“Era um mulato alto, magro, risonho e amável. Chamava-se Januário, possuía dotes artísticos incontestáveis e, além de alfaiate, ainda lhe sobrava tempo e boa vontade para ser presidente de um clube de futebol, porta-estandarte de um cordão carnavalesco, baliza e animador principal do Terno de Gavião. E, assim, aquele cidadão se tornava útil, indispensável mesmo, à terra onde viva — Canavieiras, lá no sul do estado da Bahia".
"... Era assim ,nosso herói alegre, resistente, trabalhador. Tinha — como todos que respiram e pensam — defeitos, virtudes, pontos vulneráveis, fraquezas humanas. Na infância, Januário, atraído pelo aroma dos pães colocados nas janelas dos fregueses e, em particular, por aqueles compridos e torrados, conhecidos, lá, por pães-cacete, praticou a leviandade de se apoderar de alguns dos tais, em dias diferentes e pontes diversos, para despistar o fornecedor e os consumidores. Descoberto no exercício desse mister pouco nobolitante, ficou envergonhado, corrigindo-se, ficando-lhe, porém, para o resto de sua vida tão útil e divertida uma alcunha detestável; passou a ser chamado, pela canalha irreverente: Januário Pão Cacete. Quem quisesse ver nosso amigo furioso, grosseiro, estúpido mesmo, chamasse-o pelo odioso apelido .Perdia a linha irrepreensível mantida com elegância, a cortesia natural e palavrões saiam de seus lábios trêmulos, retumbantes, escandalesos, sujíssimos. Era seu ponto fraco, seu "Calcanhar de Aquiles".
Um dia, ,rapazes e moças da cidade encenaram "Os Dois Sargentos"' velho drama sempre aplaudido. Na noite da representação. Januário, emocionado acompanhava o desenrolar do enredo empolgante, as cenas épicas de d’Aubigny aplaudindo, com entusiasmo vibrante, os finais dos atos...
"A primeira peça, uma comédia leve, foi anunciada. Januário, além cie diretor do conjunto, teria o principal papel. Na estreia falada e comentada na Birindiba e na cidade, o barracão arvorado em teatro estava repleto de espectadores ansiosos pela nova revelação da inteligência poliforme do popular e estimado Januário. Impaciente .ouviu a plateia as pancadas regulamentares e o pano subiu vagarosamente, sem o clássico enguiço dos teatros de amadores. A cena representava o interior de casa burguesa; à direita baixa, nosso amigo de vestes caseiras, barbas imensas, óculos, cabelos grisalhos em desalinho matinal, atitude grave de patriarca em férias. Terminado o sussurro das plateias populares nosso estreante iniciou, calmo, o diálogo com uma moça colocacla à sua esquerda;
— Sim, minha filha, quero uma festa bem organizada; não esqueças o presunto, as conservas, o vinho Bordeaux...
— E o pão cacete, gritou um espectador metido a engraçado.
Uma gargalhada pesada, retumbante, cobriu o dito espirituoso, ferindo o coração do pobre intérprete indefeso. Januário, porém, náo perdeu a atitude de centro nobre. Esperou que terminasse o ruído do riso: olhou para o lado de onde partira o insulto e sem alterar continuou:
— Como dizia, não te esqueças do vinho Bordeaux e... o pão cacete (espanto do público), mas um pão cacete bem grande, e não comam todo. Guardem um pedaço para a mãe daquele cavalheiro... e continuou" com terna comiseração: Pobre senhora! Com um filho daquela ordem, deve passar muita fome...
NOTA — Esta crônica foi compilada do livro de J. Duarte "Vultos Sem História", numa retribuição a publicação, no jornal "O Vigia do Vale", de Almenara cidade de Minas Gerais do Vaie do Jequitinhonha, de Coisas Velhas e Novas, "Duarte e o Piano de Dr. Péricles", no dia 15 de Julho último. Duarte faz parte do corpo de redatores de "O Vigia do Vale". — R.E.S.
Rubens E Silva. Jornal da Manhã. Ilhéus/BA 11/08/1978
sexta-feira, 31 de julho de 2009
Um crime que emocionou Ilhéus.
RIO — O ano era 1934. O mês não me recorde, mas tenho plena certeza de que não havia ainda atingido o primeiro semestre. A cidado mal começara a se movimentar com as casas comerciais iniciando suas atividades, o mesmo acontecendo com os estabelecimentos bancários, na época reduzidos já que as firmas compradoras de cacau possuíam carteiras especialzadas para a movimentação de empréstimos possuindo para isto uma seção bancaria, devidamente autorizada,
De reponte, uma notícia transforma, por completo, a tranquilidade da população; "Um filho do dr, Lopes acaba da ser assassinado". Um verdadeiro impacto, que fez com que a cidade parasse estupefata. Muita gente não acreditando no que ouvia, mas, automaticamente, se dirigindo à Praça Ruy Barbosa, local da tragédia, para constatar a veracidade da notícia, alguns torcendo por um rebate falso, pois duvidavam existir alguém capaz de tirar a vida de um elemento da família do seu ídolo, eu seja do dr. João Batista Soares Lopes.
Mas ao chegar à casa do bom médico, constatava a veracidade da notícia. Lá estava inerte, o corpo do jovem Zeca Lopes, impetuoso ponta esquerda do Vitória, atingido que fora na testa por certeira bala, acionada por um destacado funcionário do Banco do Brasil, seu vizïnho naquela altura já detido pelas autoridades, para evitar fosse o mesmo vítima de uma revanche por parte de populares revoltados.
Soube-se imediatamente que o móvel do crime teria sido desavença entre vizinhos, iniciada dias atrás e cujo desfecho ali estava à vista de todos. As discussões entre as duas famílias, naquela manhã, chegara ao auge, e Zeca, se dirigiu a casa vizinha para tomar satisfações. Estava desarmado, pois acreditava no seu físico. Ao interpelar seu contendor, que se preparava para sair, este, com receio, sacou de um revolver, atingindo a vítima com um só disparo na testa, matando-o quase instantâneamente.
O enterro da vítima se constituiu em um acontecimento raramente verificado na cidade, só repstido quando do falecimento do seu pai, dr. Lopes, cuja cortejo fúnebre foi formado por quase toda a população de Ilhéus, e delegações, de cidades vizinhas.
Mas a tensão, devido ao crime, perdurou por muiío tempo e amainou um pouco após o julgamento do criminoso devido os debates no Tribunal do Júri, cujo resultado apesar da tese de legítima defesa levantada pelo defensor, causou revolta, a quase unanimidade em favor do bancário, isto porque a população achou que o resultado da absolvição, se deveu a um jurado, tido como amigo e era até compadre do dr. Lopes, que votou em favor do criminoso, uma verdadeira traição.
No julgamento um fato que serviu para descontrair um pouco a numerosa assistência. A certa altura, o advogado da defesa de posse do processo, tentou ler um !audo escrito pelo escrcvente Sérgio Miranda e, não conseguindo devido as "garatujas invés de letras", exclamou irritado:
— "Quem deveria estar aqui no banco do réu era este escrivão.
Rubens E Silva. Jornal da Manhã. Ilhéus/BA 05/05/1978
De reponte, uma notícia transforma, por completo, a tranquilidade da população; "Um filho do dr, Lopes acaba da ser assassinado". Um verdadeiro impacto, que fez com que a cidade parasse estupefata. Muita gente não acreditando no que ouvia, mas, automaticamente, se dirigindo à Praça Ruy Barbosa, local da tragédia, para constatar a veracidade da notícia, alguns torcendo por um rebate falso, pois duvidavam existir alguém capaz de tirar a vida de um elemento da família do seu ídolo, eu seja do dr. João Batista Soares Lopes.
Mas ao chegar à casa do bom médico, constatava a veracidade da notícia. Lá estava inerte, o corpo do jovem Zeca Lopes, impetuoso ponta esquerda do Vitória, atingido que fora na testa por certeira bala, acionada por um destacado funcionário do Banco do Brasil, seu vizïnho naquela altura já detido pelas autoridades, para evitar fosse o mesmo vítima de uma revanche por parte de populares revoltados.
Soube-se imediatamente que o móvel do crime teria sido desavença entre vizinhos, iniciada dias atrás e cujo desfecho ali estava à vista de todos. As discussões entre as duas famílias, naquela manhã, chegara ao auge, e Zeca, se dirigiu a casa vizinha para tomar satisfações. Estava desarmado, pois acreditava no seu físico. Ao interpelar seu contendor, que se preparava para sair, este, com receio, sacou de um revolver, atingindo a vítima com um só disparo na testa, matando-o quase instantâneamente.
O enterro da vítima se constituiu em um acontecimento raramente verificado na cidade, só repstido quando do falecimento do seu pai, dr. Lopes, cuja cortejo fúnebre foi formado por quase toda a população de Ilhéus, e delegações, de cidades vizinhas.
Mas a tensão, devido ao crime, perdurou por muiío tempo e amainou um pouco após o julgamento do criminoso devido os debates no Tribunal do Júri, cujo resultado apesar da tese de legítima defesa levantada pelo defensor, causou revolta, a quase unanimidade em favor do bancário, isto porque a população achou que o resultado da absolvição, se deveu a um jurado, tido como amigo e era até compadre do dr. Lopes, que votou em favor do criminoso, uma verdadeira traição.
No julgamento um fato que serviu para descontrair um pouco a numerosa assistência. A certa altura, o advogado da defesa de posse do processo, tentou ler um !audo escrito pelo escrcvente Sérgio Miranda e, não conseguindo devido as "garatujas invés de letras", exclamou irritado:
— "Quem deveria estar aqui no banco do réu era este escrivão.
Rubens E Silva. Jornal da Manhã. Ilhéus/BA 05/05/1978
Um companheiro que não dava confiança ao azar.
RIO — Quando me transferi para a hoje Capital do Estado do Rio de Janeiro, comuniquei aos meus amigos mais chegado o meu endereço, pondo a sua disposição minha casa aqui em Realengo. Em consequência vários companheiros que, como eu, «se mandaram» de Ilhéus em busca de emprego na outrora Cidade Maravilhosa, passaram seus primeiros dias na Falcão da Frota sendo por mim orientados para conseguirem suas primeiras colocações.
Efetivamente, naquela época, havia mais facilidade para se encontrar emprego aqui no Rio, o que não acontece hoje, tendo em vista ao avanço da tecnologia com o aperfeiçoamento do maquinarío, em prejuízo do homem, substituído, com vantagem, para a confecção de trabalhos, dos mais variados.
Me lembro de um colega vindo de Ilhéus e que ao receber o seu primeiro pagamento na Gráfica Heitor Ribeiro, exclamou entusiasmado:
Estou recebendo em uma semana', mais que o meu diretor do Jornal Oficial, em Ilhéus, recebe em um mês. Não sei se era verdade mas, naquele tempo, em 1947 um compositor gráfico era bem remunerado, principalmente quando se dispunha a fazer algumas horas extras.
Mas, dentre os companheiros que fiz questão de dar meu endereço, estava Eustáquio Santos, um alagoano oriundo da Revolução Constitucionalista de São Paulo, em 1932. Na época estava bem instalado na vida, representante de uma importante indústria de desdobramento de álcool, propriedade de verdadeiro "crack" no assuno, chamado Cirilo, com a industria localizada no Largo do Unhão no térreo do Cabaré de João Grande.
Boa conversa, Estáquio conseguiu, no Sul do Estado, bons fregueses, o que representava ótimas comissões.
Nas festas promovidas pela Liga de Dominó 23 de Junho, da qual era diretor, se destacava nos gastos do bar, pagando rodadas para os colegas. Uma espécie de "mão aberta''.
Com o fechamento da industria, nosso amigo sofreu um "revertério",. segundo soube. Pois na época já estava aqui. entretanto, pelaa boas relações, conseguiu uma colocação na Prefeitura, que, entretanto não durou muito.
Certo domingo, fugindo aos meus hábitos de permanecer no Centro Recreativo Industriários de Realengo, do qual era diretor, saí com outros dirigentes para dar uma volta pelo Conjunto. No rápido passeio resolvemos ir até a Estação. Quando íamos subindo a rampa que dá acesso a bilheiteria, divisei na passagem da roleta, o velho companheiro, justamente no momento em que ele me avistava.
Um encontro inesquecível. Eustáquio que foi a Realengo me procurar estava, desesperado, de volta à cidade. Me contou, em poucas palavras, a sua odisséia e o objetivo da minha procura.
Havia chegado três dias antes e estava numa easa de cômodos. No bolso apenas a diária da dormida, numa hospedaria na Praça da Bandeira. Procurei tranquilizá-lo, prometendo resolver o problema da hospedagem, solucionado depois do almoço, quando consegui vaga na Pensão de d. Lucinda, na Rua do Ouvidor, onde era bastante conhecido.
Cedo, no outro dia, graças ao ''Jornal do Brasil", Eustáquio já era encaixotador da Fundição Indígena, na Rua Camerino. Depois montou uma pequena ofícina de concerto de calçados e terminou, como feirante.
Com todos os percalços nunca vi Eustáquio reclamar da vida. Um sorriso, nunca faltava, mesmo nos piores momentos, como o acotecido com a inesperada chegada da família ou desvio sofrido com à chegada do sogro, lhes prometendo "mundos e fundos', quando ele começava a se equilibrar.
Estava sempre preparado para começar tudo de novo.
Faleceu há anos na longínqua Engenheiro Pedreira e o seu sepultamento foi um dos mais concorridos da localidade.
Rubens E Silva. Jornal da Manhã. Ilhéus/BA 07/03/1979
Efetivamente, naquela época, havia mais facilidade para se encontrar emprego aqui no Rio, o que não acontece hoje, tendo em vista ao avanço da tecnologia com o aperfeiçoamento do maquinarío, em prejuízo do homem, substituído, com vantagem, para a confecção de trabalhos, dos mais variados.
Me lembro de um colega vindo de Ilhéus e que ao receber o seu primeiro pagamento na Gráfica Heitor Ribeiro, exclamou entusiasmado:
Estou recebendo em uma semana', mais que o meu diretor do Jornal Oficial, em Ilhéus, recebe em um mês. Não sei se era verdade mas, naquele tempo, em 1947 um compositor gráfico era bem remunerado, principalmente quando se dispunha a fazer algumas horas extras.
Mas, dentre os companheiros que fiz questão de dar meu endereço, estava Eustáquio Santos, um alagoano oriundo da Revolução Constitucionalista de São Paulo, em 1932. Na época estava bem instalado na vida, representante de uma importante indústria de desdobramento de álcool, propriedade de verdadeiro "crack" no assuno, chamado Cirilo, com a industria localizada no Largo do Unhão no térreo do Cabaré de João Grande.
Boa conversa, Estáquio conseguiu, no Sul do Estado, bons fregueses, o que representava ótimas comissões.
Nas festas promovidas pela Liga de Dominó 23 de Junho, da qual era diretor, se destacava nos gastos do bar, pagando rodadas para os colegas. Uma espécie de "mão aberta''.
Com o fechamento da industria, nosso amigo sofreu um "revertério",. segundo soube. Pois na época já estava aqui. entretanto, pelaa boas relações, conseguiu uma colocação na Prefeitura, que, entretanto não durou muito.
Certo domingo, fugindo aos meus hábitos de permanecer no Centro Recreativo Industriários de Realengo, do qual era diretor, saí com outros dirigentes para dar uma volta pelo Conjunto. No rápido passeio resolvemos ir até a Estação. Quando íamos subindo a rampa que dá acesso a bilheiteria, divisei na passagem da roleta, o velho companheiro, justamente no momento em que ele me avistava.
Um encontro inesquecível. Eustáquio que foi a Realengo me procurar estava, desesperado, de volta à cidade. Me contou, em poucas palavras, a sua odisséia e o objetivo da minha procura.
Havia chegado três dias antes e estava numa easa de cômodos. No bolso apenas a diária da dormida, numa hospedaria na Praça da Bandeira. Procurei tranquilizá-lo, prometendo resolver o problema da hospedagem, solucionado depois do almoço, quando consegui vaga na Pensão de d. Lucinda, na Rua do Ouvidor, onde era bastante conhecido.
Cedo, no outro dia, graças ao ''Jornal do Brasil", Eustáquio já era encaixotador da Fundição Indígena, na Rua Camerino. Depois montou uma pequena ofícina de concerto de calçados e terminou, como feirante.
Com todos os percalços nunca vi Eustáquio reclamar da vida. Um sorriso, nunca faltava, mesmo nos piores momentos, como o acotecido com a inesperada chegada da família ou desvio sofrido com à chegada do sogro, lhes prometendo "mundos e fundos', quando ele começava a se equilibrar.
Estava sempre preparado para começar tudo de novo.
Faleceu há anos na longínqua Engenheiro Pedreira e o seu sepultamento foi um dos mais concorridos da localidade.
Rubens E Silva. Jornal da Manhã. Ilhéus/BA 07/03/1979
A morte de um astro brasileiro.
RIO — Com quase 81 anos de idade, acaba de falecer João Álvaro de Quental Ferreira, o popularíssimo Procópio Ferreira que, por cerca de 60 anos, participou intensamente da vida artística do país, como ator, autor, empresário c proprietário de Companhia de Teatro.
Procópio Ferreira foi o artista brasileiro que mais viajou e talvez, o que visitou todas as principais cidades do Brasil e do exterior, levando seu indiscutível talento e recebendo os mais entusiásticos aplausos e elogios da imprensa nacional e internacional, onde demonstrou a sua versatilidade, desempenhando os mais variados papéis, do comediante ao dramático.
Os jornais de todo o país publicaram necrológios, enaltecendo a vida artística daquele que, aos dezesseis anos de idade, estreava profissionalmente no teatro, depois de ter abandonado o convívio da família, fugindo as exigências do seu pai, na época dono de um estabelecimento comercial.
O corpo do artista foi velado no Teatro Municipal, onde foi visitado por milhares de pessoas, dentre as quais personalidades do mundo artístico, social, eclesiástico e político. A municipalidade decretou feriado, para assinalar seu pesar pelo falecimento.
A saída do féretro, da tradicional casa de espetáculos, os milhares de pessoas que lotavam a Cinelândia, tributaram ao velho artista, uma emocionante homenagem — raríssimas vezes verificadas em casos idênticos —que consistiu numa calorosa salva de palmas, repetindo naturalmente as que o «astro» estava acostumado a receber nas suas apresentações.
Dentre as milhares de peças representadas por Procópio, uma se destacava com a particularidade de ter sido feita para o artista. Era o «Deus Lhe Pague», do intelectual dramaturgo Joraci Camargo. Dizem os jornais que Procópio a representou cerca de três mil vezes «Deus Lhe Pague» foi feito especialmente para Procópio Ferreira e, invariavelmente, constava dos programas de suas apresentações, quase sempre por imposição da própria assistência.
Como não podia deixar de ser, Ilhéus também assistiu, na década de 30, a peça, encenada também em vários países e considerada a pioneira, no teatro, de crítica social, que se fazia na época. Mas Ilhéus nesta apresentação, não contou com a presença do extraordinário artista recem-falecido, que, por motivo particular, estava «indisposto», com Joraci Camargo que, com raro brilhantismo, substituiu o «astro» e criador do papel principal da peça, um mendigo, em torno do qual se desenvolvia a história do imortal escritor.
Lembro-me deste detalhe devido às constantes visitas de Joraci Camargo a redação do «Diário da Tarde» para manter diálogo com Octávio Moura e Carlos Monteiro, este de traços fisionômicos iguais ao autor. Nos encontros, sempre surgiam anedotas sobre os mais diversos temas, especialmente o político.
Certa vez assisti um destes «papéis» na redação do tradicional jornal, encerrando com aquele «sabe da última?».
O saudoso Presidente Getulio Vargas, depois da Revolução Constitucionalista, promovida por São Paulo, resolveu modificar as normas que vinha adotando na sua política e anunciou a modificação do sistema da eleição que passaria a ser secreta. Na reformulação e depois da eleição, o presidente teve que modificar seu ministério, iniciando por afastar o então ministro da justiça que, se não me engano, era Agamenon Magalhães. Nomeou para responder interinamente a pasta, o ministro Marcondes Filho, titular do Ministério do Trabalho.
Alguém estranhou a atitude do Presidente, lembrando o trabalho de Marcondes Filho para responder por . dois ministérios.
Getúlio com àquela calma que Deus lhe deu, respondeu:
— Não se preocupe. Não vai haver muito trabalho, pois no Ministério da Justiça não há trabalho e no Ministério do Trabalho não há justiça.
