RIO ▬ Primeiro foi na pensão de dona Catarina, na Praça São Jorge, onde dentre outros, conheci Nelson Peixoto, o tabelião; Guimarães escriturário; Lustosa, do Ministério da Viação; Albano, classificador de cacau da firma Hugo Kaufmann e o te!egrafista acerfador de milhar; Navarro. De fato foram estes os primeiros companheiros na minha nova cidade — Ilhéus. Depois "me mandei" para a Ponta de Areia, ficando na Fonte da Cruz junto ao Estádio do Satélite, hoje "Mário Pessoa". Novos companheiros. Ali estavam mestres Eusébio e Alexandrino, companheiros da "opa". O último, pai de Palmer e Seu-deixa, bons jogadores de futebol, principalmente o primeiro um grande meia-direita, que poderia figurar em qualquer combinado do Brasil. Palmer veio para o Coríntians de São Paulo, onde apezar de meus esforços, não consigo localizá-lo. Outro jogador que morava em minha rua, Miss Pírangí um bom médio que formou, por muito tempo, a linha do Satélite; Miss, Mário e Menezes. Lá estavam, com sua quitanda, .Benedito e Feliciana que perderam um filho ;eltrocutado — Guará do Flamengo — nas Usinas da Cia. de Luz e Força, em Castelo Novo. Também moravam Vavá de Ananias e a família do saudoso Junot Almeida, bem como o filósofo Zé Fidélis que, apezar da marcação implacável de D. Rosa, não "dava pelota" para o azar. Não havia a Cidade Nova e a avenida Beira-Mar terminava nas imediações, um pouco mais dístante do Matadouro onde está localizada a sede do Clube Social, ia esquecendo de assinalar as trezenas-dançantes em louvor ao Santo Antônio, promovidas por dona Clara, nurna casa que dava fundos para o velho Campo da Linha.
Da Fonte da Cruz, após o casamento com D. Carminha, fui morar no Alto do Ceará. Novos companheiros. José dos Reis, da Prefeitura e Cecé da Recebedoria de Rendas, José Luiz comandando todos os anos as rezas da filha Rita, em louvor a Santo Antônio durante uma delas nasceu meu primeiro filho. Lá moravam os Benevenutos dos quais me tornei compadre da chefe, dona Alice: uma grande parteira, avalizada pelo Dr. Lopes. Faleceu aqui no Rio no mês passado, com 95 anos. A localização da casa, perto do cemitério, me proporcionava, nas noites chuvosas, evitar a rua que circundava a “última morada” dos ilheenses, que ficava intransitável. Em tais ocasiões, altas horas, passava por dentro do "Campo Santo", já que o seu portão principal ficava aberto, pulava o muro dos fundos perto da minha residência.
Por fim fui morar na Rua do Café numa casa assobradada do mestre de obra Honorato que pretendia comprar Lá aumentei o número de conhecidos.
Na parte alta residia um dos mais renitentes torcedores do Flamengo, o estivador Manoel Caboclo que, no campo, se "aboletava" atraz do gol adversário, cujo goleiro era obrigado a ouvir referências nada amistosas da sua genitora. Também era da rua do Café o ferroviário Zé Gato, maquinista conhecidíssimo tanto quanto o colega Francisco personagem do maíor desastre ferroviário da hstóría do "State", um pouco adeante do corte, nas imediações dos cajueiros de Isldro Lemos. Outro morador da rua era;o alfaiate Eugênio Bezerra, um abstêmio, mestre na fabricação de licor de genipapo, afamado em toda a cidade,. Em frente morava os irmãos que, como para contrariar, torciam para o Vitória, já que Bezerra era Flamengo.
Finalmente o personagem que da título a esta crônica: Pacífico do Amorim Divino. Um.crioulo magricela da quase dois metros de altura. Residia no Café, onde tinha uma vendoia. Palavra mansa, mas temido devido ser "gente do Senador Pessoa, que o empregou na Prefeitura corno porteiro. Gostava de fazer ''diligênciais” durante as rondas da polícia, quando os adversários" da situação levavam a pior, pois quando só era um cordeiro. Nas festas que realizava em sua casa, !á "para as tantas" se armava com uma espada tipo "rabo de galo", dos seus antepassados e começava a "vigiar os. convidados. Vez por outra "Estranhava" um participante que era obrigado a deixar a festa sob a ação, não muita católica do velho Pacifico.
Certa vez quis saber se de fato o vizinho havia morto um rapaz frente a sua residência, depois de urna discussão. A resposta veio rápida:
— Nada Capitão. Foi uma briguinha atoa. O rapaz tirou o canivete e, quando veiu em cima de mim caiu por cima da arma e morreu.
Pode crer que eu nunca fiz mal nem a uma mosca…
Rubens E Silva. Jornal da Manhã. Ilhéus/BA 11/11/1980
quarta-feira, 17 de junho de 2009
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