RIO — De certo, os leitores do JORNAL DA MANHA, pelo título desta crônica, vão pensar, que vou relatar um caso semelhante a. saborosa «Tem àquela do... Termo Emprestado publicada neste jornal em fins de Janeiro último, na qual o bom Otoniel, representou,;muito;bem, a máxima popular do nem "bem no-céu,'nem bem na terra, ou simplesmente daquele que foi preso por ter cão e preso por não, tê-lo.
Mas, apesar de ser um caso de indumentária, esta crônica tem por finalidade Dar um exemplo da impontualidade ou melhor, da falta de palavra de profissionais no cumprimento deas suas obrigações, muitas vezes deixando os fregueses em situação vexatória.
Pedreiros, carpinteiros, sapageiros e, sobretudo alfaiates, na sua maioria, são useiros e vezeiros em deixar sua freguezia «na mão». Quantos deixaram de comparecer a uma festividade qualquer, ou ter de contrariado, usar roupas já batidas, devido a falta de palavra do profissional da tesoura?
Inclusive há alfaiates que não «livrarm a cara» dos seus melhores amigos ou parentes, como o que aconteceu, há anos atrás, quando Emo Duarte viajou para Salvador, onde ia ingressar na Faculdade. Seu avô, o exímio alfaiate Vicente Marsseli, estabelecido na Praça Seabra, se comprometeu em confecionar um terno, cuja fazenda, doada com antecedência, pelo velho Pedro Duarte, pai do futuro advogado, que ficou conhecido internacionalmente devido a sua prisão na Espanha a mando do ditador espanhol, o generalíssimo Francisco Franco, nos idos de 1940.
Mas, mesmo se tratando de um neto, tido-como «do peito», o alfaiate apesar de instado, quase não preparou o terno do Emo que, já. com o navio desatracando do cais da Firmino Amaral,.recebeu a roupa que por.pouco não desaparece, nas águas do Almada. Sim, pois a .entrega foi feita por intermédio do prático.
Aqui no Rio. precisamente em Realengo.para, onde afluiu grande número de "alfaiates, naturalmente os «bolístas» eram numerosos. Muitos deles já se foram dentre os quais o capicnaba Wanoegman Moreira. Um born profissional que instalou .uma oficina na sua residência.
A fama de bom alfaiate fazia com que grande número de locatários procurasse o Moreira e, corn isso a freguesia aumentava o obrigando a contratar um colega para dar vazão as encomendas. Mas o nosso alfaiate, que gostava de «aperitivar» antes do almoço começou a falhar, no cumprimento da entrega das encomendas, ao mesmo tempo em que escasseavam as desculpas. Mesmo assim, não eram poucos os que continuavam lhe dando trabalho.
Certa vez, um velho locatário, o baiano de nome Firmino, elemento bem relacionado no Conjunto, prestativo que era e sempre pronto para «topar» qualquer movimento de solidariedade, resolveu «exemplar» seu amigo Moreira que, naquelas alturas só contava mesmo com um reduzido "número-de fregueses; dos que costumamos chamar de «crentes». O Firmino, que não tinha .«papas na língua, anunciou que iria mandar o Wenoegman costurar uma roupa e tinha certeza de que não seria «passado para trás»
Feita a economia, e já sabendo corn quem estava tratando, Firmino declarou que a sua indumentária deveria ser entregue tal dia, ou seja na véspera da data que realmente queria.
Um dia antes o Moreira a última prova, mas. falhou na. hora da entrega, depois de garantir e. até jurar que cumpriria a palavra Firmino não se alterou quando às 8 horas da,noite do dia marcado não conseguiu levar a roupa e até demonsstrou aceitar a sugestão de que no outro dia, sua indumentária seria entregue, sem falta.
Efetivamente no outro dia aroupa estava pronta. Mas o que fez o baiano:
— Seis horas da manhã do. dia aprazado, mandou seu fiího Joel, munido de marmita com a seguinte ordem:
— Não de trégua ao Moreira e só saia da sua casa com a roupa.
A ordem foi cumprida fielmente a às 16 horas, Joel voltava para a casa com a encomenda pronta.
Rubens E Silva. Jornal da Manhã Ilhéus/BA 11/04/1979
quarta-feira, 17 de junho de 2009
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