Rubens E Silva. Jornal da Manhã. Ilhéus/BA 04/07/1979
Procópio Ferreira foi o artista brasileiro que mais viajou e talvez, o que visitou todas as principais cidades do Brasil e do exterior, levando seu indiscutível talento e recebendo os mais entusiásticos aplausos e elogios da imprensa nacional e internacional, onde demonstrou a sua versatilidade, desempenhando os mais variados papéis, do comediante ao dramático.
Os jornais de todo o país publicaram necrológios, enaltecendo a vida artística daquele que, aos dezesseis anos de idade, estreava profissionalmente no teatro, depois de ter abandonado o convívio da família, fugindo as exigências do seu pai, na época dono de um estabelecimento comercial.
O corpo do artista foi velado no Teatro Municipal, onde foi visitado por milhares de pessoas, dentre as quais personalidades do mundo artístico, social, eclesiástico e político. A municipalidade decretou feriado, para assinalar seu pesar pelo falecimento.
A saída do féretro, da tradicional casa de espetáculos, os milhares de pessoas que lotavam a Cinelândia, tributaram ao velho artista, uma emocionante homenagem — raríssimas vezes verificadas em casos idênticos —que consistiu numa calorosa salva de palmas, repetindo naturalmente as que o «astro» estava acostumado a receber nas suas apresentações.
Dentre as milhares de peças representadas por Procópio, uma se destacava com a particularidade de ter sido feita para o artista. Era o «Deus Lhe Pague», do intelectual dramaturgo Joraci Camargo. Dizem os jornais que Procópio a representou cerca de três mil vezes «Deus Lhe Pague» foi feito especialmente para Procópio Ferreira e, invariavelmente, constava dos programas de suas apresentações, quase sempre por imposição da própria assistência.
Como não podia deixar de ser, Ilhéus também assistiu, na década de 30, a peça, encenada também em vários países e considerada a pioneira, no teatro, de crítica social, que se fazia na época. Mas Ilhéus nesta apresentação, não contou com a presença do extraordinário artista recem-falecido, que, por motivo particular, estava «indisposto», com Joraci Camargo que, com raro brilhantismo, substituiu o «astro» e criador do papel principal da peça, um mendigo, em torno do qual se desenvolvia a história do imortal escritor.
Lembro-me deste detalhe devido às constantes visitas de Joraci Camargo a redação do «Diário da Tarde» para manter diálogo com Octávio Moura e Carlos Monteiro, este de traços fisionômicos iguais ao autor. Nos encontros, sempre surgiam anedotas sobre os mais diversos temas, especialmente o político.
Certa vez assisti um destes «papéis» na redação do tradicional jornal, encerrando com aquele «sabe da última?».
O saudoso Presidente Getulio Vargas, depois da Revolução Constitucionalista, promovida por São Paulo, resolveu modificar as normas que vinha adotando na sua política e anunciou a modificação do sistema da eleição que passaria a ser secreta. Na reformulação e depois da eleição, o presidente teve que modificar seu ministério, iniciando por afastar o então ministro da justiça que, se não me engano, era Agamenon Magalhães. Nomeou para responder interinamente a pasta, o ministro Marcondes Filho, titular do Ministério do Trabalho.
Alguém estranhou a atitude do Presidente, lembrando o trabalho de Marcondes Filho para responder por . dois ministérios.
Getúlio com àquela calma que Deus lhe deu, respondeu:
— Não se preocupe. Não vai haver muito trabalho, pois no Ministério da Justiça não há trabalho e no Ministério do Trabalho não há justiça.
Rubens E Silva. Jornal da Manhã. Ilhéus/BA 04/07/1979
Um beletrista belmontense.
Dário dos Santos, autor deste trabalho, é conhecido poeta-escritor, domiciliado em Belo Horizonte. Exator aposentado, tem alguns livros publicados e é assíduo colaborador do “Anuário de Poetas do Brasil", organizado por Aparício Fernandes que, certa vez mencionei em Coisas Velhas e Novas" como verdadeiro amigo dos poetas. — Rubens E, Silva,
"A modéstia é, antes de mais nada, uma grande virtude. Mas acreditamos que tal qualidade, na prática, deve ser cultivada até certo ponto, isto porque achamos que não é aconselhável adotar-se a referida com excesso, já que tal critério torna-se, muitas e muitas vezes, prejudicial a quem assim procede.
Após havermos feito essa pequena elucidação acima, isto é, de modo totalmente impessoal, vimos, agora, objetivar alguém, pessoa na qual dito conceito muito bem se amolda transformando-o em uma bela carapuça certinha à sua cabeça. Queremos falar sobre o nosso prezadíssimo conterrâneo: Octávio Marinho da Costa muito mais conhecido em a nossa querida terra, Belmonte-BA, pelo carinhoso apelido familiar de TAZINHO. É um cidadão inteligente, possui um certo grau de cultura, esta que ele faz questão de ofuscá-la não tornando-a exteriorizada, satisfazendo, assim, o seu gênio um tanto introspectivo.
O nosso conterrâneo, por uma daquelas imposições do Rei Destino, jamais arredou pé, da cidade que o viu nascer, em busca de outras plagas à procura de melhores dias na vida comum.
Conhecemos o Tazinho desde a nossa infância; na nossa faixa etária, há uma diferença de poucos anos, sendo ele mais moço. Quanto ao seu curso primário, acho que foi feito nas escolas mais próximas a sua residência. Imutável, cujas professoras eram: D. Damiana, D. Adalgisa e D. Heroína; é possível, ainda, que ele tenha tido a felicidade de, ter sido discípulo do baluarte do ensino primário belmontense, Professor Lúcio Coelho Júnior, saudosamente sempre lembrado.
Ainda multo cedo, ele se propendeu para o violão, instrumento que hoje o executa com real agrado. Porque gostávamos, também, de "puxar ou marretar as cordas", fizemos juntos: boas serenatas em noites plenilúnias! Tocamos em muitas batucadas, cordões e bandas carnavalescas; tocamos, também, em muitos "brods" em casas de amigos, à guisa de aniversários, casamentos, batizados e quejandos. Mas seria de nossa parte, uma falta sem tamanho, se não mencionássemos, aqui, dois nomes cujas pessoas sempre estiveram ligados a nós, em todos esses momentos alegres como acima citados: Osvaldo Cabral, hoje vivendo em Salvador, e Celso Nabor dos Santos (o Jucá Nabor) já falecido.
Sempre propendente às letras, o nosso Tazinho, com a passar dos tempos, começou a rabiscar as idéias que se lhes afluíam na mente; organizando seus ensaios literários, mesclados em prosa e em versos. Porém, sendo irmão da Sosígenes Costa, famoso poeta belmontense de grata memória, mas que, por índole, talvez, não gostava muito de dar divulgação às suas obras, o nosso focalizado assim, também, procedia com alusão às suas produções, no que achamos deveria ser ao contrário.
Ainda rapazinho, como o Irmão Sosígenes, Tazinho também trabalhou como telegrafista. Somente muito tempo depois foi que passou a ser bancário, profissão na qual, segundo pensamos, foi aposentado.
Mas, em meio à turma, ele era sempre introspectivo. Se alguém, brincando, arranjava-lhe uma namorada, ele se zangava mostrando-se arredio às hostes do amor. — Mas é que Cupido é fogo! — Eis que o Tazinho viera a se casar com aquela que era sua vizinha, desde e tenra idade, a senhorita Lulu, dileta filha do Dr. Carvalho, hoje a grande senhora Octávio Marinho da Costa, cujo casal, na sociedade belmontense, vive exemplarmente acercado de seus prezados constituídos.
Vejam, dele o soneto abaixo que, sem a sua permissão, deliberarmo-nos publicar, no qual ele fala, com sentimento afetivo, das três árvores que, em tempos passados, ornamentavam a praça da Matriz, em a nossa Belmonte:
O TRIO VERDE DA MATRIZ
TAMARINDEIRO, viste-me nascer,
me viste tuas tâmaras haurindo.
MANGUEIRA, víste-me passar sorrindo
rumo à escola, ali perto, pra aprender.
Oh! AMENDOEIRA, viste-me bolindo
nos teus ramos com pedras pra colher
o teu fruto agri-doce com prazer.
Tuas copas debaixo do céu lindo,
espargiam a paz de doce alfombra
do teu deserto em cuja meiga sombra
Brincava alegre a meninada! Quedos
Troncos!… Oh!… Verde trio em minha terra
é no teu verde solo que se encerra
o tempo mais feliz dos meus brinquedos.
Rubens E Silva. Jornal da Manhã. Ilhéus/BA 10/11/1980
"A modéstia é, antes de mais nada, uma grande virtude. Mas acreditamos que tal qualidade, na prática, deve ser cultivada até certo ponto, isto porque achamos que não é aconselhável adotar-se a referida com excesso, já que tal critério torna-se, muitas e muitas vezes, prejudicial a quem assim procede.
Após havermos feito essa pequena elucidação acima, isto é, de modo totalmente impessoal, vimos, agora, objetivar alguém, pessoa na qual dito conceito muito bem se amolda transformando-o em uma bela carapuça certinha à sua cabeça. Queremos falar sobre o nosso prezadíssimo conterrâneo: Octávio Marinho da Costa muito mais conhecido em a nossa querida terra, Belmonte-BA, pelo carinhoso apelido familiar de TAZINHO. É um cidadão inteligente, possui um certo grau de cultura, esta que ele faz questão de ofuscá-la não tornando-a exteriorizada, satisfazendo, assim, o seu gênio um tanto introspectivo.
O nosso conterrâneo, por uma daquelas imposições do Rei Destino, jamais arredou pé, da cidade que o viu nascer, em busca de outras plagas à procura de melhores dias na vida comum.
Conhecemos o Tazinho desde a nossa infância; na nossa faixa etária, há uma diferença de poucos anos, sendo ele mais moço. Quanto ao seu curso primário, acho que foi feito nas escolas mais próximas a sua residência. Imutável, cujas professoras eram: D. Damiana, D. Adalgisa e D. Heroína; é possível, ainda, que ele tenha tido a felicidade de, ter sido discípulo do baluarte do ensino primário belmontense, Professor Lúcio Coelho Júnior, saudosamente sempre lembrado.
Ainda multo cedo, ele se propendeu para o violão, instrumento que hoje o executa com real agrado. Porque gostávamos, também, de "puxar ou marretar as cordas", fizemos juntos: boas serenatas em noites plenilúnias! Tocamos em muitas batucadas, cordões e bandas carnavalescas; tocamos, também, em muitos "brods" em casas de amigos, à guisa de aniversários, casamentos, batizados e quejandos. Mas seria de nossa parte, uma falta sem tamanho, se não mencionássemos, aqui, dois nomes cujas pessoas sempre estiveram ligados a nós, em todos esses momentos alegres como acima citados: Osvaldo Cabral, hoje vivendo em Salvador, e Celso Nabor dos Santos (o Jucá Nabor) já falecido.
Sempre propendente às letras, o nosso Tazinho, com a passar dos tempos, começou a rabiscar as idéias que se lhes afluíam na mente; organizando seus ensaios literários, mesclados em prosa e em versos. Porém, sendo irmão da Sosígenes Costa, famoso poeta belmontense de grata memória, mas que, por índole, talvez, não gostava muito de dar divulgação às suas obras, o nosso focalizado assim, também, procedia com alusão às suas produções, no que achamos deveria ser ao contrário.
Ainda rapazinho, como o Irmão Sosígenes, Tazinho também trabalhou como telegrafista. Somente muito tempo depois foi que passou a ser bancário, profissão na qual, segundo pensamos, foi aposentado.
Mas, em meio à turma, ele era sempre introspectivo. Se alguém, brincando, arranjava-lhe uma namorada, ele se zangava mostrando-se arredio às hostes do amor. — Mas é que Cupido é fogo! — Eis que o Tazinho viera a se casar com aquela que era sua vizinha, desde e tenra idade, a senhorita Lulu, dileta filha do Dr. Carvalho, hoje a grande senhora Octávio Marinho da Costa, cujo casal, na sociedade belmontense, vive exemplarmente acercado de seus prezados constituídos.
Vejam, dele o soneto abaixo que, sem a sua permissão, deliberarmo-nos publicar, no qual ele fala, com sentimento afetivo, das três árvores que, em tempos passados, ornamentavam a praça da Matriz, em a nossa Belmonte:
O TRIO VERDE DA MATRIZ
TAMARINDEIRO, viste-me nascer,
me viste tuas tâmaras haurindo.
MANGUEIRA, víste-me passar sorrindo
rumo à escola, ali perto, pra aprender.
Oh! AMENDOEIRA, viste-me bolindo
nos teus ramos com pedras pra colher
o teu fruto agri-doce com prazer.
Tuas copas debaixo do céu lindo,
espargiam a paz de doce alfombra
do teu deserto em cuja meiga sombra
Brincava alegre a meninada! Quedos
Troncos!… Oh!… Verde trio em minha terra
é no teu verde solo que se encerra
o tempo mais feliz dos meus brinquedos.
Rubens E Silva. Jornal da Manhã. Ilhéus/BA 10/11/1980
Um acidente providencial.
RIO — Lamentável, sobre todos os aspectos, a atitude do jogador Neca, do São Paulo, atingindo violentamente o atleticano Ângelo no final do jogo decisivo do Campeonato Brasileiro, inutilizando-o por vários meses, segundo os prognósticos, o atleta mineiro:que depois:de atingido, recebeu outra agressão do extraordinário Chicão, uma das principais, peças do quadro paulistaf
A reação natural do Atlético, inclusive promovendo um processo críminal contra Ângelo e' Chicão, é plenamente justificadaa e tem.como obietivo dar um basta a violência no futebol, muitas vezes praticada devido a complacência dos árbitros.
Não creio entretanto, que o clube mineiro tenha êxito, tentado muitas, vezes, por outros clubes, sem o resultado desejado, porque, uma jogada intencional, no calor do jogo, é tomada como proposital, surgindo a ideia, do revide, que se generaliza, transfarmando a partida em verdadeira batalha, com resultados imprevisíveis.
Pernas, clavículas, tornozelos, tíbias, rótulas quebradas ou fraturadas tem sido uma constante no" futebol. Certa vez o famoso Zizinho foi processado, por ter quebrado a perna do paulista Agostinho, numa reação idêntica a da fampilia atleticana. " Em toda a pairte se tem registrado acidentes durante jogos' que tiram jogadores de suas ativídades por longos períodos, ou mesmo pelo resto da sua'' vida. Felizmente nestes casos' são poucos os atingidos. Em Ilhéus, o franzino Mário Tourinho, se defendendo maliciosamento de uma entrada do zagueiro França, inutilizou o valente beque do Flamengo. Entretanto há inúmeros casos de recuperação como o de Mirandinha.
Também existem casos em que o atingido encontra a felicidade, como do meu saudoso amigo João Carmênio da Silva, mais conhecido pela alcunha de João de Guedes. Era um simples balconista tipo boa praça”. Morava no estabelecimento onde trabalhava e recebia pequeno “pró-labore”
Certa vez seus amigos o chamaram para participar de; uma partida de futebol. E apenas para completar o “onze” pois a sua habïlidacíe futebolística era abaixo de zero.
Na disputa de uma, jogada a Carmênio é atingido e do choque resulta a fratura exposta da perna. Efetivamente não podia ficar na venda e o jeito foi procurar, uma pessoa que tratasse do atleta improvisado. Uma bondosa senhora o acolheu tratando-o com eficiência. Deste contato nasceu uma confiança da anfitriã ao frustrado jogador que ficou encarregado de gerir os bens de sua.protetora.
Como a senhora não tinha dependentes, deixou seus haveres para o João Guedes que, com sua capacidade administrativa, dentro em pouco se tornou um abastado fazendeiro.
Para ele o acidente foi providencial.
Rubens E Silva. Jornal da Manhã. Ilhéus/BA 22/03/1978
A reação natural do Atlético, inclusive promovendo um processo críminal contra Ângelo e' Chicão, é plenamente justificadaa e tem.como obietivo dar um basta a violência no futebol, muitas vezes praticada devido a complacência dos árbitros.
Não creio entretanto, que o clube mineiro tenha êxito, tentado muitas, vezes, por outros clubes, sem o resultado desejado, porque, uma jogada intencional, no calor do jogo, é tomada como proposital, surgindo a ideia, do revide, que se generaliza, transfarmando a partida em verdadeira batalha, com resultados imprevisíveis.
Pernas, clavículas, tornozelos, tíbias, rótulas quebradas ou fraturadas tem sido uma constante no" futebol. Certa vez o famoso Zizinho foi processado, por ter quebrado a perna do paulista Agostinho, numa reação idêntica a da fampilia atleticana. " Em toda a pairte se tem registrado acidentes durante jogos' que tiram jogadores de suas ativídades por longos períodos, ou mesmo pelo resto da sua'' vida. Felizmente nestes casos' são poucos os atingidos. Em Ilhéus, o franzino Mário Tourinho, se defendendo maliciosamento de uma entrada do zagueiro França, inutilizou o valente beque do Flamengo. Entretanto há inúmeros casos de recuperação como o de Mirandinha.
Também existem casos em que o atingido encontra a felicidade, como do meu saudoso amigo João Carmênio da Silva, mais conhecido pela alcunha de João de Guedes. Era um simples balconista tipo boa praça”. Morava no estabelecimento onde trabalhava e recebia pequeno “pró-labore”
Certa vez seus amigos o chamaram para participar de; uma partida de futebol. E apenas para completar o “onze” pois a sua habïlidacíe futebolística era abaixo de zero.
Na disputa de uma, jogada a Carmênio é atingido e do choque resulta a fratura exposta da perna. Efetivamente não podia ficar na venda e o jeito foi procurar, uma pessoa que tratasse do atleta improvisado. Uma bondosa senhora o acolheu tratando-o com eficiência. Deste contato nasceu uma confiança da anfitriã ao frustrado jogador que ficou encarregado de gerir os bens de sua.protetora.
Como a senhora não tinha dependentes, deixou seus haveres para o João Guedes que, com sua capacidade administrativa, dentro em pouco se tornou um abastado fazendeiro.
Para ele o acidente foi providencial.
Rubens E Silva. Jornal da Manhã. Ilhéus/BA 22/03/1978
SPC ─ O terror dos marreteiros.
RIO — O Serviço de Proteção ao Crédito, como entidade jurídica, é uma instituição relativamente nova. Creio não tem 20 anos. A sua criação se deve face ao crescimento desmensurado dcs caloteiros, ou seja dos maus pagadores. Tinha mesmo de ser criado um órgão defensor dos comerciantes e sua ampliação, por todo o país, é plenamente justificada.
Os vendedores ambulantes, os "mascates", devem ter sido mentores ou idealizadores de tão utilíssimo serviço verdadeiro terror dos "marreteiros"'. uma classe nociva e constituída de verdadeiros "artistas" na arte de “engrupir” os incautos ou mesmo os mais perspicaz dos cidadãos. E o caso de perguntar. Quem escapa de uma boa conversa?
Desde jovem conheço e até lido com vendedores ambulantes. Na minha terrinha da região sulina da Bahia, Belmonte, entre os "mascates", conheci uma dupla vendedora de jóias, Josino e Cosme Ourives, além de outros vendedores que ainda usavam "matraca para se fazer anunciar. Aliás o Cosme, sempre bem trajado e um pouco sisudo, era por demais católico de uma beatice extremada. Nas festas religiosas, fossem interna ou externas, sempre demonstrava a sua religiosidade, que vestindo a roupa para acompanhar as procissões ou quando eventualmente auxiliava o santo ofício da missa. A qualquer rumor mais acentuado na igreja demonstrava, com um olhar penetrante, a sua desaprovação.
O extremado respeito aos santos era exposto quando das festas juninas, em que fazia questão de aclamar os santos com um respeitoso "Viva Senhor São João ou São Pedro", o mesmo fazendo com o popularíssimo Santo Antônio. Lembro saudosamente do primeiro representante da Singer, Armando Liger da Rocha que vendeu, a prestação, uma máquina de costura, a minha saudosa mãe, por dois mil réis mensais.
Mas, vamos ao objetivo desta crônica que é falar sobre o Serviço de proteção ao Crédito que não é tão novo como parece, pois ele vinha existindo há anos, em caráter privado, ou melhor sigilosamente.
