quarta-feira, 17 de junho de 2009

No tempo da bola quadrada.

RIO — Há dias o cronista José Inácio Werneck, do "Jornal do Brasil", em rápidas considerações, criticou a atuacão do defensor do Flamengo, Rondinelle, pelo. seu exibicionismo, muitas vezes prejudiciais ao seu clube, pois após uma jogada de efeito para a arquibancada, às vezes demora a se recuperar, dando oportunidade a que seu adversário, crie uma situação de .pânico para toda a defeza.

As observações me fez lembrar vsihus jogadores do chamado tempo da bola quadrada, principalmente dos participantes das contendas do Campo da Linha, ali na Fonte da Cruz, hoje ocupado por casas, que formam a Rua da Linha até a Cidade Nova

'Os1 Zefidélis, os Passinhos, os Francelinos, Juventinos, Camilos, Enedinos e tantos outros eram verdadeiras atrações devido as suas espalhafatosas intervenções, alegrando a assistência posta na linha do trem e nos quintais das casas que davam frente para a Avenida Beira-Mar.

Francelino, da Luz e Força com as suas defezas mirabolantes chegava aí é a entusiasmar a assistência, o mesmo acontecendo com o professor Camilo que, invariavelmente, a cada rebatida, se ajoelhava e abria os braços para a torcida sendo na maioria das vezes surpreendido pelos adversários, deixando seu companheiro Joel atrapalhado e impossibilitado de evitar o gol.

Um espetáculo a parte era o Enedino Carteiro, quando recebia um "passe" enfiava a cara no chão e saía aos trancos e barrancos até a linha do fundo. Muitas vezes, pediu desculpas a um poste existente no campo, pensando tratar de um seu marcador.

O mais interessante naquele tempo era que todos aceitaram, sem protesto, o jogo duro e violento com a complascência do juïzs para o delírio da torcida que, por vezes, incentivava a prática de tais atos, sob a justificação de que futebol foi feito para homem.

Devo dizer que a 'violência no futebol não era previlégio dos jogadores, ilheenses, muito pelo contrário, desde quando foi instituído, o futebol, no Brasil, no início do século, com ele surgiu o jogo pesado, principalmeníe da parte dos defensores, na sua maioria gente forte e de boa estatura, que adotava um lema bastante conhecido:

— A bola passa mais o jogador.fiça.

"Hojè íï"coisa não difere em muito apesar das regras virem procurando eliminar a violência quando praticada com intuito de maldade, detalhe este que fica a critério do juiz.

O difícil entretanto é controlar esta situação, uma vez que no decorrer de uma partida de 90 minutes, sempre existirá uma jogada capaz de irritar um adversário que revidará de modo violento, principalmente, se o seu clube estiver perdendo.

Jornal da Manhã. Ilhéus/BA 21/02/1978

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