 1500. Na época, aí em Ilhéus, recebi uma lembrança do acontecimento, representada por um pequeno pedaço do tradicional Pau Brasil. Mas, em 1940, a turma, formada de garotos de 10 a 12 anos, resolveu prestar uma homenagem a Ilhéus, comparecendo em junho daquele ano, as festividades comemorativas, cujo ponto alto eram a ínauguração do Ginásio e do Estádio «Mário Pessoa», realizando uma caminhada de três dias, utilizando transporte, apenas nas passagens dos rios Pardo, Una, Barra Nova e Cachoeíro, este na última travessia Pontal-Ilhéus.

O grupo foi idealizado e formado pelo hoje funcionário aposentado Etelvino Flores, com a colaboração de uma turma de rapazes, dentre os quais tomaram a direção do movimento, que nasceu da Campanha dos Ginásios Gratuitos, responsável pela formação moral e intelectual de grande número de jovens espalhados por este Brasil.

Ainda .me lembro da chegada, na Ponte da Praça Firmino do Amaral, cerca de 12 horas, surpreendendo ao grande número de curiosos, principalmente pelo físico dos Escoteiros que traziam três irmãos, destacados pela particularidade de ser o menor, chamado o Pequeno Polegar, o maior de nome Corinto e a garota da turma chamada Rita.

Ao rufar dos tambores e comandados pelos chefes Darío e Waldeck, marcharam garbosamente para o Grupo Escolar da Praça Castro Alves, onde ficaram aquartelados, com exceção da bandeirante Rita, hospedada em minha residência.

Foi notada a presença animada de um .padre que, com esfusiante alegria participou, segundo nos foi informado de toda a caminhada, dando uma força moral ao grupo.

O prefeito da cidade, dr. Mário Pessoa, prestou integral assistência aos belmontenses, considerados hóspedes oficial de Ilhéus.

No dia da inauguração do Ginásio Municipal, realização do dr. Eusinio Lavigne, terminado sob a gestão do dr. Mário Pessoa, desde cedo, os Escoteiros se dirigiram à Fonte da Cruz, onde. em frente ao Colégio, fizeram várias demonstrações de ginástica, enquanto aguardavam a hora da inauguração. Com a chegada das autoridades os responsáveis pela garotada, informaram que seus componentes estavam preparados para responderem qualquer pergunta sobre história cio Brasil.

Do grupo ilheense, dr. Heitor Dias, hoje senador da República, e naquela oportunidade gerente local da Caixa Económica, se propôs a testar a anunciada capacidade cívica dos lobinhos e, para tal, escolheu justamente o «Pequeno Polegar» cuja idade não passava de 11 anos.

Fez uma pergunta sobre fatos históricos do País. A resposta na «ponta da língua», com detalhes «avançados.» para a idade do sabatinado, motivaram expressivo elogio ao grupo.

Mais tarde, na inauguração do «Estádio Mário Pessoas, sob aplausos da numerosa torcida .os escoteiros fizeram algumas demonstrações de ginástica, que seriam repetidas depois no Quartel da Polícia Militar, convidados que foram pelo seu comando.

A demonstração dos Escoteiros de Belmonte-Ba, refletiu a capacidade cívica e moral dos seus dirigentes que impuseram uma disciplina aos seus comandados, talvez bem difícil nos tempos de hoje.

Rubens E Silva. Jornal da Manhã. Ilhéus/BA 22/12/1978

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