Sabemos que os judeus são tidos como os inventores das vendas a prestação. E neste ramo, na maioria das vezes, conseguem prosperar. Aí em Ilhéus, nos velhos tempos, tínhamos dentre outros, Jayme Sckraibe, Arnaldo, Zizemberber e Jacob, estabelecidos em diversos ramos de negócio, principalmente em móveis. Nas ruas estavam o Marcos e o "Camono”, velhos conhecidos na região cacaueira. Certa vez encontrei "Camone" numa cidadezinha do interior convencendo um "freguês" a comprar um corte de fazenda. Foi uma cena inuzitada. O mascote empregava um dialeto incompreensível, misturado de mímicas, como se estivesse chegado recentemente ao Brasil. Ao me ver fez um sinal claramente compreensível.
Porém, a minha convicção de que o Serviço de Proteção ao Crédito não é tão novo assim, foi motivada por um encontro casual, nos idos dos 1940, com Marcos, um vendedor ambulante judeu, que conhecia aí de Ilhéus. Passava pela frente a minha residência quando o chamei para um cafezinho. Do café surgiu animado "papo" das coisas da outrora "Princeza do Sul". Recordações dos disputas em dados, das cervejas e chocolates, nos bares da Firmino Amaral.
Como não podia deixar de ser, a certa altura perguntei eo Marcos o motivo do passeio a Realengo. Negócios respondeu o Marcos, mais precisamente, cobranças. Neste assunto o velho companheiro passou a desenvolver a sua atividade, até que curioso lhe perguntei como os ambulantes seus patrícios se livravam dos calotes. Surpreendentemente Marcos" tira dos bolsos duas relações de nomes e, sem mais delongas, foi dizendo: "Esta só tem cano de ferro", ou seja maus pagadores. Não queira nada com eles. Mas esta está constituída de gente boa. Pode fazer qualquer negócio com qualquer uma desta lista.
Como vê, está provado que os gringos, há anos, mantinham seu serviço de proteção ao crédito.
E olhe lá. Dizem que eles recebem como primeira prestação de sua venda, o equivalente ao preço da mercadoria vendida. O resto, tudo é lucro.
Jornal da Manhã Ilhéus/BA 10/04/1979
Os vendedores ambulantes, os "mascates", devem ter sido mentores ou idealizadores de tão utilíssimo serviço verdadeiro terror dos "marreteiros"'. uma classe nociva e constituída de verdadeiros "artistas" na arte de “engrupir” os incautos ou mesmo os mais perspicaz dos cidadãos. E o caso de perguntar. Quem escapa de uma boa conversa?
Desde jovem conheço e até lido com vendedores ambulantes. Na minha terrinha da região sulina da Bahia, Belmonte, entre os "mascates", conheci uma dupla vendedora de jóias, Josino e Cosme Ourives, além de outros vendedores que ainda usavam "matraca para se fazer anunciar. Aliás o Cosme, sempre bem trajado e um pouco sisudo, era por demais católico de uma beatice extremada. Nas festas religiosas, fossem interna ou externas, sempre demonstrava a sua religiosidade, que vestindo a roupa para acompanhar as procissões ou quando eventualmente auxiliava o santo ofício da missa. A qualquer rumor mais acentuado na igreja demonstrava, com um olhar penetrante, a sua desaprovação.
O extremado respeito aos santos era exposto quando das festas juninas, em que fazia questão de aclamar os santos com um respeitoso "Viva Senhor São João ou São Pedro", o mesmo fazendo com o popularíssimo Santo Antônio. Lembro saudosamente do primeiro representante da Singer, Armando Liger da Rocha que vendeu, a prestação, uma máquina de costura, a minha saudosa mãe, por dois mil réis mensais.
Mas, vamos ao objetivo desta crônica que é falar sobre o Serviço de proteção ao Crédito que não é tão novo como parece, pois ele vinha existindo há anos, em caráter privado, ou melhor sigilosamente.
Sabemos que os judeus são tidos como os inventores das vendas a prestação. E neste ramo, na maioria das vezes, conseguem prosperar. Aí em Ilhéus, nos velhos tempos, tínhamos dentre outros, Jayme Sckraibe, Arnaldo, Zizemberber e Jacob, estabelecidos em diversos ramos de negócio, principalmente em móveis. Nas ruas estavam o Marcos e o "Camono”, velhos conhecidos na região cacaueira. Certa vez encontrei "Camone" numa cidadezinha do interior convencendo um "freguês" a comprar um corte de fazenda. Foi uma cena inuzitada. O mascote empregava um dialeto incompreensível, misturado de mímicas, como se estivesse chegado recentemente ao Brasil. Ao me ver fez um sinal claramente compreensível.
Porém, a minha convicção de que o Serviço de Proteção ao Crédito não é tão novo assim, foi motivada por um encontro casual, nos idos dos 1940, com Marcos, um vendedor ambulante judeu, que conhecia aí de Ilhéus. Passava pela frente a minha residência quando o chamei para um cafezinho. Do café surgiu animado "papo" das coisas da outrora "Princeza do Sul". Recordações dos disputas em dados, das cervejas e chocolates, nos bares da Firmino Amaral.
Como não podia deixar de ser, a certa altura perguntei eo Marcos o motivo do passeio a Realengo. Negócios respondeu o Marcos, mais precisamente, cobranças. Neste assunto o velho companheiro passou a desenvolver a sua atividade, até que curioso lhe perguntei como os ambulantes seus patrícios se livravam dos calotes. Surpreendentemente Marcos" tira dos bolsos duas relações de nomes e, sem mais delongas, foi dizendo: "Esta só tem cano de ferro", ou seja maus pagadores. Não queira nada com eles. Mas esta está constituída de gente boa. Pode fazer qualquer negócio com qualquer uma desta lista.
Como vê, está provado que os gringos, há anos, mantinham seu serviço de proteção ao crédito.
E olhe lá. Dizem que eles recebem como primeira prestação de sua venda, o equivalente ao preço da mercadoria vendida. O resto, tudo é lucro.
Jornal da Manhã Ilhéus/BA 10/04/1979
Sexta-feira, 10 de fevereiro de 1928.
RIO — São passados 51 anos, mas ainda me lembro daquela Sexta-feira da primeira quinzena de Fevereiro quando, às 3,30 da tarde, Sousa Pinto começou a distribuição para a venda avulsa do primeiro numero, do DIÁRIO DA TARDE.
O tumulto em frente ao número da Marquês de Paranaguá era enorme. Os jornaleiros -— chamados biribanos — faziam uma algazarra infernal que abafava o barulho da rotação cadenciada da impressora dirigida pelo saudoso Aristotelino que, como sempre, de cara amarrada e fumando o indefectível charuto, parecia não prestar atenção ao que se passava em seu redor.
Alcino Dórea, o mais entusiasta componente do quarteto proprietário da Editora não continha a sua satisfação, ao passar a vista nas folhas impressas. Francisco Dórea, que com Carlos Monteiro completava o quarteto proprietário da empresa, não sabia se ficava na sua loja de variedades ou na redação, apreciando a calma do jornalista e diretor do DIÁRIO, tornando as últimas providências que antecediam o momento culminante, esperado desde os meados de Dezembro. No tablado onde estavam localizadas as oficinas, os gráficos já tratavam de compor os originais do segundo número sem tempo de apreciar o movimento da rua e o assédio e ansiedade dos futuros leitores que tomavam parte da rua e adjacências.
Naquela hora, quando no primeiro grito dos gazeteiros, estava representada a fase inaugural de um jornal, nascido sob os melhores auspícios, mas que pouca gente esperava atingir meio século.
Para mim e para Carlos Monteiro, a experiência começara em Belmonte com a publicação do "Pequeno Diário", um tablóide de 8 páginas, editado em l927 na cidade sulina. O jornal belmontense que, infelizmente não possuo nenhum exemplar, me deu a experiência necessária para assumir a chefia das oficinas do jornal ilheense, além do aprimoramento para exercer a responsabilidade da paginação do futuro diário na "Capital do Cacau".
Corno primeiro gráfico do DIÁRIQ e por ter sido chamado a Ilhéus na segunda quinzena de Dezembro, assisti inclusive a instalação de sua oficina e a chegada da equipe arregimentada em Salvador, em janeiro quando começou a chegar o material tipográfico sendo que a impressora, vindo da Alemanha, ainda prestando serviço no jornal, chegou quase na mesma ocasião da chegada do gráfico, tendo a frente o saudoso Octavio Moura.
A impressora foi montada por um mecânico especializado também da capital bahiana, já que não incluíram a sua planta, por ocasião da embalagem e o mecânico mais capacitado para montá-la, na cidade, Juvenal "Nascimento não conseguiu resolver a situação.
Como se nota não havia dificuldade que não fosse superada para a instalação e posterior publicação do tradicional DIÁRIO DA TARDE, cujo primeiro número apareceu no dia 10 de fevereiro de 1928 numa sexta-feira; precisamente às 15,30.
Creio que da primeira equipe do cinqüentão jornal apenas ainda permaneço no mundo dos vivos. De fato, um privilégio.
Rubens E da Silva. Diário da Tarde. Ilhéus/BA 10 e 11/02/1978
O tumulto em frente ao número da Marquês de Paranaguá era enorme. Os jornaleiros -— chamados biribanos — faziam uma algazarra infernal que abafava o barulho da rotação cadenciada da impressora dirigida pelo saudoso Aristotelino que, como sempre, de cara amarrada e fumando o indefectível charuto, parecia não prestar atenção ao que se passava em seu redor.
Alcino Dórea, o mais entusiasta componente do quarteto proprietário da Editora não continha a sua satisfação, ao passar a vista nas folhas impressas. Francisco Dórea, que com Carlos Monteiro completava o quarteto proprietário da empresa, não sabia se ficava na sua loja de variedades ou na redação, apreciando a calma do jornalista e diretor do DIÁRIO, tornando as últimas providências que antecediam o momento culminante, esperado desde os meados de Dezembro. No tablado onde estavam localizadas as oficinas, os gráficos já tratavam de compor os originais do segundo número sem tempo de apreciar o movimento da rua e o assédio e ansiedade dos futuros leitores que tomavam parte da rua e adjacências.
Naquela hora, quando no primeiro grito dos gazeteiros, estava representada a fase inaugural de um jornal, nascido sob os melhores auspícios, mas que pouca gente esperava atingir meio século.
Para mim e para Carlos Monteiro, a experiência começara em Belmonte com a publicação do "Pequeno Diário", um tablóide de 8 páginas, editado em l927 na cidade sulina. O jornal belmontense que, infelizmente não possuo nenhum exemplar, me deu a experiência necessária para assumir a chefia das oficinas do jornal ilheense, além do aprimoramento para exercer a responsabilidade da paginação do futuro diário na "Capital do Cacau".
Corno primeiro gráfico do DIÁRIQ e por ter sido chamado a Ilhéus na segunda quinzena de Dezembro, assisti inclusive a instalação de sua oficina e a chegada da equipe arregimentada em Salvador, em janeiro quando começou a chegar o material tipográfico sendo que a impressora, vindo da Alemanha, ainda prestando serviço no jornal, chegou quase na mesma ocasião da chegada do gráfico, tendo a frente o saudoso Octavio Moura.
A impressora foi montada por um mecânico especializado também da capital bahiana, já que não incluíram a sua planta, por ocasião da embalagem e o mecânico mais capacitado para montá-la, na cidade, Juvenal "Nascimento não conseguiu resolver a situação.
Como se nota não havia dificuldade que não fosse superada para a instalação e posterior publicação do tradicional DIÁRIO DA TARDE, cujo primeiro número apareceu no dia 10 de fevereiro de 1928 numa sexta-feira; precisamente às 15,30.
Creio que da primeira equipe do cinqüentão jornal apenas ainda permaneço no mundo dos vivos. De fato, um privilégio.
Rubens E da Silva. Diário da Tarde. Ilhéus/BA 10 e 11/02/1978
Senador Wenceslau Guimarães.
RIO — Não quero dizer que os políticos de antes de 1930, eram santinhos, mesmo porque, desde que me entendo, política representa esperteza, sagacidade, astúcia, artificio, etc, porém, os velhos políticos, pelo menos de modo geral, procuravam se apresentar como verdadeiros líderes, valorizando a sua palavra e sempre respeitado por todos, em qualquer situação em que se encontrassem.
Muitos desses respeitáveis políticos perderam seus haveres durante as lutas eleitorais, gastando fortunas pará arrebanhar eleitores por ocasião dos pleitos, lhe fornecendo roupas, transportes e alimentação, por conta própria. Tudo a troco do seu prestígío, que ficava intacto, mesmo quando estava "de baixo". Eram os clamados “corenéis”, donos dos "currais eleitorais, em fase de extinção.
Antes da Revolução da 1930, existiam, senadores estaduais e na região cacaueira, «uns três chefes políticos participaram da Camará Alta do Estado da Bahia.
Em Ilhéus, tínhamos o senador Antônio Pessoa da Costa e Silva, que por muitos anos comandou a política de todo o município, nomeando e demitindo autoridades policiais, elegendo intendentes (prefeitos1) e designando juízes do paz, na época cargo eminentemente político.
Em 1930, quando era prefeito o "pessoista" Durval Olivieri, vitorioso o movímento da Aliança Libertadora, houve, naturalmente a queda dos comandado; do Senador Pessoa e a ascenção dos Lavigne, sob a chefia ao dr. Artur Lavigne, eleito deputado federal.
Outro senador da zona cacaueira foi o dr. Wenceslsu Guimarães, que chegou a governar o Estado da Bahia, por algumas horas, naquele 30 de outubro de 1930, devido a uma desorientação que se apossou nas lides governamentais.
Na ocasião, governava Belmonte o dr. Hamilton Gomes de Oliveira, que perdeu o posto para o dr. Achiles Seabra de Oliveíra, nomeado interventor da cidade.
O Senador Wenceslau Guimarães, era um político, podemos dizer, satírico e, quando nos recessos parlamentares costumava descansar no seu palacete em Belmonte, na Rua Marechal Deodoro, hoje cais da porto.
Em Belmonte participava das rodas, que os mais destacados elementos da cídade realizavam, fossem elas no "Grande Ponto", nas casas comerciais, ou mesmo na venda do Pedro Serra, onde todas as tardes, eram disputados Jogos de gamão .
Numa destas '"rodïnhas" o senador belmontense, com sua verve, começou a faiar dos defeitos e virtudes dos seus maunícipes e, tendo incluído 'determinada pessoa, foi advertido:
Mas Senador, esta pessoa é de bem e não sabemos que cia tttiha "rabo".
E o senador, sem perder tempo, retruca:
— Melhor -airda. Aí podemos botar "rabo” do tamanho que quisermos...
Com esta sentença, o grupo se desfez.
Rubens E Silva. Jornal da Manhã. Ilhéus/BA 24/07/1978
Muitos desses respeitáveis políticos perderam seus haveres durante as lutas eleitorais, gastando fortunas pará arrebanhar eleitores por ocasião dos pleitos, lhe fornecendo roupas, transportes e alimentação, por conta própria. Tudo a troco do seu prestígío, que ficava intacto, mesmo quando estava "de baixo". Eram os clamados “corenéis”, donos dos "currais eleitorais, em fase de extinção.
Antes da Revolução da 1930, existiam, senadores estaduais e na região cacaueira, «uns três chefes políticos participaram da Camará Alta do Estado da Bahia.
Em Ilhéus, tínhamos o senador Antônio Pessoa da Costa e Silva, que por muitos anos comandou a política de todo o município, nomeando e demitindo autoridades policiais, elegendo intendentes (prefeitos1) e designando juízes do paz, na época cargo eminentemente político.
Em 1930, quando era prefeito o "pessoista" Durval Olivieri, vitorioso o movímento da Aliança Libertadora, houve, naturalmente a queda dos comandado; do Senador Pessoa e a ascenção dos Lavigne, sob a chefia ao dr. Artur Lavigne, eleito deputado federal.
Outro senador da zona cacaueira foi o dr. Wenceslsu Guimarães, que chegou a governar o Estado da Bahia, por algumas horas, naquele 30 de outubro de 1930, devido a uma desorientação que se apossou nas lides governamentais.
Na ocasião, governava Belmonte o dr. Hamilton Gomes de Oliveira, que perdeu o posto para o dr. Achiles Seabra de Oliveíra, nomeado interventor da cidade.
O Senador Wenceslau Guimarães, era um político, podemos dizer, satírico e, quando nos recessos parlamentares costumava descansar no seu palacete em Belmonte, na Rua Marechal Deodoro, hoje cais da porto.
Em Belmonte participava das rodas, que os mais destacados elementos da cídade realizavam, fossem elas no "Grande Ponto", nas casas comerciais, ou mesmo na venda do Pedro Serra, onde todas as tardes, eram disputados Jogos de gamão .
Numa destas '"rodïnhas" o senador belmontense, com sua verve, começou a faiar dos defeitos e virtudes dos seus maunícipes e, tendo incluído 'determinada pessoa, foi advertido:
Mas Senador, esta pessoa é de bem e não sabemos que cia tttiha "rabo".
E o senador, sem perder tempo, retruca:
— Melhor -airda. Aí podemos botar "rabo” do tamanho que quisermos...
Com esta sentença, o grupo se desfez.
Rubens E Silva. Jornal da Manhã. Ilhéus/BA 24/07/1978
Sargento Hermâncio, o imprevisível.
RIO — Em 1943, quando foi inaugurado o pioneiro Conjunto Residencial do IAPI, do Realengo, este subúrbio era um dos que possuía mais soociedades recreativas, no antigo Distrito Federal. Na maioria com departamento de futebol, exceto as mútuas Progressista e Vila Neva, cuja finalidade era prestar assistência funerária aos seus associados. Muitas desapareceram devido as constantes reformulações das leis que dificultavam a sua existência ou mesmo a criação de novos núcleos sociais.
Como não podia deixar de ser, os locatários do novo Conjunto resolveram também, fundar a sua agremiação, que recebeu o nome de Centro Recreativo Industriários de Realengo, mais conhecido pela sigla CRIR, inaugurado oficialmente no dia 1° de janeiro de 1944, com uma solenidade em que participaram, além do presidente do IAPI, dr. Plínio Catanhede, a saudosa Assistente Social Zenith Miranda, incentivadora da nova entidade que desta maneira preenchia um dos pontos do programa do centro habitacional.
Dentre as organizações de Realengo, estavam o Cruzeiro, Jaú, Ipiranga, Realengo, Coqueiros e o Rarum, este formado de sargentos dos quartéis sediados na área militar compreendida entre Deodoro e Realengo, incluindo Magalhães Bastos e Vila Militar.
O intercâmbio entre as entidades era intenso e dele passou a participarem o Grêmio Estudantil e Liberdade Clube Atlético, este de funcionrios do Instituto. Os dirigentes tinham transito livre durante as festidades das coirmãs e nas grandes festas, como aniversario e coroação da Rainha da Primavera. O trânsito é estendido aos associados, em pleno gozo de seus direitos. Até hoje é censervada muito amizade nascida naquela época.
Foi como diretor do CRIR que visitando o Rarum, conheci o velho sargento Hermâncio, mais precisamete Hermâncio da Silva Neto. Bom camarada. Alegre e o que nós lá no Norte chamamos "sem bondade". De atitudes imprevisíveis hoje Hermâncio um pacato capitão do Exército, reformado, arredio das atividades sociais que a juventude modificou, podem dizer, radicalmente.
No primeiro encontro, o convidei para a festa de aniversário de uma sua filha, na Vila Militar. No dia da festa o tempo se apresentava normal mas depois do meio dia o aparecimento de nuvens densas, anunciava uma noite chuvosa, o que realmente aconteceu, a maioria dos convidados deixou de comparecer ao "parabéns pra você" c garota do nosso velho amigo. O mau tempo e o reduzido número de participantes, contrariaram os pais da aniversáriante, pois a despesa com salgados, refrigerantes e chopp foi enorme. Para "afogar" a contrariedade, Hermancio começou a bebericar e a certa altura, aparece no centro da sala e num patético apelo, exclama:
— Por favor bebam e comam a vontade. Tudo está pago. Por amor de Deus bebam mesmo... »
De outra feita recebi um bem elaborado cartão-convite para outro aniversário na casa do Hermâncio. Não era convite. Era uma intimação. No dia aprasado, os convidados, em grande número, apareceram e na hora de apagar as "velinhas"' surge a aniversariante. Surpresa geral. Quem completava tempo era uma cachorrinha.
Como qualquer mortal, Hermâncio tinha um inimigo gratuito. Seu vizinho que não se conformava com as alegrias do sargento, parecendo até ter ogeriza aos ótimos conjuntos musicais que abrilhantavam as festas. Inclusive, proibia que sua filha, uma jovem mocinha, frequentasse a casa do sargento.
Certa noite o "inimigo" é atacado de mal súbito. A primeira pessoa que lhe assistiu foi justamente o velho Hermâncio que tentou transportá-lo para o hospital. Não foi possível. O vizinho morreu nos seus braços.
E' assim o imprevisível Hermâncio da Silva Neto. Para mim o capitão reformado é o mesmo sargento do Rarum.
Rubens E Silva. Jornal da Manhã. Ilhéus/BA 01/11/1978
Como não podia deixar de ser, os locatários do novo Conjunto resolveram também, fundar a sua agremiação, que recebeu o nome de Centro Recreativo Industriários de Realengo, mais conhecido pela sigla CRIR, inaugurado oficialmente no dia 1° de janeiro de 1944, com uma solenidade em que participaram, além do presidente do IAPI, dr. Plínio Catanhede, a saudosa Assistente Social Zenith Miranda, incentivadora da nova entidade que desta maneira preenchia um dos pontos do programa do centro habitacional.
Dentre as organizações de Realengo, estavam o Cruzeiro, Jaú, Ipiranga, Realengo, Coqueiros e o Rarum, este formado de sargentos dos quartéis sediados na área militar compreendida entre Deodoro e Realengo, incluindo Magalhães Bastos e Vila Militar.
O intercâmbio entre as entidades era intenso e dele passou a participarem o Grêmio Estudantil e Liberdade Clube Atlético, este de funcionrios do Instituto. Os dirigentes tinham transito livre durante as festidades das coirmãs e nas grandes festas, como aniversario e coroação da Rainha da Primavera. O trânsito é estendido aos associados, em pleno gozo de seus direitos. Até hoje é censervada muito amizade nascida naquela época.
Foi como diretor do CRIR que visitando o Rarum, conheci o velho sargento Hermâncio, mais precisamete Hermâncio da Silva Neto. Bom camarada. Alegre e o que nós lá no Norte chamamos "sem bondade". De atitudes imprevisíveis hoje Hermâncio um pacato capitão do Exército, reformado, arredio das atividades sociais que a juventude modificou, podem dizer, radicalmente.
No primeiro encontro, o convidei para a festa de aniversário de uma sua filha, na Vila Militar. No dia da festa o tempo se apresentava normal mas depois do meio dia o aparecimento de nuvens densas, anunciava uma noite chuvosa, o que realmente aconteceu, a maioria dos convidados deixou de comparecer ao "parabéns pra você" c garota do nosso velho amigo. O mau tempo e o reduzido número de participantes, contrariaram os pais da aniversáriante, pois a despesa com salgados, refrigerantes e chopp foi enorme. Para "afogar" a contrariedade, Hermancio começou a bebericar e a certa altura, aparece no centro da sala e num patético apelo, exclama:
— Por favor bebam e comam a vontade. Tudo está pago. Por amor de Deus bebam mesmo... »
De outra feita recebi um bem elaborado cartão-convite para outro aniversário na casa do Hermâncio. Não era convite. Era uma intimação. No dia aprasado, os convidados, em grande número, apareceram e na hora de apagar as "velinhas"' surge a aniversariante. Surpresa geral. Quem completava tempo era uma cachorrinha.
Como qualquer mortal, Hermâncio tinha um inimigo gratuito. Seu vizinho que não se conformava com as alegrias do sargento, parecendo até ter ogeriza aos ótimos conjuntos musicais que abrilhantavam as festas. Inclusive, proibia que sua filha, uma jovem mocinha, frequentasse a casa do sargento.
Certa noite o "inimigo" é atacado de mal súbito. A primeira pessoa que lhe assistiu foi justamente o velho Hermâncio que tentou transportá-lo para o hospital. Não foi possível. O vizinho morreu nos seus braços.
E' assim o imprevisível Hermâncio da Silva Neto. Para mim o capitão reformado é o mesmo sargento do Rarum.
Rubens E Silva. Jornal da Manhã. Ilhéus/BA 01/11/1978
Sagacidade ─ fator de prosperidade.
RIO — Dificilmente uma pessoa que «do nada» e, por força do seu trabalho laborioso e, naturalmente com um pouco de sagacidade, vence na vida, recebe de parte da população, os elogios a que faz jus. Mesmo que a ascensão seja resultado da eliminação de qualquer lazer ou mesmo de um período, por pequeno que seja de descanso para a recuperação das forças perdidas durante suas atividades.
De modo geral, se cria em torno de tais elementos, histórias e anedotas que, repetidas, tomam forma de fatos verdadeiros, na base de que "água mole em pedra dura, tanto bate até que fura"'.
Tratados como «canginha», «unha de fome», «munheca de porco», «avarento», «papagaio no arame», «sumítico» e de “mão fechada", tais elementos passam a ser vítimas da sociedade, mesmo depois, devido a sua nova posição nela ingresse. Aí as insinuações tornam novas roupagens e os criticados de ontem recebem os mais arraigados elogios, destacando a sua inclinação para a arte de negociar. Porém, no meio da "gentinha"', a fama permanece.
Efetivamente não se pode vencer na vida se o trabalho, por mais laborioso que seja a pessoa, seja isenta de sagacidade.
Agora mesmo acaba de falecer Paes Mendonça, dono de poderosa rede de Supermercados, iniciada em Salvador, mas avançando por toda região cacaueira. Sergipano de origem humilde, com trabalho e perseverança construiu um verdadeiro império, alcançando sólida fortuna. Um comerciante sagaz, sempre fazia imperar a sua vontade no acerto de qualquer transação.
Certa vez Paes Mendonça foi procurado por um "caixeiro viajante" que ia lhe propor a venda de uma grande partida de arame farpado. Entrou em negociação e já tinha feito o máximo de redução no preço sem, entretanto, chegar a um acordo pois o negociante ainda relutava no sentido de efetuar a compra. A certa altura, Paes Mendonça pergunta qual o espaço entre um grampo a outro do arame. Oito centímetros, respondeu o vendedor.
Você não poderia sugerir a fábrica aumentar o espaço para dez centímetros ?
E o negócio foi fechado, naturalmente com a sugestão do Mendonça.
Outro injustiçado foi o coronel Misasel Tavares. Muitas histórias em torno daquele que, de simples tropeiro, se tornou no homem mais rico da Bahia. A mais corriqueira era de que as anotações das compras a crédito feitas pelos seus empregados eram feiras em duplicata.
Mas o sergipano de Ilhéus a par de sua propalada falta de instrução, tinha um tino administrativo excepcional, além de ótimo estrategista. Muitas vezes, guando trocava idéias com seu genro e famoso advogado Gileno Amado acerca de ações Judiciárias, após ouvir os planos que seriam executados pelo causídico, dava a sua sugestão que, invariavelmente era adotada pelo causídico. A tese do Rei do Cacau sempre saía .vencedora.
“Em Itapebí, Sul da Bahia, tenho um primo, chamado Petrônio, tido e havido como ‘‘sovina”. Nada disso. Ele é apenas um trabalhador dinâmico que, depois de ficar com as finanças arrazadas, devido a uma frustrada tentativa de suicídio, mesmo antes de se recuperar, se embrenhou pelas matas e após trabalho laborioso reconquistou a sua independência. Deu a "volta por cima” e é hoje um médio fazendeiro que não compra nem vende fiado. Também não "fecha" a sua produção de cacau.
Antes, Petrônio era balconista que, depois de ser despedido pelo patrão, por insinuações de terceiros e rejeitar um convite para voltar, se estabeleceu. Como os dois citados, o primo tinha uma sagacidade e presença de espírito dignas de nota.
Certa vez uma freguesa lhes perguntara quanto custava um litro de querosene (gás no interior). Um mil réis responde o negociante.
— Seu Petrônio, o senhor. não deixa por mil e quinhentos?
Pois não, minha tia. É só para a senhora que é uma boa freguesa.
Rubens E Silva. Jornal da Manhã. Ilhéus/BA 25/10/1978
De modo geral, se cria em torno de tais elementos, histórias e anedotas que, repetidas, tomam forma de fatos verdadeiros, na base de que "água mole em pedra dura, tanto bate até que fura"'.
Tratados como «canginha», «unha de fome», «munheca de porco», «avarento», «papagaio no arame», «sumítico» e de “mão fechada", tais elementos passam a ser vítimas da sociedade, mesmo depois, devido a sua nova posição nela ingresse. Aí as insinuações tornam novas roupagens e os criticados de ontem recebem os mais arraigados elogios, destacando a sua inclinação para a arte de negociar. Porém, no meio da "gentinha"', a fama permanece.
Efetivamente não se pode vencer na vida se o trabalho, por mais laborioso que seja a pessoa, seja isenta de sagacidade.
Agora mesmo acaba de falecer Paes Mendonça, dono de poderosa rede de Supermercados, iniciada em Salvador, mas avançando por toda região cacaueira. Sergipano de origem humilde, com trabalho e perseverança construiu um verdadeiro império, alcançando sólida fortuna. Um comerciante sagaz, sempre fazia imperar a sua vontade no acerto de qualquer transação.
Certa vez Paes Mendonça foi procurado por um "caixeiro viajante" que ia lhe propor a venda de uma grande partida de arame farpado. Entrou em negociação e já tinha feito o máximo de redução no preço sem, entretanto, chegar a um acordo pois o negociante ainda relutava no sentido de efetuar a compra. A certa altura, Paes Mendonça pergunta qual o espaço entre um grampo a outro do arame. Oito centímetros, respondeu o vendedor.
Você não poderia sugerir a fábrica aumentar o espaço para dez centímetros ?
E o negócio foi fechado, naturalmente com a sugestão do Mendonça.
Outro injustiçado foi o coronel Misasel Tavares. Muitas histórias em torno daquele que, de simples tropeiro, se tornou no homem mais rico da Bahia. A mais corriqueira era de que as anotações das compras a crédito feitas pelos seus empregados eram feiras em duplicata.
Mas o sergipano de Ilhéus a par de sua propalada falta de instrução, tinha um tino administrativo excepcional, além de ótimo estrategista. Muitas vezes, guando trocava idéias com seu genro e famoso advogado Gileno Amado acerca de ações Judiciárias, após ouvir os planos que seriam executados pelo causídico, dava a sua sugestão que, invariavelmente era adotada pelo causídico. A tese do Rei do Cacau sempre saía .vencedora.
“Em Itapebí, Sul da Bahia, tenho um primo, chamado Petrônio, tido e havido como ‘‘sovina”. Nada disso. Ele é apenas um trabalhador dinâmico que, depois de ficar com as finanças arrazadas, devido a uma frustrada tentativa de suicídio, mesmo antes de se recuperar, se embrenhou pelas matas e após trabalho laborioso reconquistou a sua independência. Deu a "volta por cima” e é hoje um médio fazendeiro que não compra nem vende fiado. Também não "fecha" a sua produção de cacau.
Antes, Petrônio era balconista que, depois de ser despedido pelo patrão, por insinuações de terceiros e rejeitar um convite para voltar, se estabeleceu. Como os dois citados, o primo tinha uma sagacidade e presença de espírito dignas de nota.
Certa vez uma freguesa lhes perguntara quanto custava um litro de querosene (gás no interior). Um mil réis responde o negociante.
— Seu Petrônio, o senhor. não deixa por mil e quinhentos?
Pois não, minha tia. É só para a senhora que é uma boa freguesa.
Rubens E Silva. Jornal da Manhã. Ilhéus/BA 25/10/1978
Rio─Ilhéus, antes das BR-116 e BR-101.
— Foi um encontro fortuito, lá em frente ao desaparecido Hotel Avenida -— o preferido dos ilheenses — com Elísio Nunes, pioneiro dos transportes coletivos na Capital do Cacau. Foi em julho de 1943, justamente quando estava em dificuldades devido a guerra procurando resolver como chegar a Princeza do Sul, afim de transportar a família para o Rio onde acabara de fixar residência.
Naquele encontro com o saudoso homem de negócios, ficava praticamente solucionada minha situação, pois Elisio Nunes me ofereceu uma passagem no ônibus que acabara de adquirir em São Paulo, para aumentar a sua frota que fazia ligação rodoviária na zona Cacaueira. Apenas um detalhe: A viagem seria iniciada na cidade mineira de Montes Claros, para onde deveria me dirigir e estar em determinado dia. A cidade distava do Rio cerca de 1116 quilômetros por via ferroviária.
No dia aprazado iniciei a viagem, na "gare" D. Pedro II com destino a Minas Gerais, ou melhor para Belo Horizonte, onde cheguei depois de 16 horas, durante as quais em quase todas as paradas era obrigado a exibir documentos de identificação à policiais. Depois de pernoitar na capital mineira, prossegui viagem, ainda de trem, por mais de 10 horas, até Montes Claros. Mesmo incômoda, devido ao entra e sai de passageiros com as mais variadas bagagens, a viagem de trem pelo interior é bastante divertida.
Agradável surpresa me aguardava em Montes Claros, Lá estavam, entre os 13 passageiros, componentes da comitiva, Henrique Lucas e família além da esposa do Nunes e os comerciantes Tagarela, e Moisés. Todos conhecidos que serviram para amenizar os percalços da viagem feita em estradas intransitáveis, na sua maior parte e que exigia muito da perícia do motorista Antônio, verdadeiro "az" do volante; O motorista ia imune às reclamações dos passageiros que não se cançavam de criticar o governo pelo. estado das estradas-Em compensação, parecia estar confiante nas orações de d. Graziela Lucas, que desde o embarque não abandonou seu rosário, fazendo prece pela integridade dos seus companheiros.
Foi, de fato, uma viagem interessante e cheia de surpresas, tais como a existência na cidade de Francisco de Sá, de uma rua calçada a cristal de rocha, mantida. iniatacta apesar de na época o mineral- se constituir de matéria prima de alta utilidade nos preparativos bélicos para a segunda grande guerra. Também surpreendeu a comitiva a temperatura negativa de um lugarejo chamado Itamarati, que, para a "gozação" da maioria, obrigou Henrique Lucas lavar o rosto usando luvas. O preço da cachaça, mais barato que um cafezinho também nos chamou atenção.
Finalmente, depois de três dias chegamos a Vitória da Conquista e depois de uma noite de descanço seguimos para Ilhéus. A viagem que era animada com as piadas de Tagarela, ficou animadíssima com a adesão de mais um companheiro, Hamilton Almeida e as 13 últimas horas foram efetivamente maravilhosas e descontraídas. Ao atingir o ápice da Serra do Marcal, a delegação foi obrigada a descer e seus componentes a deixar seus autógrafos, numa homenagem ao seu construtor, o conterrâneo Raymundo Costa. A rodovia ligando as três serras é, de fato, uma obra monumental da engenharia brasileira. Ao chegar a Ilhéus a comitiva havia percorrido, além dos: 1110 quilômetros ferroviários, mais 889 rodoviários, levando cerca de 4 dias. Hoje, apenas 21 horas, pela litorânea e 29 pela antiga Rio-Bahia, se faz esta ligação, isto porque o DNER limitou a velocidade dos veículos.
E por falar em estradas é bom se fazer um apelo ao Departamento de Estradas de Rodagem no sentido de uma eficiente conservação nas rodovias, pois nas duas
Rubens E Silva. Jornal da Manhã. Ilhéus/BA 12/07/1978
Naquele encontro com o saudoso homem de negócios, ficava praticamente solucionada minha situação, pois Elisio Nunes me ofereceu uma passagem no ônibus que acabara de adquirir em São Paulo, para aumentar a sua frota que fazia ligação rodoviária na zona Cacaueira. Apenas um detalhe: A viagem seria iniciada na cidade mineira de Montes Claros, para onde deveria me dirigir e estar em determinado dia. A cidade distava do Rio cerca de 1116 quilômetros por via ferroviária.
No dia aprazado iniciei a viagem, na "gare" D. Pedro II com destino a Minas Gerais, ou melhor para Belo Horizonte, onde cheguei depois de 16 horas, durante as quais em quase todas as paradas era obrigado a exibir documentos de identificação à policiais. Depois de pernoitar na capital mineira, prossegui viagem, ainda de trem, por mais de 10 horas, até Montes Claros. Mesmo incômoda, devido ao entra e sai de passageiros com as mais variadas bagagens, a viagem de trem pelo interior é bastante divertida.
Agradável surpresa me aguardava em Montes Claros, Lá estavam, entre os 13 passageiros, componentes da comitiva, Henrique Lucas e família além da esposa do Nunes e os comerciantes Tagarela, e Moisés. Todos conhecidos que serviram para amenizar os percalços da viagem feita em estradas intransitáveis, na sua maior parte e que exigia muito da perícia do motorista Antônio, verdadeiro "az" do volante; O motorista ia imune às reclamações dos passageiros que não se cançavam de criticar o governo pelo. estado das estradas-Em compensação, parecia estar confiante nas orações de d. Graziela Lucas, que desde o embarque não abandonou seu rosário, fazendo prece pela integridade dos seus companheiros.
Foi, de fato, uma viagem interessante e cheia de surpresas, tais como a existência na cidade de Francisco de Sá, de uma rua calçada a cristal de rocha, mantida. iniatacta apesar de na época o mineral- se constituir de matéria prima de alta utilidade nos preparativos bélicos para a segunda grande guerra. Também surpreendeu a comitiva a temperatura negativa de um lugarejo chamado Itamarati, que, para a "gozação" da maioria, obrigou Henrique Lucas lavar o rosto usando luvas. O preço da cachaça, mais barato que um cafezinho também nos chamou atenção.
Finalmente, depois de três dias chegamos a Vitória da Conquista e depois de uma noite de descanço seguimos para Ilhéus. A viagem que era animada com as piadas de Tagarela, ficou animadíssima com a adesão de mais um companheiro, Hamilton Almeida e as 13 últimas horas foram efetivamente maravilhosas e descontraídas. Ao atingir o ápice da Serra do Marcal, a delegação foi obrigada a descer e seus componentes a deixar seus autógrafos, numa homenagem ao seu construtor, o conterrâneo Raymundo Costa. A rodovia ligando as três serras é, de fato, uma obra monumental da engenharia brasileira. Ao chegar a Ilhéus a comitiva havia percorrido, além dos: 1110 quilômetros ferroviários, mais 889 rodoviários, levando cerca de 4 dias. Hoje, apenas 21 horas, pela litorânea e 29 pela antiga Rio-Bahia, se faz esta ligação, isto porque o DNER limitou a velocidade dos veículos.
E por falar em estradas é bom se fazer um apelo ao Departamento de Estradas de Rodagem no sentido de uma eficiente conservação nas rodovias, pois nas duas
Rubens E Silva. Jornal da Manhã. Ilhéus/BA 12/07/1978
Reminiscências de Belmonte (II).
Voltemos ao encontro com o Da Costa e as lembranças dos bons tempos de Belmonte, que já naquela época o Dr. Péricles a chamava de um País e hoje muitos dos seus filhos dizem que ele é a terra do "Já Teve".
Estou com os dois apelidos e comigo está o velho Symaco. Justificando, lembro que na minha terra "já teve" corpo cênico, “já teve" clube literário, “já teve"', corrida de cavalos, "já. teve"' jornal diário, antes circulavam dois jornais (semanários), "já teve" Tiro de Guerra, "já teve” teatro e cinema, "já teve" campeonato regular de futebol, "já teve" livraria, de Cursino Leite.
Passamos em revista as reuniões sociais-dançantes nas casas de dcsta-cadat figuras cia sociedade ,ao som de conjuntos musicais ou mesmo anima das por pianistas. Chegamos a conclusão de que, naquele tempo, existiam cerca de 20 pianos nas residências dos prósperos fazendeiros e dos que hoje chamamos "granfinos", onde se destacava a pianista Palmira Brasão.
Não esquecemos do "bate-barriga" do Liodorio lá nos Sifans, à luz de fifós. As festas de Cabo-Verde e das Anãs. Os cantores preferidos como Irenio e Manoel Rosa. O Santo António de Cirilo e a canjica com genipapo durante as festas juninas. As bodas de prata do noivado de Zimbú Chapadeiro. A façanha inacreditável de João Panã, roubando a filha de Senhorinha, da "15", sendo ele um Lira. As façanhas do “42” e a batalha entre os garotos da Preguiça o da Ponta de Areia. O incêndio do coreto da '15' na véspcra de Natal e a sua imdiata restauração. As barcaças Jacira -e Luzitana. As lanchas de ligação entre Canaveiras e Belmonte. O encalhe do Porto Seguro, na barra. A morte de Vicente Santana, assassinado no Grande Ponto, As serenatas nas noites de luar nas águas do Jequitionha. As cheganças. As batalhas entre Mouros e Portugueses. Os cordões carnavalescos. A Associação dos Escoteiros de Belmonte e sua vitoriosa visita a Ilhéus. O primeiro automóvel chegado a Belmonte, adaptado para Alexandre Coxo. O caminhão de Morenito que ocasionou o primeiro desastre fatal, matando uma criança na Praça da Matriz. O mingau de Tia Chica. A quitanda de Porfíria, onde ocorreu o incidente que encerrou as atividades do Tiro de Guerra 595. A tenacidade de Aristóteles Duarte, enfrentando os correligionários do então intendente Alfredo Matos. A primeira visita da Lira à Porto Seguro. O circo Hermosa e o palhaço Brandão cantando uma "embolada" feita por Carlos Monteiro. A estreia do Belmonte e o mais rápido gol "engolido" pelo Orlando Paternostro. As brigas depois dos jogos, na Praça da Matriz.
Além destes fatos anotamos os nomes das principais figuras que fizeram a história da cidade, pela projeção e atos que merecem a consideração dos belmontenses. Começamos pelos huanitários médicos drs. Zezé (José Teixeira de Freitas), Zezinho (José Matos), Zanie Caldas e, por fim Pinto Dantas, que percorriam toda a cidade atendendo aos que precisassem da sua ajuda, não levando em consideração o resultado econômico do paciente.
E num ping-pong nostálgico, fomos assinalando os seguites nomes: António de Astério, Teófilo Barros, Perminio Santos, Jersulino Lopes, Leonel Santos; João Bonfim, Saturnino Santos, Melquíades Nascimento, Vicente Marseli, João Vicente, Mestre Arcelino — todos operários e exímios profissionais — Vitorino Anastácio, Pascoal Camalier, Felismino Melo, Tiago Valverde, Francisco Batsta, Trajano Reis, Inocêncio Costa, os Conceições, os Ramos, os Monteiros, os Paivas (Januário e Frotelmo). os Andrades (Benjamin, Mário e José), Heitor Camacho, os Patemostros, os Magnavitas, Orlando e Carlos Cruz, os Salumes, os Brasões os Cecilianos (Marques e Siqueira), os Poassus, os Mates (Olegário e Alfredo), os Megas, os Gifonis, Antero Pitanga, os Bandeiras, os Costas (Alfredo e Saturnino), Frei Belém, Tirmênio Prisco, os Silva (Cândido, Joaquim e João), Lafaiete Ataíde, os Rezendes, Baduca Faísca, Gerônimo Gama, os Daielos, os Storinos, os Lemos, os Duartes (José e Aristides), Leocádio Ramos, os Gomes, Jacob Schineider, os Rapoldes, os Quaresmas, Demerval Viana, Adelino Ribeiro da Costa, os Seixas, Artur Vieira, Francisco Batista, os Reuters, os padres Altino, Evaristo, Barreto e Granja, Teodoro Guimarães, os Ludgeros, Pedro Serra, os Chapadciros e os Baficas, dentre outros.
Muitos fatos foram relembrados, alguns até pitorescos que pretendo passar para esta coluna, oportunamente.
De fato, foi um dia maravilhoso aquela lá em Queimados.
Rubens E Silva. Jornal da Manhã. Ilhéus/BA 29/09/1978
Estou com os dois apelidos e comigo está o velho Symaco. Justificando, lembro que na minha terra "já teve" corpo cênico, “já teve" clube literário, “já teve"', corrida de cavalos, "já. teve"' jornal diário, antes circulavam dois jornais (semanários), "já teve" Tiro de Guerra, "já teve” teatro e cinema, "já teve" campeonato regular de futebol, "já teve" livraria, de Cursino Leite.
Passamos em revista as reuniões sociais-dançantes nas casas de dcsta-cadat figuras cia sociedade ,ao som de conjuntos musicais ou mesmo anima das por pianistas. Chegamos a conclusão de que, naquele tempo, existiam cerca de 20 pianos nas residências dos prósperos fazendeiros e dos que hoje chamamos "granfinos", onde se destacava a pianista Palmira Brasão.
Não esquecemos do "bate-barriga" do Liodorio lá nos Sifans, à luz de fifós. As festas de Cabo-Verde e das Anãs. Os cantores preferidos como Irenio e Manoel Rosa. O Santo António de Cirilo e a canjica com genipapo durante as festas juninas. As bodas de prata do noivado de Zimbú Chapadeiro. A façanha inacreditável de João Panã, roubando a filha de Senhorinha, da "15", sendo ele um Lira. As façanhas do “42” e a batalha entre os garotos da Preguiça o da Ponta de Areia. O incêndio do coreto da '15' na véspcra de Natal e a sua imdiata restauração. As barcaças Jacira -e Luzitana. As lanchas de ligação entre Canaveiras e Belmonte. O encalhe do Porto Seguro, na barra. A morte de Vicente Santana, assassinado no Grande Ponto, As serenatas nas noites de luar nas águas do Jequitionha. As cheganças. As batalhas entre Mouros e Portugueses. Os cordões carnavalescos. A Associação dos Escoteiros de Belmonte e sua vitoriosa visita a Ilhéus. O primeiro automóvel chegado a Belmonte, adaptado para Alexandre Coxo. O caminhão de Morenito que ocasionou o primeiro desastre fatal, matando uma criança na Praça da Matriz. O mingau de Tia Chica. A quitanda de Porfíria, onde ocorreu o incidente que encerrou as atividades do Tiro de Guerra 595. A tenacidade de Aristóteles Duarte, enfrentando os correligionários do então intendente Alfredo Matos. A primeira visita da Lira à Porto Seguro. O circo Hermosa e o palhaço Brandão cantando uma "embolada" feita por Carlos Monteiro. A estreia do Belmonte e o mais rápido gol "engolido" pelo Orlando Paternostro. As brigas depois dos jogos, na Praça da Matriz.
Além destes fatos anotamos os nomes das principais figuras que fizeram a história da cidade, pela projeção e atos que merecem a consideração dos belmontenses. Começamos pelos huanitários médicos drs. Zezé (José Teixeira de Freitas), Zezinho (José Matos), Zanie Caldas e, por fim Pinto Dantas, que percorriam toda a cidade atendendo aos que precisassem da sua ajuda, não levando em consideração o resultado econômico do paciente.
E num ping-pong nostálgico, fomos assinalando os seguites nomes: António de Astério, Teófilo Barros, Perminio Santos, Jersulino Lopes, Leonel Santos; João Bonfim, Saturnino Santos, Melquíades Nascimento, Vicente Marseli, João Vicente, Mestre Arcelino — todos operários e exímios profissionais — Vitorino Anastácio, Pascoal Camalier, Felismino Melo, Tiago Valverde, Francisco Batsta, Trajano Reis, Inocêncio Costa, os Conceições, os Ramos, os Monteiros, os Paivas (Januário e Frotelmo). os Andrades (Benjamin, Mário e José), Heitor Camacho, os Patemostros, os Magnavitas, Orlando e Carlos Cruz, os Salumes, os Brasões os Cecilianos (Marques e Siqueira), os Poassus, os Mates (Olegário e Alfredo), os Megas, os Gifonis, Antero Pitanga, os Bandeiras, os Costas (Alfredo e Saturnino), Frei Belém, Tirmênio Prisco, os Silva (Cândido, Joaquim e João), Lafaiete Ataíde, os Rezendes, Baduca Faísca, Gerônimo Gama, os Daielos, os Storinos, os Lemos, os Duartes (José e Aristides), Leocádio Ramos, os Gomes, Jacob Schineider, os Rapoldes, os Quaresmas, Demerval Viana, Adelino Ribeiro da Costa, os Seixas, Artur Vieira, Francisco Batista, os Reuters, os padres Altino, Evaristo, Barreto e Granja, Teodoro Guimarães, os Ludgeros, Pedro Serra, os Chapadciros e os Baficas, dentre outros.
Muitos fatos foram relembrados, alguns até pitorescos que pretendo passar para esta coluna, oportunamente.
De fato, foi um dia maravilhoso aquela lá em Queimados.
Rubens E Silva. Jornal da Manhã. Ilhéus/BA 29/09/1978
Reminiscências de Belmonte (I).
RIO — Foi um dia maravilhoso aquele, em Queimados, na Baixada Fluminense, cujo principal assunto foi Belmonte .
Pela manhã, acompanhado do genro Fiorisvaldo, resolvi visitar o amigo-irmão Symaco Américo da Costa, jornalista e membro da Academia Brasileira de Trovas, hoje gozando de tranquila aposentadoria, após mais da 35 anos nas "Associadas".
Da Costa, na intimidade, filho de saudoso mestre de bandas Messias Américo da Costa é também um apaixonado pela sublime arte das 7 notas. Canavicirense de nascimento, tornou-se de coração, pois foi nesta cidade banhada pelo Jequitinhonha, onde passou a melhor fase da sua vida ou seja, da juventude, .participando das atividades da Lira Popular e do Tiro de Guerra 595 duas escolas oue realmente preparavam seus componentes paia a realidade da vida. O convívio com pessoas das mais diferentes índoles, nos ensina muito, mesmo porque ;a muioria na prática, é diferente.
Mal cheguei fui cercado pelo Symaco, Izabel e Sá Chica, to dos demonstrando contentamento com a inesperada visita. Da Costa queria notícias do Belmonte atual, tais como, o calçamento de ruas e a contenção do Rio Jequitionha, como o cais construído pelo intendente Godofredo Bandeira, no período 1938/1939 evitando o desaparecimento da cidade devido a um ato impensado do Horácio Farias, seu antecessor, mandando destruir um espigão, na curva do Freire, que defendia a cidade das periódicas enchentes do caudaloso rio. Das indagações sobre a atualidade, passando a recordar coisas da nossa juventude nos idos de 1915 a 1920. pri, meiro das personalidades, muitas das quais serviram de exemplo a nossa geração a começar pelos professores que nos tratavam como verdadeiros filhos de acordo com os rigorosos processos da época.
Em primeiro plano, o professor Lúcio Coelho Júnior, que exerceu o magistério por mais de 30 anos, ainda lembrado com respeito, podemos dizer, por todos os belmontenses. De uma retidão impressionante. Desfilaram depois os professores Geraldo Baltazar da Silveira, Panfilo de Carvalho, Sebastião Campos, Heroína Gonçalves, Damiana Ramos e Maezinha Guimarães, todos intelectualizados e, com a excessão de Damiana, adotavam Felisberto de Carvalho, Trajano e Ribeiro, livros didáticos que eram adotados nos colégios públicos pela sua eficiência e facilidade de assimilação e sobretudo pela estabilidade, o que não acontece hoje, quando todos os anos, surgem novos livros para o aprendizado.
A Lira Popular e a 15 de Setembro foram lembradas pelas suas festas e pela rivalidade entre si, alem de representarem, de modo geral, duas entidades políticas. Na ''15" o pessoal do Cel. Alfredo Matos. Na Lira, os correligionários de Hermelino de Assis, ou simplesmente o Cel. Mili. Em tempo de festas, os encontros durante as passeatas resultavam numa verdadeira guerra e as retretas em frente a igreja, durante as festividades religiosas, os debates, quando não terminavam em brigas entre os adeptos, tornava-se necessária a intervenção das autoridades para por fim a contenda musical.
No Futcbol, os partidários políticos também se acomodavam nas duas “bandas”, ou seja, na "15" ou na Lira, com excessão do Pirajá e Associação Atlética, cujos torcedores, na sua maioria, pertenciam as facções políticas e incentivavam os clubes para um resultado que favorecesse o seu clube, de fato.
A nossaa conversa de reminiscências, intcrrompida por Isabel, para uns cafezinhos, passou a se referir a música, com a lembrança dos companheiros; de estante, regidos pelos mestres Gifoni. e António Andrade, sob a severa fiscalização do arquivista Alfredo Costa e o olhar penetrante do Julião São Pedro, ambos censurando as nossas estrepolias, das quais nunca participou o impenetrável Dário dos Santos,
Continuarei a relatar o "papo" na próxima crônica.
Rubens E Silva. Jornal da Manhã. Ilhéus/BA 28/09/1978
Pela manhã, acompanhado do genro Fiorisvaldo, resolvi visitar o amigo-irmão Symaco Américo da Costa, jornalista e membro da Academia Brasileira de Trovas, hoje gozando de tranquila aposentadoria, após mais da 35 anos nas "Associadas".
Da Costa, na intimidade, filho de saudoso mestre de bandas Messias Américo da Costa é também um apaixonado pela sublime arte das 7 notas. Canavicirense de nascimento, tornou-se de coração, pois foi nesta cidade banhada pelo Jequitinhonha, onde passou a melhor fase da sua vida ou seja, da juventude, .participando das atividades da Lira Popular e do Tiro de Guerra 595 duas escolas oue realmente preparavam seus componentes paia a realidade da vida. O convívio com pessoas das mais diferentes índoles, nos ensina muito, mesmo porque ;a muioria na prática, é diferente.
Mal cheguei fui cercado pelo Symaco, Izabel e Sá Chica, to dos demonstrando contentamento com a inesperada visita. Da Costa queria notícias do Belmonte atual, tais como, o calçamento de ruas e a contenção do Rio Jequitionha, como o cais construído pelo intendente Godofredo Bandeira, no período 1938/1939 evitando o desaparecimento da cidade devido a um ato impensado do Horácio Farias, seu antecessor, mandando destruir um espigão, na curva do Freire, que defendia a cidade das periódicas enchentes do caudaloso rio. Das indagações sobre a atualidade, passando a recordar coisas da nossa juventude nos idos de 1915 a 1920. pri, meiro das personalidades, muitas das quais serviram de exemplo a nossa geração a começar pelos professores que nos tratavam como verdadeiros filhos de acordo com os rigorosos processos da época.
Em primeiro plano, o professor Lúcio Coelho Júnior, que exerceu o magistério por mais de 30 anos, ainda lembrado com respeito, podemos dizer, por todos os belmontenses. De uma retidão impressionante. Desfilaram depois os professores Geraldo Baltazar da Silveira, Panfilo de Carvalho, Sebastião Campos, Heroína Gonçalves, Damiana Ramos e Maezinha Guimarães, todos intelectualizados e, com a excessão de Damiana, adotavam Felisberto de Carvalho, Trajano e Ribeiro, livros didáticos que eram adotados nos colégios públicos pela sua eficiência e facilidade de assimilação e sobretudo pela estabilidade, o que não acontece hoje, quando todos os anos, surgem novos livros para o aprendizado.
A Lira Popular e a 15 de Setembro foram lembradas pelas suas festas e pela rivalidade entre si, alem de representarem, de modo geral, duas entidades políticas. Na ''15" o pessoal do Cel. Alfredo Matos. Na Lira, os correligionários de Hermelino de Assis, ou simplesmente o Cel. Mili. Em tempo de festas, os encontros durante as passeatas resultavam numa verdadeira guerra e as retretas em frente a igreja, durante as festividades religiosas, os debates, quando não terminavam em brigas entre os adeptos, tornava-se necessária a intervenção das autoridades para por fim a contenda musical.
No Futcbol, os partidários políticos também se acomodavam nas duas “bandas”, ou seja, na "15" ou na Lira, com excessão do Pirajá e Associação Atlética, cujos torcedores, na sua maioria, pertenciam as facções políticas e incentivavam os clubes para um resultado que favorecesse o seu clube, de fato.
A nossaa conversa de reminiscências, intcrrompida por Isabel, para uns cafezinhos, passou a se referir a música, com a lembrança dos companheiros; de estante, regidos pelos mestres Gifoni. e António Andrade, sob a severa fiscalização do arquivista Alfredo Costa e o olhar penetrante do Julião São Pedro, ambos censurando as nossas estrepolias, das quais nunca participou o impenetrável Dário dos Santos,
Continuarei a relatar o "papo" na próxima crônica.
Rubens E Silva. Jornal da Manhã. Ilhéus/BA 28/09/1978
Recordando Alberto Storino.
RIO — Esta crônica estava idealizada há muito tempo. Tinha por finalidade destacar a expansividade de um velho amigo e conterrâneo mas, com o passar do tempo, infelizmente ela vai se transformar em homenagem póstuma.
Estou me referindo ao saudoso Alberto Storino, radicado em Ilhéus, onde se estabeleceu com uma casa de modas masculina, na Pedro II, pioneira na cidade, das hoje popularissimas, ruas de pedestres.
Vítima de insidiosa moléstia, iniciada através do um dedo do pé, que depois de zombar da ciência médica, decretou a sua definitiva mudança para a "Província do Além", segundo a filosofia integralista da qual foi intransigente defensor.
Acompanhei de perto o dessnvolvimento da doença, pois sabendo duante uma visita a Ilhéus, do seu estado de saúde, fui visitá-lo, na residência, perto do Estádio Mário Pessoa, o encontrando bastante desanimado, como que prevendo o desenlace fatal.
Era a imagem oposta a que acostumara ver quando, como torcedor do América, seu clube preferido ou mesmo adepto da Lyra Popular, enfrentava "qualquer parada". Não estava ali o grandalhão que muitas vezes no Campo da Praça da Matriz, se indispunha com qualquer pessoa, mesmo amiga, na defesa do seu tricolor, o mesmo acontecendo durante os debates musicais entre a Lyra e a 15 de Setembro, eternas rivais.
Meses depois, aqui no Rio, algumas vezes fui visitá-lo no Jardim Botânico internado da Associação Brasileira Beneficente de Reabilitação, já com a perna amputada e, mesmo vendo maravilhosos exemplos de recuperação o amigo continuava descrente. Ali na ABBR estava uma vítima do desabamento do Viaduto Paulo de Frontim, treinando com as duas pernas mecânicas, substitutas das naturais, numa demonstração emocionante de força de vontade.
Nos bons tempos de Belmonte, Storino era componente de uma turma de rapazes, da qual participavam Orlando Cruz, Eustáquio Barbosa, Jeová Paiva, José Trocoli e Albérico Magnavita, dentre outros. Todos torcedores do América e da Lyra Popular, residentes na área da Praça 13 de Maio e com trânsito limitado da Ponta de Areia, «Quartel General da15».
Certa vez, em agosto, a Lyra foi convidada para abrilhantar a Festa de Nossa Senhora d'Ajuda em Porto Seguro. Festa de romaria assistida por numerosos belmontenses que, na época, faziam a viagem de cerca de 18 léguas, no «russo canela». Como não podia deixar de ser, o grupo de Alberto Storino, acompanhou a caravana.
A tradicional festa é realizada no arraial d'Ajuda, distante da importante e velha cidade de Porto Seguro hoje atração turística por iniciativa do governo federal. Gente de várias partes do país se reúne na pequena localidade, vivendo nos dias 13, 14 e 15 de agosto numa promiscuidade digna de nota e não sentida devido o fervor da fé de muitos e momentos de prazer de alguns que comparecem para farrearem e «colaborarem» com os banqueiros de roletas e outras modalidades de jogos. Nesta estava integrada a turma de Alberto Storino, dando tudo que a irresponsabilidade juvenil é capaz.
No dia d'a festa, logo depois da soleníssimo ato da missa, a procissão e, para tal a tradicional escolhi de pessoas para carregarem o pálio, sob o qual as autoridades precedem o andor da milagrosa santa reverenciada.
O encarregado de arregimentar es fiéis para a tarefa, sobraçando algumas túnicas, vendo o animado grupo balmontense, se dirige ao Alberto Storino que parecia liderar o grupo e pergunta: O senhor que tomar a opa? Pensando ser um convite para, mais um «trago», o velho amigo, sem pestanejar responde; «Eu hoje tomo até o diabo»!
Surpreso com a resposta, o representante da igreja foi saindo resmungando: Cruz Credo. Que falta de respeito!
Quando foi advertido da "mancada”, Storino tratou de descer a colina rumo a Porto Seguro.
Rubens E Silva. Jornal da Manhã. Ilhéus/BA 03/12/1979
Estou me referindo ao saudoso Alberto Storino, radicado em Ilhéus, onde se estabeleceu com uma casa de modas masculina, na Pedro II, pioneira na cidade, das hoje popularissimas, ruas de pedestres.
Vítima de insidiosa moléstia, iniciada através do um dedo do pé, que depois de zombar da ciência médica, decretou a sua definitiva mudança para a "Província do Além", segundo a filosofia integralista da qual foi intransigente defensor.
Acompanhei de perto o dessnvolvimento da doença, pois sabendo duante uma visita a Ilhéus, do seu estado de saúde, fui visitá-lo, na residência, perto do Estádio Mário Pessoa, o encontrando bastante desanimado, como que prevendo o desenlace fatal.
Era a imagem oposta a que acostumara ver quando, como torcedor do América, seu clube preferido ou mesmo adepto da Lyra Popular, enfrentava "qualquer parada". Não estava ali o grandalhão que muitas vezes no Campo da Praça da Matriz, se indispunha com qualquer pessoa, mesmo amiga, na defesa do seu tricolor, o mesmo acontecendo durante os debates musicais entre a Lyra e a 15 de Setembro, eternas rivais.
Meses depois, aqui no Rio, algumas vezes fui visitá-lo no Jardim Botânico internado da Associação Brasileira Beneficente de Reabilitação, já com a perna amputada e, mesmo vendo maravilhosos exemplos de recuperação o amigo continuava descrente. Ali na ABBR estava uma vítima do desabamento do Viaduto Paulo de Frontim, treinando com as duas pernas mecânicas, substitutas das naturais, numa demonstração emocionante de força de vontade.
Nos bons tempos de Belmonte, Storino era componente de uma turma de rapazes, da qual participavam Orlando Cruz, Eustáquio Barbosa, Jeová Paiva, José Trocoli e Albérico Magnavita, dentre outros. Todos torcedores do América e da Lyra Popular, residentes na área da Praça 13 de Maio e com trânsito limitado da Ponta de Areia, «Quartel General da15».
Certa vez, em agosto, a Lyra foi convidada para abrilhantar a Festa de Nossa Senhora d'Ajuda em Porto Seguro. Festa de romaria assistida por numerosos belmontenses que, na época, faziam a viagem de cerca de 18 léguas, no «russo canela». Como não podia deixar de ser, o grupo de Alberto Storino, acompanhou a caravana.
A tradicional festa é realizada no arraial d'Ajuda, distante da importante e velha cidade de Porto Seguro hoje atração turística por iniciativa do governo federal. Gente de várias partes do país se reúne na pequena localidade, vivendo nos dias 13, 14 e 15 de agosto numa promiscuidade digna de nota e não sentida devido o fervor da fé de muitos e momentos de prazer de alguns que comparecem para farrearem e «colaborarem» com os banqueiros de roletas e outras modalidades de jogos. Nesta estava integrada a turma de Alberto Storino, dando tudo que a irresponsabilidade juvenil é capaz.
No dia d'a festa, logo depois da soleníssimo ato da missa, a procissão e, para tal a tradicional escolhi de pessoas para carregarem o pálio, sob o qual as autoridades precedem o andor da milagrosa santa reverenciada.
O encarregado de arregimentar es fiéis para a tarefa, sobraçando algumas túnicas, vendo o animado grupo balmontense, se dirige ao Alberto Storino que parecia liderar o grupo e pergunta: O senhor que tomar a opa? Pensando ser um convite para, mais um «trago», o velho amigo, sem pestanejar responde; «Eu hoje tomo até o diabo»!
Surpreso com a resposta, o representante da igreja foi saindo resmungando: Cruz Credo. Que falta de respeito!
Quando foi advertido da "mancada”, Storino tratou de descer a colina rumo a Porto Seguro.
Rubens E Silva. Jornal da Manhã. Ilhéus/BA 03/12/1979
Raulino Santos – Um verdadeiro craque
RIO — Ha dias precisava me comunicar com Belmonte, para fazer chegar, a pessoa amiga, o resultado de uma "investigação" solicitada, que consistia em localizar, para uma mãe aflita, seu filho nesta Metrópole. Justificava a preocupação a falta de notícias do jovem, cuja genitora o julgava desaparecido.
Resolvi telefonar para o Hospital Santa Casa da Misericórdia onde na certa, encontraria seu provedor, o dinâmico Tenente Jerônimo Rozendo de Oliveira — para mim o sempre Gilozinho de dona Cezarina — afim de que o mesmo transmitisse já ter localizado o "desaparecido", pondo fim a natural preocupação da família do rapaz, que por sinal já havia "dado sinal de vida" a seus parentes.
A escolha do Tenente Jerônimo para a comunicação e justifica pela certeza de encontrá-lo ao "pé da obra", já que o dirigente do Hospital da Praça da Matriz dá um plantão de 24 horas por dia; na remodelada casa, hoje uma das melhores do sul-bahiano, dona que é de moderníssimas instalações. E não estava enganado. O telefone foi imediatamente atendido, através de uma transmissão nítida, apesar da comunicação ter sido feita em hora de intensa movimentação.
Mas, enquanto eu dava o meu bom recado — limitando o tempo com receio da implacável Companhia Telefônica — recebia uma notícia desagradável, Estava dando entrada no Hospital, com graves problemas cardíacos, o velho amigo e companheiro de infância, Raulino Santos. Pela forma com que Gilozinho falava, senti logo o drama do conterrâneo cujo restabelecimento era difícil, conforme se verificou logo depois com o seu falecimento.
Raulino, na época de ouro do futebol ilheense. esteve na Capital do Cacau, integrando a equipe do América Esporte Clube, na segunda metade da década de 30 quando demonstrou o seu “virtuosismo” no velho Estádio do Satélite integrante que era de uma das melhores linhas dianteiras exibidas na cidade, formada de Tavinho, Nelson Monteiro, Raulino, Bem e Nascimento. Atrás estavam Labirinto — substituído por Aires — Orlandinho e Vadinho, Rafael Filhinho e Filó.
A impressionante exibição de Raulino —um centro-avante de pequena estatura fez com que dirigentes do Vitória tentassem a sua transferência de Belmonte para Ilhéus, inclusve garantindo ao esportista visitante um emprego na firma Wildberger, que seria uma simples transferência, já que Raulino trabalhava numa firma congênere na sua cidade, ou seja na Rapold, Manz e Cia, compradora de cacau. Na época houve até uma reunião no escritório do Loyd Brasileiro com a participação de Amaral Carneiro e Chico Pinto quando as alegações dos locais não convenceram o "crack" belmontense que, diga-se de passagem, anos depois me confessou arrependido, principalmente pela discriminação sofrida quando de sua aposentadoria, depois de muitos anos de dedicação.
De há muito Raulino que foi vereador em várias legislaturas e funcionário da secretaria da Câmara Belmontense, vinha como traumatizado e, quando podia se desviava dos velhos amigos nas periódicas visitas a "santa terrinha" para render graças a Nossa Senhora do Carmo. Comigo era difícil o desencontro, pois sempre "forçava a barra" e conseguia alguns momentos para as lembranças gostosas das noites enluaradas da Praça da Matriz, quando passávamos em desfiles respeitáveis personalidades como Tiago. Valverde, Pedro Bandeira, Permínio Santos, Teófilo Barros, Antônio de Astério, Ascânio Imbassay, Melquíades Nascimento, Saturnino Costa, João Bambola, Melo Poassu, Dr. Péricles Trajano Reis, Inocêncio Costa, Epifânio Conceição, José e Joaquim Ramos de Andrade, Jersulino Lopes e uma plêiade de homens que fizeram época na nossa cidade, por nós respeitados e até reverenciados.
No ano passado, num rápido encontro na remodelada Praça 13 de Maio, eu e Osvaldo Peixoto — outro belmontense que "se mandou" para outras paragens, mas anualmente presente às solenidade em louvor a Virgem do Carmo — revivemos momentos da nossa infância, juntamente com Raulino Santos que estava até eufórico inclusive soltando gostosas risadas; como que se despedindo de dois companheiros velhos.
Naquela tarde lembramos de Eusébio Quebra-Varas, pai do fazedor de "arrais" o barbeiro Pânfilo, no dia em que '"afanou" uns quiabos do compadre quitandeiro Zé Mamão e pôs na cabeça, cobrindo com o chapéu, mas que na chegada de um terceiro personagem, se esqueceu do produto do furto e, se descobrindo, sob o espanto geral, viu os quiabos se espalharem pelo chão.
Prefiro lembrar o Raulino eufórico e contador de casos para esta coluna ao triste, sorumbático e arredio Raulino um dos monstros sagrados do futebol belmontense.
Rubens E. Silva Jornal da Manhã – Ilhéus, BA 12/Dez/1980
Resolvi telefonar para o Hospital Santa Casa da Misericórdia onde na certa, encontraria seu provedor, o dinâmico Tenente Jerônimo Rozendo de Oliveira — para mim o sempre Gilozinho de dona Cezarina — afim de que o mesmo transmitisse já ter localizado o "desaparecido", pondo fim a natural preocupação da família do rapaz, que por sinal já havia "dado sinal de vida" a seus parentes.
A escolha do Tenente Jerônimo para a comunicação e justifica pela certeza de encontrá-lo ao "pé da obra", já que o dirigente do Hospital da Praça da Matriz dá um plantão de 24 horas por dia; na remodelada casa, hoje uma das melhores do sul-bahiano, dona que é de moderníssimas instalações. E não estava enganado. O telefone foi imediatamente atendido, através de uma transmissão nítida, apesar da comunicação ter sido feita em hora de intensa movimentação.
Mas, enquanto eu dava o meu bom recado — limitando o tempo com receio da implacável Companhia Telefônica — recebia uma notícia desagradável, Estava dando entrada no Hospital, com graves problemas cardíacos, o velho amigo e companheiro de infância, Raulino Santos. Pela forma com que Gilozinho falava, senti logo o drama do conterrâneo cujo restabelecimento era difícil, conforme se verificou logo depois com o seu falecimento.
Raulino, na época de ouro do futebol ilheense. esteve na Capital do Cacau, integrando a equipe do América Esporte Clube, na segunda metade da década de 30 quando demonstrou o seu “virtuosismo” no velho Estádio do Satélite integrante que era de uma das melhores linhas dianteiras exibidas na cidade, formada de Tavinho, Nelson Monteiro, Raulino, Bem e Nascimento. Atrás estavam Labirinto — substituído por Aires — Orlandinho e Vadinho, Rafael Filhinho e Filó.
A impressionante exibição de Raulino —um centro-avante de pequena estatura fez com que dirigentes do Vitória tentassem a sua transferência de Belmonte para Ilhéus, inclusve garantindo ao esportista visitante um emprego na firma Wildberger, que seria uma simples transferência, já que Raulino trabalhava numa firma congênere na sua cidade, ou seja na Rapold, Manz e Cia, compradora de cacau. Na época houve até uma reunião no escritório do Loyd Brasileiro com a participação de Amaral Carneiro e Chico Pinto quando as alegações dos locais não convenceram o "crack" belmontense que, diga-se de passagem, anos depois me confessou arrependido, principalmente pela discriminação sofrida quando de sua aposentadoria, depois de muitos anos de dedicação.
De há muito Raulino que foi vereador em várias legislaturas e funcionário da secretaria da Câmara Belmontense, vinha como traumatizado e, quando podia se desviava dos velhos amigos nas periódicas visitas a "santa terrinha" para render graças a Nossa Senhora do Carmo. Comigo era difícil o desencontro, pois sempre "forçava a barra" e conseguia alguns momentos para as lembranças gostosas das noites enluaradas da Praça da Matriz, quando passávamos em desfiles respeitáveis personalidades como Tiago. Valverde, Pedro Bandeira, Permínio Santos, Teófilo Barros, Antônio de Astério, Ascânio Imbassay, Melquíades Nascimento, Saturnino Costa, João Bambola, Melo Poassu, Dr. Péricles Trajano Reis, Inocêncio Costa, Epifânio Conceição, José e Joaquim Ramos de Andrade, Jersulino Lopes e uma plêiade de homens que fizeram época na nossa cidade, por nós respeitados e até reverenciados.
No ano passado, num rápido encontro na remodelada Praça 13 de Maio, eu e Osvaldo Peixoto — outro belmontense que "se mandou" para outras paragens, mas anualmente presente às solenidade em louvor a Virgem do Carmo — revivemos momentos da nossa infância, juntamente com Raulino Santos que estava até eufórico inclusive soltando gostosas risadas; como que se despedindo de dois companheiros velhos.
Naquela tarde lembramos de Eusébio Quebra-Varas, pai do fazedor de "arrais" o barbeiro Pânfilo, no dia em que '"afanou" uns quiabos do compadre quitandeiro Zé Mamão e pôs na cabeça, cobrindo com o chapéu, mas que na chegada de um terceiro personagem, se esqueceu do produto do furto e, se descobrindo, sob o espanto geral, viu os quiabos se espalharem pelo chão.
Prefiro lembrar o Raulino eufórico e contador de casos para esta coluna ao triste, sorumbático e arredio Raulino um dos monstros sagrados do futebol belmontense.
Rubens E. Silva Jornal da Manhã – Ilhéus, BA 12/Dez/1980
Rasgando o cartaz de um valente.
RIO — Cheguei em Ilhéus. ao apagar das luzes da década de 1920. Já havia terminado a Era dos Zés de Valença e Ninki que, por muito tempo. tumultuaram a cidade, acobertados pelos chefes políticos, na época em que possuir jagunços dava o que hoje é chama “status" a fazendeiros. Até hoje muita gente se lembra das façanhas dos dois destacados elementos, perseguidos e eliminados pela polícia do Tenente Sobrinho, escolhido, a dedo, para por fim as estrepolias dos valentões que, periodicamente, traziam em sobressalto a população.
Conforme voz corrente, José de Valença, quando embriagado, "fazia misérias", começando e terminando na zona de meretrício, compreendida entre a Araújo Pinho até todo o Gameleiro e Pimenta, sobre os olhares complacentes da polícia, sempre escolhida pelos políticos. Muitas vezes, quando a "coisa" passava dos limites, um choque policial agia violentamente fazendo o valente bater em retirada. Numa destas ocasiões José de Valença obrigou a State antecipar o horário da saída do trem.
A situação chegou a "tal ponto" que o governo do Estado foi obrigado a tomar medidas drásticas para por fim ao banditismo e os focos de jagunços espalhados por toda a região cacaucira, dando ''carta branca" ao tenente Sobrinho que saiu melhor ao que a encomenda.
Com a chegada do oficial e sua gente houve uma debandada geral dos velcntões, muitos dos quais foram parar na divisa Bahia-Minas. A debandada teve início quando José de Valença, ainda com as "costas quentes", promoveu a sua maior arruaça na cidade e foi cercado pela Polícia Especial, no areial da antiga Feira, perto da Estrada de Ferro. Tentou uma saída no Cais do Querosene no Plano Inclinado, atirando-se nágua para alcançar Eustáquio Bastos", porém, foi atingido mortalmente pela polícia. Consta que alguns chefes políticos foram impedidos de acompanhar seu enterro. O caixão foi transportado para o cemitério por alguns carregadores, escolhidos pela polícia.
Outro que deu muito trabalho à polícia foi o José Ninki, cunhado do dr. Enock Carteado, médico-farmaceutico ilheense que ficou afamado quando realizou uma excursão aos Estados Unidos. A população o incluiu no anedotário local fatos jocosos que teriam ocorrido com o médico na terra do Tio Sam.
Quando estava "bicado"', Zé Ninki fazia um reboliço "dos diabos" na cidade, principalmente quando precisava de dinheiro. Se dirigia à Praça Seabra e em frente a residência do seu parentre afim, num prédio perto dos Comerciários, e fazia um verdadeiro carnaval.
Depois da Era dos "Zés" e outros menos votados, apareceram alguns "valentes", principalmente na área portuária. Era "gente" de chefes políticos locais que agiam sob a "proteção" da policia, que fazia "vista grossa", quando não dava uma "mãozinha" nas investidas dos provocadores, Quem não se lembra do Pacífico do Amor Divino, «afilhado» do senador Pessoa, que costumava desfilar com uma espada "Rabo de Galo", juntamente com a patrulha policial, a cata de eleitor adversário, mss, quando só evitava qualquer confronto por menor que fosse? Era o "manda chuva"; alí do Café, onde morava e tinha uma venda.
Na Estiva, dentre outros existia o : Hilário Costeleta, pai do prático de farmácia "Dr. Cachorro," apelido que não o incomodava. As largas costeletas do Hilário eram, por assim dizer, "sinônimo de valentia. Era mesmo temido gostava de "fanfarronar". Certa vez para mostrar o seu valor, resolveu dar "uns tirinhos" na essa do seu chefe o saudoso Álvaro Vieira, quase matando Dª Bnedita, esposa do diretor da Associação Comercial que, imediatamente cortou as relações, já abaladas com outras demonstrações.
Hilário tinha uma velha richa com o pacato estivador Hermínio Reis que evitava as provocações do colega. Um dia, entretanto, no Largo da Feira, Hermínio encontrou Hilário e ao ser atacado reagiu inesperadamente não dando nenhuma oportunidade de reação.
Ante a situação, costeleta saiu em disparada e, não fosse encontrar a casa de Maria Pão de Milho, aberta, naturalmente seria um homem morto.
"A notícia se espalhou pela cidade e com ele desapareceu a fama de valente do desabusado Estivador
Rubens E Silva. Jornal da Manhã. Ilhéus/BA 24/10/1979
Conforme voz corrente, José de Valença, quando embriagado, "fazia misérias", começando e terminando na zona de meretrício, compreendida entre a Araújo Pinho até todo o Gameleiro e Pimenta, sobre os olhares complacentes da polícia, sempre escolhida pelos políticos. Muitas vezes, quando a "coisa" passava dos limites, um choque policial agia violentamente fazendo o valente bater em retirada. Numa destas ocasiões José de Valença obrigou a State antecipar o horário da saída do trem.
A situação chegou a "tal ponto" que o governo do Estado foi obrigado a tomar medidas drásticas para por fim ao banditismo e os focos de jagunços espalhados por toda a região cacaucira, dando ''carta branca" ao tenente Sobrinho que saiu melhor ao que a encomenda.
Com a chegada do oficial e sua gente houve uma debandada geral dos velcntões, muitos dos quais foram parar na divisa Bahia-Minas. A debandada teve início quando José de Valença, ainda com as "costas quentes", promoveu a sua maior arruaça na cidade e foi cercado pela Polícia Especial, no areial da antiga Feira, perto da Estrada de Ferro. Tentou uma saída no Cais do Querosene no Plano Inclinado, atirando-se nágua para alcançar Eustáquio Bastos", porém, foi atingido mortalmente pela polícia. Consta que alguns chefes políticos foram impedidos de acompanhar seu enterro. O caixão foi transportado para o cemitério por alguns carregadores, escolhidos pela polícia.
Outro que deu muito trabalho à polícia foi o José Ninki, cunhado do dr. Enock Carteado, médico-farmaceutico ilheense que ficou afamado quando realizou uma excursão aos Estados Unidos. A população o incluiu no anedotário local fatos jocosos que teriam ocorrido com o médico na terra do Tio Sam.
Quando estava "bicado"', Zé Ninki fazia um reboliço "dos diabos" na cidade, principalmente quando precisava de dinheiro. Se dirigia à Praça Seabra e em frente a residência do seu parentre afim, num prédio perto dos Comerciários, e fazia um verdadeiro carnaval.
Depois da Era dos "Zés" e outros menos votados, apareceram alguns "valentes", principalmente na área portuária. Era "gente" de chefes políticos locais que agiam sob a "proteção" da policia, que fazia "vista grossa", quando não dava uma "mãozinha" nas investidas dos provocadores, Quem não se lembra do Pacífico do Amor Divino, «afilhado» do senador Pessoa, que costumava desfilar com uma espada "Rabo de Galo", juntamente com a patrulha policial, a cata de eleitor adversário, mss, quando só evitava qualquer confronto por menor que fosse? Era o "manda chuva"; alí do Café, onde morava e tinha uma venda.
Na Estiva, dentre outros existia o : Hilário Costeleta, pai do prático de farmácia "Dr. Cachorro," apelido que não o incomodava. As largas costeletas do Hilário eram, por assim dizer, "sinônimo de valentia. Era mesmo temido gostava de "fanfarronar". Certa vez para mostrar o seu valor, resolveu dar "uns tirinhos" na essa do seu chefe o saudoso Álvaro Vieira, quase matando Dª Bnedita, esposa do diretor da Associação Comercial que, imediatamente cortou as relações, já abaladas com outras demonstrações.
Hilário tinha uma velha richa com o pacato estivador Hermínio Reis que evitava as provocações do colega. Um dia, entretanto, no Largo da Feira, Hermínio encontrou Hilário e ao ser atacado reagiu inesperadamente não dando nenhuma oportunidade de reação.
Ante a situação, costeleta saiu em disparada e, não fosse encontrar a casa de Maria Pão de Milho, aberta, naturalmente seria um homem morto.
"A notícia se espalhou pela cidade e com ele desapareceu a fama de valente do desabusado Estivador
Rubens E Silva. Jornal da Manhã. Ilhéus/BA 24/10/1979
Quando a Marinha “Consertava” garotos.
Houve tempo que a Escola de Aprendizes Marinheiros era uma espécie de abrigo para garotos rebeldes, àqueles cujos pais não conseguiam «endireitar». No último recurso vinha a sentença fatal:
─ Vou te mandar para a Marinha. Lá vai encontrar dureza. Você vai aprender a ser homem.
Efetivamente a Escola de Aprendizes Marinheiros, onde ela se encontrasse, recebia de braços abertos os seus alunos, sem procurar saber seus antecedentes, pois tinha certeza de não estar recebendo nenhum "anjinho" mas que os métodos da casa iam funcionar e acabavam por lapidá-los, como acontecia invariavelmente com a maioria que ficava no estabelecimento Lá de lato se aprendia a ser gente.
Mesmo em Ilhéus temos pacatos cidadãos, hoje reformados que, na juventude foram " expatriados" para a Escola de Marinheiros e nas suas primeiras férias mostravam a diferença de comportamento.
Por exemplo. Quem pode dizer que "Mica", do velho Laureano Brandão, era um endiabrado garoto Que trazia em polvorosa a Rua das Quintas e as praças Castro Alves e Ruy Barbosa?…
Hoje entretanto, tudo se modificou. A Marinha não é mais àquela formada, ou melhor, obrigada a «endireitar» seus futuros componentes
Para se ingressar na corporação militar é preciso ter bom comportamento, além de relativo saber, demonstrado através de uma prova de seleção onde os candidatos devem ter curso ginasial para enfrentarem milhares de pretendentes e conseguirem a classificação desejada.
Em meados de 1930 sem o prévio aviso me aparece em Iiliéus um primo me trazendo a incumbência de mandá-lo para a Escola de Aprendizes Marinheiro de Salvador. Seu pai. meu tio João Batista Esteves, baseado em que lugar de menino rebelde era a Marinha, queria a confirmação da acertiva. As informações a respeito do garoto eram as piores. Mas o garoto com os seus quase 14 anos não era tão rebelde assim. Apenas não gostada de ser molestado. Não engeitava parada. Dumas era seu nome.
Com seu sotaque de mineiro que era de nascimento, começou a ser "gozasdo" pela garotada ilheense.Reagia a «gozação» com agressão. Constantente recebia reclamações ou informações sobre as brigas do Dumas, que, enfrfentava os grupos que lhe atacavam e muitas vezes levando vantagem.
Certo dia trabalhava normalmente no "Diário” quando um «biribano» gazeteiro vem me avisar que o primo estava brigando com uns três , sob os aplausos de numerosa assistência. O embate era no Largo do Unhão. Me dirigi ao local e verifiquei que, entre os torcedores estava o cel. Henrique Alves, tradicional personagem das lutas na região e que, na época, mantinha em suas fazendas remanescentes que encaparam das forças do tenente Sobrinho, segundo se propalava. Torcia por meu garoto. Desapartando a luta me dirigi ao fazendeiro advertindo:
─ Fique tranquilo coronel, este o senhor não levará para a sua fazenda.
Dias depois por intermédio da doutora Odília Lavigne, esposa do então prefeito Eusínio Lavigne, Dumas foi agregado a Escola de Aprendizes Marinheiros de Salvador, onde, ao completar 14 anos /, ingressou oficialmente na tradicional organização militar ,
Hoje o Dumas Ramalho Esteves, é um pacato cidadão, chefe de uma família composta de esposa, filhos e netos, residindo em Santo André, São Paulo,
Rubens E Silva. Jornal da Manhã. Ilhéus/BA 19/08/1978
─ Vou te mandar para a Marinha. Lá vai encontrar dureza. Você vai aprender a ser homem.
Efetivamente a Escola de Aprendizes Marinheiros, onde ela se encontrasse, recebia de braços abertos os seus alunos, sem procurar saber seus antecedentes, pois tinha certeza de não estar recebendo nenhum "anjinho" mas que os métodos da casa iam funcionar e acabavam por lapidá-los, como acontecia invariavelmente com a maioria que ficava no estabelecimento Lá de lato se aprendia a ser gente.
Mesmo em Ilhéus temos pacatos cidadãos, hoje reformados que, na juventude foram " expatriados" para a Escola de Marinheiros e nas suas primeiras férias mostravam a diferença de comportamento.
Por exemplo. Quem pode dizer que "Mica", do velho Laureano Brandão, era um endiabrado garoto Que trazia em polvorosa a Rua das Quintas e as praças Castro Alves e Ruy Barbosa?…
Hoje entretanto, tudo se modificou. A Marinha não é mais àquela formada, ou melhor, obrigada a «endireitar» seus futuros componentes
Para se ingressar na corporação militar é preciso ter bom comportamento, além de relativo saber, demonstrado através de uma prova de seleção onde os candidatos devem ter curso ginasial para enfrentarem milhares de pretendentes e conseguirem a classificação desejada.
Em meados de 1930 sem o prévio aviso me aparece em Iiliéus um primo me trazendo a incumbência de mandá-lo para a Escola de Aprendizes Marinheiro de Salvador. Seu pai. meu tio João Batista Esteves, baseado em que lugar de menino rebelde era a Marinha, queria a confirmação da acertiva. As informações a respeito do garoto eram as piores. Mas o garoto com os seus quase 14 anos não era tão rebelde assim. Apenas não gostada de ser molestado. Não engeitava parada. Dumas era seu nome.
Com seu sotaque de mineiro que era de nascimento, começou a ser "gozasdo" pela garotada ilheense.Reagia a «gozação» com agressão. Constantente recebia reclamações ou informações sobre as brigas do Dumas, que, enfrfentava os grupos que lhe atacavam e muitas vezes levando vantagem.
Certo dia trabalhava normalmente no "Diário” quando um «biribano» gazeteiro vem me avisar que o primo estava brigando com uns três , sob os aplausos de numerosa assistência. O embate era no Largo do Unhão. Me dirigi ao local e verifiquei que, entre os torcedores estava o cel. Henrique Alves, tradicional personagem das lutas na região e que, na época, mantinha em suas fazendas remanescentes que encaparam das forças do tenente Sobrinho, segundo se propalava. Torcia por meu garoto. Desapartando a luta me dirigi ao fazendeiro advertindo:
─ Fique tranquilo coronel, este o senhor não levará para a sua fazenda.
Dias depois por intermédio da doutora Odília Lavigne, esposa do então prefeito Eusínio Lavigne, Dumas foi agregado a Escola de Aprendizes Marinheiros de Salvador, onde, ao completar 14 anos /, ingressou oficialmente na tradicional organização militar ,
Hoje o Dumas Ramalho Esteves, é um pacato cidadão, chefe de uma família composta de esposa, filhos e netos, residindo em Santo André, São Paulo,
Rubens E Silva. Jornal da Manhã. Ilhéus/BA 19/08/1978
Profusão de acrósticos.
RIO — Tenho uma turma de amigos que parece ter, nesta coluna, uma espécie de "cadeira cativa». Vez por outra lá está o nome de um deles. São de fato velhos amigos dos bons tempos de irresponsabilidade que o compositor Ataulfo Alves numa das suas magnificas composições —- Miraí — dis se que a gente «era feliz e não sabia». Pará mim, naturalmente, a maravilhosa fase, começou em Belmonte, terminando em Ilhéus, mais precisamente quando da minha mudança para o Rio, “terra onde filho chora e mãe não ouve”.
As «cadeiras cativas» desta Coisas Velhas e Novas, pertencem aos camaradas da juventude espalhados por Belmonte e Ilhéus, onde constantemente relato fatos que marcaram uma época que já vai muito longe.
Naquele tempo mesmo «Deus não dando», os velhos ainda que não fossem ligados aos nossos pais davam educação aos mais moços e ainda recebiam elogios sinceros dos nossos familiares que, sem interferência das autoridades, nos «exemplavam» à sua moda. Esta citação vem de encontro a uma crônica do jornalista J. Sara… Castro, no JORNAL DA MANHÃ — Tentação — que afirmava "gente… todas as classes e de todas as cores…aquilo que Deus deu para to… cação. Isto nos tempos atuais.
Componente na minha equipe de amigos, está em destaque, dentre outros. Dário dos Santos que meus leitores conhecem. Fomos quase criados juntos e, por afinidade, não tivemos a felicidade de conhecermos nossos pais. Ele recebeu a assistência da sua irmã mais velha, Julita Santos, cujos conceitos rígidos de educação transferiu ao seu irmão. Eu apesar de ter mãe, fui criado por minha avó professora Maria Amélia Tabirá, na época já aposentada, mas rigorosa nos seus ensinamentos. A nós também estava ligado outro amigo Symaco da Costa, praticamente criado pela sua saudosa mãe Tereza Fernandes da Cesta, pois seu pai maestro Messias da Costa, sempre estava viajando a chamado de filarmônicas, como exímio regente que era. Praticamente vivíamos juntos, e desta união, a fraterna amizade até hoje conservada. Em Ilhéus constituí inúmeros amigos tão sólidos quanto muitos ainda existentes em Belmonte.
Esta coluna registra o recebimento de mais um livro do ''mestre» Dário dos Santos, seu terceiro. Trata-se de «Profusão de Acrósticos» que, no Carta-prefácio do jornalista e membro da Academia Municipalista de Letras de Minas Gerais, José Cortes Duarte, foi «feito para dar seguimento à profusão de nomes que lhes afloram á… …lheu esse gênero difícil de versificar,
As quase cem páginas de Profusão de Acrósticos alcançarão, de certo, o êxito alcançado pelos «O Carabanda e «Profusão de Acrósticos,» editados respectivamente em 1975 e 1977.
Entusiasmado com o novo trabalho do amigo comum, o poeta trovador Smaco da Costa, fundador da Academia de Trovas, que foi presidida pelo imoral Ademar /tavares, fez a seguinte trova:
Esse Dario dos Santos
Músico, poeta e escritor,
Verseja em todos os cantos…
Onde se faia em amor.
Ao velho amigo e companheiro de estante, muito sucesso e que continue a produzir poesias para suplantar a fase de violência e incomprensão que es-…
Obs.: … (falta de trechos)
Rubens E Silva. Jornal da Manhã. Ilhéus/BA 04/11/1978
As «cadeiras cativas» desta Coisas Velhas e Novas, pertencem aos camaradas da juventude espalhados por Belmonte e Ilhéus, onde constantemente relato fatos que marcaram uma época que já vai muito longe.
Naquele tempo mesmo «Deus não dando», os velhos ainda que não fossem ligados aos nossos pais davam educação aos mais moços e ainda recebiam elogios sinceros dos nossos familiares que, sem interferência das autoridades, nos «exemplavam» à sua moda. Esta citação vem de encontro a uma crônica do jornalista J. Sara… Castro, no JORNAL DA MANHÃ — Tentação — que afirmava "gente… todas as classes e de todas as cores…aquilo que Deus deu para to… cação. Isto nos tempos atuais.
Componente na minha equipe de amigos, está em destaque, dentre outros. Dário dos Santos que meus leitores conhecem. Fomos quase criados juntos e, por afinidade, não tivemos a felicidade de conhecermos nossos pais. Ele recebeu a assistência da sua irmã mais velha, Julita Santos, cujos conceitos rígidos de educação transferiu ao seu irmão. Eu apesar de ter mãe, fui criado por minha avó professora Maria Amélia Tabirá, na época já aposentada, mas rigorosa nos seus ensinamentos. A nós também estava ligado outro amigo Symaco da Costa, praticamente criado pela sua saudosa mãe Tereza Fernandes da Cesta, pois seu pai maestro Messias da Costa, sempre estava viajando a chamado de filarmônicas, como exímio regente que era. Praticamente vivíamos juntos, e desta união, a fraterna amizade até hoje conservada. Em Ilhéus constituí inúmeros amigos tão sólidos quanto muitos ainda existentes em Belmonte.
Esta coluna registra o recebimento de mais um livro do ''mestre» Dário dos Santos, seu terceiro. Trata-se de «Profusão de Acrósticos» que, no Carta-prefácio do jornalista e membro da Academia Municipalista de Letras de Minas Gerais, José Cortes Duarte, foi «feito para dar seguimento à profusão de nomes que lhes afloram á… …lheu esse gênero difícil de versificar,
As quase cem páginas de Profusão de Acrósticos alcançarão, de certo, o êxito alcançado pelos «O Carabanda e «Profusão de Acrósticos,» editados respectivamente em 1975 e 1977.
Entusiasmado com o novo trabalho do amigo comum, o poeta trovador Smaco da Costa, fundador da Academia de Trovas, que foi presidida pelo imoral Ademar /tavares, fez a seguinte trova:
Esse Dario dos Santos
Músico, poeta e escritor,
Verseja em todos os cantos…
Onde se faia em amor.
Ao velho amigo e companheiro de estante, muito sucesso e que continue a produzir poesias para suplantar a fase de violência e incomprensão que es-…
Obs.: … (falta de trechos)
Rubens E Silva. Jornal da Manhã. Ilhéus/BA 04/11/1978
Zé vencedor e os quatro ovos.
RIO — Já conhecia há meses, «TABU», um velho e moderno quinzenário Canavieirense fundado em 1968, pelo jornalista Tyrone Perrucho e hoje dirigido por G. Perrucho e tem como proprietário a Grafessos. Conheci o Tablóide por intermédio do jornalista — trovador dos Diários Associados, Symaco da Costa, hoje gozando uma tranqüila aposentadoria.
Mas, esta semana, por uma deferência especial dos seus editores estou recebendo o último número do TABU que terá como legenda, a defesa dos interesses da região cacaueira confirmada através da farta matéria publicada por todas as suas páginas.
Muitas curiosidades, inclusive.compiladas dos jornais locais «O Progressista» e «A Razão», editados na cidade sulina, nas primeiras décadas deste século. Das curiosidades publicadas destaco além do protesto de João Antônio de Sousa, contra a noticia da invasão, que não houve, da sua casa pelo então tenente Miguel Rocha, e do gerente do «Café Pedroca», desmentindo ser o mesmo misturado com areia, além do protesto contra o enterro de indigentes completamente nus e do falecimento do suíço Carlos Muller, pioneiro da compra de cacau em Canavieiras, ocorrido em 1918. O estilo e a ortografia da época, nos traz recordações indeléveis dos bons tempos da rivalidade entre -Belmonte e Canavieiras, quando, sob a alegação "de "pacificação entre as duas cidades, realizavam excursões esportivas que serviam para agravar a situação, pois sempre os jogos terminavam em brigas e correrias, temperadas com intensa pancadaria tanto no campo do mangue, em Canavieiras, como na Praça da Matriz, em Belmonte onde os moirões que cercavam os gramados serviam de armas para os litigantes.
Lembro que certa vez o «São Paulo», clube belmontense promoveu uma excursão a Canavieiras. Na chefia estava o português José Vencedor, que foi a frente:- de numerosa delegação transportada pelas lanchas a motor de Sebastião Pinho e Brás Gifoni. O quadro visitante estava bem afiado e todos acreditavam na vitória final.
Corno sempre acontecia, a delegação belmontense foi festivamente recebida comparecendo no cais da Cia. Bahiana grande número de torcedores locais rigidamente controlados pelas autoridades canavieirenses. O hotel de Araújo e a pensão, de Antônio Magno ficaram superlotados pelos visitantes que confiavam piamente no êxito dos seus jogadores.
Finalmente, é chegada á grande hora do jogo. Não sei se ainda é assim. Naquela época, o campo canavieirense era localizado entre as áreas de mangues e apenas com uma entrada de acesso, ou seja, por uma estreita via o que dificultava a entrada para os torcedores, principalmente nos jogos com clubes de fora. Na hora do «entrevero» muita gente caía no mangue até a situação se normalizar.
Ao início do jogo Suruba Bafica o ponta direita belmontense abre o escore, animando os visitantes. Porém os locais pouco a pouco tomam conta do campo e conseguem quatro tentos para a alegria dos locais que eufóricos, se limitam apenas a vaiarem os visitantes, concentrando a gritaria, em torno do chefe da delegação José Vencedor que chegando ao Hotel do Araújo solicita o jantar.
O hoteleiro, “sem outra saída”, pois a dispensa foi completamente «raspada» manda fritar uns ovos para o presidente da embaixada visitante.
O cozinheiro corno que para «gozar» o português, serve quatro ovos fritos.
Irritado com a derrota e, sobretudo pelas vaias, ao ver o prato que lhe foi servido, exclama:
— Raios que o parta. Hoje tudo é quatro. Só mesmo dando nesta gente com um gato morto até fazer «miare».
A reação do José Vencedor foi recebida com uma forte, gargalhada que impediu que se ouvisse os motoristas das lanchas solicitando o embarque de volta dos visitantes, para que não se perdesse a maré, evitando o encalhe na passagem do «Peso»
Rubens E Silva. Jornal da Manhã. Ilhéus/BA 22/05/1979
Mas, esta semana, por uma deferência especial dos seus editores estou recebendo o último número do TABU que terá como legenda, a defesa dos interesses da região cacaueira confirmada através da farta matéria publicada por todas as suas páginas.
Muitas curiosidades, inclusive.compiladas dos jornais locais «O Progressista» e «A Razão», editados na cidade sulina, nas primeiras décadas deste século. Das curiosidades publicadas destaco além do protesto de João Antônio de Sousa, contra a noticia da invasão, que não houve, da sua casa pelo então tenente Miguel Rocha, e do gerente do «Café Pedroca», desmentindo ser o mesmo misturado com areia, além do protesto contra o enterro de indigentes completamente nus e do falecimento do suíço Carlos Muller, pioneiro da compra de cacau em Canavieiras, ocorrido em 1918. O estilo e a ortografia da época, nos traz recordações indeléveis dos bons tempos da rivalidade entre -Belmonte e Canavieiras, quando, sob a alegação "de "pacificação entre as duas cidades, realizavam excursões esportivas que serviam para agravar a situação, pois sempre os jogos terminavam em brigas e correrias, temperadas com intensa pancadaria tanto no campo do mangue, em Canavieiras, como na Praça da Matriz, em Belmonte onde os moirões que cercavam os gramados serviam de armas para os litigantes.
Lembro que certa vez o «São Paulo», clube belmontense promoveu uma excursão a Canavieiras. Na chefia estava o português José Vencedor, que foi a frente:- de numerosa delegação transportada pelas lanchas a motor de Sebastião Pinho e Brás Gifoni. O quadro visitante estava bem afiado e todos acreditavam na vitória final.
Corno sempre acontecia, a delegação belmontense foi festivamente recebida comparecendo no cais da Cia. Bahiana grande número de torcedores locais rigidamente controlados pelas autoridades canavieirenses. O hotel de Araújo e a pensão, de Antônio Magno ficaram superlotados pelos visitantes que confiavam piamente no êxito dos seus jogadores.
Finalmente, é chegada á grande hora do jogo. Não sei se ainda é assim. Naquela época, o campo canavieirense era localizado entre as áreas de mangues e apenas com uma entrada de acesso, ou seja, por uma estreita via o que dificultava a entrada para os torcedores, principalmente nos jogos com clubes de fora. Na hora do «entrevero» muita gente caía no mangue até a situação se normalizar.
Ao início do jogo Suruba Bafica o ponta direita belmontense abre o escore, animando os visitantes. Porém os locais pouco a pouco tomam conta do campo e conseguem quatro tentos para a alegria dos locais que eufóricos, se limitam apenas a vaiarem os visitantes, concentrando a gritaria, em torno do chefe da delegação José Vencedor que chegando ao Hotel do Araújo solicita o jantar.
O hoteleiro, “sem outra saída”, pois a dispensa foi completamente «raspada» manda fritar uns ovos para o presidente da embaixada visitante.
O cozinheiro corno que para «gozar» o português, serve quatro ovos fritos.
Irritado com a derrota e, sobretudo pelas vaias, ao ver o prato que lhe foi servido, exclama:
— Raios que o parta. Hoje tudo é quatro. Só mesmo dando nesta gente com um gato morto até fazer «miare».
A reação do José Vencedor foi recebida com uma forte, gargalhada que impediu que se ouvisse os motoristas das lanchas solicitando o embarque de volta dos visitantes, para que não se perdesse a maré, evitando o encalhe na passagem do «Peso»
Rubens E Silva. Jornal da Manhã. Ilhéus/BA 22/05/1979
Visita agradável a Casa de Artistas.
RIO — Foi uma tarde agradável que fiz com a patroa à casa da Lecy Flores, mãe de Gilka e Gilson, na sua residência à Rua Senador Furtado, em Maracanã, atendendo a um convite feito quando da Exposição de Pinturas no Clube do Satélite.
Lá estavam o Etelvino e Profetina Flores, além da Telma, com a sua contagiante alegria, contrastando com a quase sisudez do velho funcionário público aposentado, o chefe da “tribo” que disfarça a alegria pelo êxito dos seus netos artistas.
Mal chegamos o Gilson nos apresentou o seu prêmio internacional conferido pela Prefeitura de Berlim, o Urso de Pelúcia, já proletarizado, entre os .brinquedos do artista «mirim», tais como carrinhos e a indefectível bola de futebol, a maior preocupação da sua mãe, já que o campo de ação é mesmo nas dependências do apartamento, por sinal com amplas acomodações, coisa rara nas edificações atuais, impostas pelo Banco Nacional de Habitação para as famílias de baixa renda, hoje colocada um pouco acima de dois salários mínimos.
Da família Flores só faltou Dilma, que julgo das três filhas, a mais retraída, mas não tanto que impeça participar dos «papos». Ela tem dois jovens e estudiosos filhos que enfrentam seus cursos dia e noite.
Na visita me esperavam duas agradáveis surpresas, uma das quais foi saber que Lecy também é uma pintora participante de exposições, ligada a Associação Brasilera de Desenho da qual participa a pintora, escultora e gravadora Emilia de Rego Barros Paiva, com inúmeras medalhas de ouro, além de Prêmio de Viagem ao Estrangeiro, de quem oportunamente voltarei a falar.
O terceiro de seus filhos também pratica a sublime arte da pintura. Trata-se de Gilmar que, com os seus 11 anos, já participou de «mostras» e conquistou prêmios, inclusive medalhas. Foi a segunda surpresa.
Muitos quadros estão espalhados pelas dependências da casa da Lecy uma jovem senhora, de uma simpatia que cativa no primeiro contato.
Como Gilson, Gilmar nos apresentou seus trofeus e alguns trabalhos, da mesma forma que procedeu Gilka. Ambos, corno os grandes artistas, não demonstram grande entusiasmo pelos seus feitos. Creio até que eles acham tudo bem natural e rotineiro, o que não acontece com os pais e avós e nós outros ligados a família, e quando apreciamos seus trabalhos, ficamos orgulhosos e muitas vezes até emocionados.
Toda a tarde quase que o assunto foi pintura e a promessa de convites para assistirmos exposições de que participem os garotos e a Lecy, cujo circulo de amigos é enorme, como nos deu provas não só a primeira no Satélite, bem como a III Mostra de Artes da Associação Brasileira de Desenho, efetuada na Associação Brasileira de Imprensa, onde reuniu as maiores expressões da arte de pintar, inclusive Gilka e Lecy, que nesta mostra foi premiada com uma medalha.
E olhe lá que cerca de 2500 trabalhos estavam expostos.
A família do Gilson, desde a divulgação do seu destaque no «Concurso Infantil de Pintura», promovido pelo Instituto Cultural Brasil-Alemanha, vem recebendo manifestações de carinho, principalmente dos conterrâneos belmontenses que, por todos os meios, demostraram sua satisfação pelo acontecimento.
Dentre os manifestantes está o escritor-poeta Darío dos Santos que expressou seu contentamento com uma poesia da qual transcrevo o primeiro e último verso*
Eu conheço um menino
que, sendo excepcional,
deu mostras de.ter bom tino,
quase que fenomenal!
Salve o pintor prematuro
que entre muitos parceiros
já espelhou seu futuro
Gilson Flores de Medeiros
Rubens E Silva. Jornal da Manhã. Ilhéus/BA 09/07/1979
Lá estavam o Etelvino e Profetina Flores, além da Telma, com a sua contagiante alegria, contrastando com a quase sisudez do velho funcionário público aposentado, o chefe da “tribo” que disfarça a alegria pelo êxito dos seus netos artistas.
Mal chegamos o Gilson nos apresentou o seu prêmio internacional conferido pela Prefeitura de Berlim, o Urso de Pelúcia, já proletarizado, entre os .brinquedos do artista «mirim», tais como carrinhos e a indefectível bola de futebol, a maior preocupação da sua mãe, já que o campo de ação é mesmo nas dependências do apartamento, por sinal com amplas acomodações, coisa rara nas edificações atuais, impostas pelo Banco Nacional de Habitação para as famílias de baixa renda, hoje colocada um pouco acima de dois salários mínimos.
Da família Flores só faltou Dilma, que julgo das três filhas, a mais retraída, mas não tanto que impeça participar dos «papos». Ela tem dois jovens e estudiosos filhos que enfrentam seus cursos dia e noite.
Na visita me esperavam duas agradáveis surpresas, uma das quais foi saber que Lecy também é uma pintora participante de exposições, ligada a Associação Brasilera de Desenho da qual participa a pintora, escultora e gravadora Emilia de Rego Barros Paiva, com inúmeras medalhas de ouro, além de Prêmio de Viagem ao Estrangeiro, de quem oportunamente voltarei a falar.
O terceiro de seus filhos também pratica a sublime arte da pintura. Trata-se de Gilmar que, com os seus 11 anos, já participou de «mostras» e conquistou prêmios, inclusive medalhas. Foi a segunda surpresa.
Muitos quadros estão espalhados pelas dependências da casa da Lecy uma jovem senhora, de uma simpatia que cativa no primeiro contato.
Como Gilson, Gilmar nos apresentou seus trofeus e alguns trabalhos, da mesma forma que procedeu Gilka. Ambos, corno os grandes artistas, não demonstram grande entusiasmo pelos seus feitos. Creio até que eles acham tudo bem natural e rotineiro, o que não acontece com os pais e avós e nós outros ligados a família, e quando apreciamos seus trabalhos, ficamos orgulhosos e muitas vezes até emocionados.
Toda a tarde quase que o assunto foi pintura e a promessa de convites para assistirmos exposições de que participem os garotos e a Lecy, cujo circulo de amigos é enorme, como nos deu provas não só a primeira no Satélite, bem como a III Mostra de Artes da Associação Brasileira de Desenho, efetuada na Associação Brasileira de Imprensa, onde reuniu as maiores expressões da arte de pintar, inclusive Gilka e Lecy, que nesta mostra foi premiada com uma medalha.
E olhe lá que cerca de 2500 trabalhos estavam expostos.
A família do Gilson, desde a divulgação do seu destaque no «Concurso Infantil de Pintura», promovido pelo Instituto Cultural Brasil-Alemanha, vem recebendo manifestações de carinho, principalmente dos conterrâneos belmontenses que, por todos os meios, demostraram sua satisfação pelo acontecimento.
Dentre os manifestantes está o escritor-poeta Darío dos Santos que expressou seu contentamento com uma poesia da qual transcrevo o primeiro e último verso*
Eu conheço um menino
que, sendo excepcional,
deu mostras de.ter bom tino,
quase que fenomenal!
Salve o pintor prematuro
que entre muitos parceiros
já espelhou seu futuro
Gilson Flores de Medeiros
Rubens E Silva. Jornal da Manhã. Ilhéus/BA 09/07/1979
Violinistas do interior.
RIO — A coisa que mais chateava, o dançarino, principalmente nas festas do interior, é a presença nos conjuntos musicais, de violinistas amadores.
Primeiro, o problema da afinação, renovada toda vez que começa nova música. Depois as constantes quebras de cordas. Uma verdadeira parada. Os dançarinos ficavam indóceis, porém, sem nenhuma oportunidade de protestos, mesmo porque, tais violinistas, quase sempre o mais bem vestido dos conjuntos, eram os mais considerados pelos donos das festas. :
Em Ilhéus, tínhamos desses violinistas dos quais vou destacar meus saudosos amigos, já falecidos. O colega Aloísio Aguiar, que nos idos de 1930 publicava "O Grito", jornal de malhação, quando isso era possível devido a liberdade da imprensa e o conhecidíssimo Gregório Alfaiate. Ambos eram convidados, quase sempre para festas de aniversários, casamentos e batizados. Além do mais constantemente efetuavam festas em suas casas, quando "deitavam e rolavam" nos seus «Stradivarios» tupiniquins, sob os aplausos embevecidos de suas companheiras, Marocas e Machadão — que cumulavam os presentes de gentilezas e com mesas fartas dos mais variados pratos.
Muitas vezes, se juntavam aos dois alguns companheiros de farra, tais como professor Camilo e sua indofectível flauta, Cachoeira, no banju, Oscar Leite, no clarinete e Manoel Caboclo. no violão.
Mas esta crônica é dedicada aos violinistas do interior e, assim, vou relatar casos ocorridos que demonstram a importância de que eram possuídos tais músicos, que aceitavam todas as pilhérias e insinuações, porém, eram capazes de brigarem quando alguém chamava seus instrumentos de "rabeca".
Certa vez, em Belmonte, um meu colega de oficina, recém-chegado de Canavieiras, foi a uma festa na Preguiça, foco dos pescadores. Chamava se Eduardo Columbina, muito conhecido em Ilhéus onde foi funcionário da Capitania dos Portos, ao lado de Oscar e sob o comando de "Patifório".
Lá chegando, encontrou um "regional", sob a batuta do carpinteiro Sotero, tocador de violino e homem de grande prestígio entre os modestos pescadores. Era a primeira vez que o Eduardo assistia uma festa em Belmonte e, devido a animação reinante, resolveu dar uma demonstração dos" seus dotes canoros, pedindo ao conjunto para lhes acompanhar no que ia cantar. Aceito o pedido o cantor deu o tom e a orquestra se preparou para o acompanhamento menos Sotero que se esforçava para acertar o tom, A rangedeira do arco em cima das cordas ia se prolongando e o cantor se aborrecendo. A certa altura Colombiano contrariado exclama: "Afina logo esta Rebeca"... Sotero não gostou e reagiu com palavras de baixo calão enquanto seus companheiros atacavam o insólito cantor que teve de desaparecer pelos fundos da casa.
Em frente a Tipografia dos Monteiros, um velho canoeiro "arranhava" seu violino quando o satírico português Benjamin Andrade, para agradá-lo declara: Está fazendo um concerto, heim?"
E o tocador, entusiasmado, responde com certo orgulho:
— "Eu faço mas não conserto..."
Rubens E Silva. Jornal da Manhã. Ilhéus/BA 10/08/1978
Primeiro, o problema da afinação, renovada toda vez que começa nova música. Depois as constantes quebras de cordas. Uma verdadeira parada. Os dançarinos ficavam indóceis, porém, sem nenhuma oportunidade de protestos, mesmo porque, tais violinistas, quase sempre o mais bem vestido dos conjuntos, eram os mais considerados pelos donos das festas. :
Em Ilhéus, tínhamos desses violinistas dos quais vou destacar meus saudosos amigos, já falecidos. O colega Aloísio Aguiar, que nos idos de 1930 publicava "O Grito", jornal de malhação, quando isso era possível devido a liberdade da imprensa e o conhecidíssimo Gregório Alfaiate. Ambos eram convidados, quase sempre para festas de aniversários, casamentos e batizados. Além do mais constantemente efetuavam festas em suas casas, quando "deitavam e rolavam" nos seus «Stradivarios» tupiniquins, sob os aplausos embevecidos de suas companheiras, Marocas e Machadão — que cumulavam os presentes de gentilezas e com mesas fartas dos mais variados pratos.
Muitas vezes, se juntavam aos dois alguns companheiros de farra, tais como professor Camilo e sua indofectível flauta, Cachoeira, no banju, Oscar Leite, no clarinete e Manoel Caboclo. no violão.
Mas esta crônica é dedicada aos violinistas do interior e, assim, vou relatar casos ocorridos que demonstram a importância de que eram possuídos tais músicos, que aceitavam todas as pilhérias e insinuações, porém, eram capazes de brigarem quando alguém chamava seus instrumentos de "rabeca".
Certa vez, em Belmonte, um meu colega de oficina, recém-chegado de Canavieiras, foi a uma festa na Preguiça, foco dos pescadores. Chamava se Eduardo Columbina, muito conhecido em Ilhéus onde foi funcionário da Capitania dos Portos, ao lado de Oscar e sob o comando de "Patifório".
Lá chegando, encontrou um "regional", sob a batuta do carpinteiro Sotero, tocador de violino e homem de grande prestígio entre os modestos pescadores. Era a primeira vez que o Eduardo assistia uma festa em Belmonte e, devido a animação reinante, resolveu dar uma demonstração dos" seus dotes canoros, pedindo ao conjunto para lhes acompanhar no que ia cantar. Aceito o pedido o cantor deu o tom e a orquestra se preparou para o acompanhamento menos Sotero que se esforçava para acertar o tom, A rangedeira do arco em cima das cordas ia se prolongando e o cantor se aborrecendo. A certa altura Colombiano contrariado exclama: "Afina logo esta Rebeca"... Sotero não gostou e reagiu com palavras de baixo calão enquanto seus companheiros atacavam o insólito cantor que teve de desaparecer pelos fundos da casa.
Em frente a Tipografia dos Monteiros, um velho canoeiro "arranhava" seu violino quando o satírico português Benjamin Andrade, para agradá-lo declara: Está fazendo um concerto, heim?"
E o tocador, entusiasmado, responde com certo orgulho:
— "Eu faço mas não conserto..."
Rubens E Silva. Jornal da Manhã. Ilhéus/BA 10/08/1978
quarta-feira, 17 de junho de 2009
O divórcio e as eternas desavenças.
RIO — Sou eleitor incondicional do senador Nelson Carneiro; Inicialmente ncs idos de 1950, quando da sua candidatura ao Legislativo carioca pela União Democrática Nacional, pelo srimples e convincente fato de se tratar de um conterrâneo e depois, devido a sua campanha em favor da implantação do divórcio no Brasil. E olhe que sou bem casado há cerca de 45 anos .
O senador depois de uma oposição árdua, dirigida pelos católicos, con seguiu seu intento e, com isto, uma, podemos dizer, cadeira cativa na alta Câmara, contrariando um grupo de adversários poderosos, como se verificou na última eleição.
Mas será que o divórcio solucionou o problema dos maus casados?
De modo geral, creio que não. De iato uma boa parte dos casais aeísu-justaáos, mas de situação financeira previlegiada, conseguiu solucionar seu problema que, através de uma viagem ao México, já estava resolvido, porém a maioria, por motivos burocráticos e financeiros, continua no mesmo.
De modo geral a instituição do divórcio no Brasil foi um avanço, pois não era possível que, por motivos plenamente injustificáveis .nosso país continuasse na retaguarda da marcha vitoriosa, em quase todo o mundo, da legalização do distrato do casamento. Finalmente até na Itália o divorcio foi instituído, sem afetar a dignidade dos católicos.
Mas, apesar do divórcio, os problemas conjugais continuam. As brigas, os desentendimentos ,os atritos entre casais vão se repetindo e as separações em muitos casos, não serão legalizadas ,como era de se esperar.
Casos como o acontecido em Pontal, há muitos anos, quando um esposo enfurecido esfaqueou os órgãos genitais de sua companheira e dias depois estavam unidos outra vez, vão se repetir.
Raro de acontecer será o ocorrido na minha Belmonte-Bahia, onde um macumbeiro chamado «Pitoso», depois de separado muitos anos, da esposa e desta se entregar a "vida fácil", reiniciaram a vida como simples amantes. E o importante foi que, corno amantes, nunca mais brigaram.
Aqui, no Rio, tenho visto muitos casos de casais que vivem maritalmente se recusarem a casar, sob alegação de que após confirmarem o "até que a morte nos separe, o sossego do lar se transformará.
Diariamente os jornais publicam crimes ocorridos devido a ciúmes e infidelidades conjugais o que confirma o meu ponto de vista de que a luta pelo divórcio, encetada por Nelson Carneiro, em absoluto atingiu o objetivo do senador fluminense.
Há meses, um velho companheiro, morador em Realengo, quase meu vizinho, alegando incompatibilidade de gênios, só verificada após longos anos de união civil e religiosa, abandonou o lar e foi morar no interior.
Encontrando um conhecido, mesmo lamentando o ocorrido, se mostrou satisfeito com a separação. Durante a conversa confessou que, da separação, apenas sentia saudades do jardim da antiga casa, que ele cuidava com carinho,
O conhecido que era intimo do casal, imediatamente procurou a esposa-abandonada e, depois de um longo "pápó», informou sobre o encontro com o outrora companheiro e confidenciou o que ouvira acerca da separação e da saudosa lembrança do jardim.
A mulher ouviu pacientemente o «recados», sem demonstrar reação.
Mas no outro dia, pela manhã, mandou destruir o jardim.
Rubens E Silva. Jornal da Manhã Ilhéus/BA 07/02/1979
O senador depois de uma oposição árdua, dirigida pelos católicos, con seguiu seu intento e, com isto, uma, podemos dizer, cadeira cativa na alta Câmara, contrariando um grupo de adversários poderosos, como se verificou na última eleição.
Mas será que o divórcio solucionou o problema dos maus casados?
De modo geral, creio que não. De iato uma boa parte dos casais aeísu-justaáos, mas de situação financeira previlegiada, conseguiu solucionar seu problema que, através de uma viagem ao México, já estava resolvido, porém a maioria, por motivos burocráticos e financeiros, continua no mesmo.
De modo geral a instituição do divórcio no Brasil foi um avanço, pois não era possível que, por motivos plenamente injustificáveis .nosso país continuasse na retaguarda da marcha vitoriosa, em quase todo o mundo, da legalização do distrato do casamento. Finalmente até na Itália o divorcio foi instituído, sem afetar a dignidade dos católicos.
Mas, apesar do divórcio, os problemas conjugais continuam. As brigas, os desentendimentos ,os atritos entre casais vão se repetindo e as separações em muitos casos, não serão legalizadas ,como era de se esperar.
Casos como o acontecido em Pontal, há muitos anos, quando um esposo enfurecido esfaqueou os órgãos genitais de sua companheira e dias depois estavam unidos outra vez, vão se repetir.
Raro de acontecer será o ocorrido na minha Belmonte-Bahia, onde um macumbeiro chamado «Pitoso», depois de separado muitos anos, da esposa e desta se entregar a "vida fácil", reiniciaram a vida como simples amantes. E o importante foi que, corno amantes, nunca mais brigaram.
Aqui, no Rio, tenho visto muitos casos de casais que vivem maritalmente se recusarem a casar, sob alegação de que após confirmarem o "até que a morte nos separe, o sossego do lar se transformará.
Diariamente os jornais publicam crimes ocorridos devido a ciúmes e infidelidades conjugais o que confirma o meu ponto de vista de que a luta pelo divórcio, encetada por Nelson Carneiro, em absoluto atingiu o objetivo do senador fluminense.
Há meses, um velho companheiro, morador em Realengo, quase meu vizinho, alegando incompatibilidade de gênios, só verificada após longos anos de união civil e religiosa, abandonou o lar e foi morar no interior.
Encontrando um conhecido, mesmo lamentando o ocorrido, se mostrou satisfeito com a separação. Durante a conversa confessou que, da separação, apenas sentia saudades do jardim da antiga casa, que ele cuidava com carinho,
O conhecido que era intimo do casal, imediatamente procurou a esposa-abandonada e, depois de um longo "pápó», informou sobre o encontro com o outrora companheiro e confidenciou o que ouvira acerca da separação e da saudosa lembrança do jardim.
A mulher ouviu pacientemente o «recados», sem demonstrar reação.
Mas no outro dia, pela manhã, mandou destruir o jardim.
Rubens E Silva. Jornal da Manhã Ilhéus/BA 07/02/1979
O divórcio e as eternas desavenças.
RIO — Sou eleitor incondicional do senador Nelson Carneiro; Inicialmente ncs idos de 1950, quando da sua candidatura ao Legislativo carioca pela União Democrática Nacional, pelo srimples e convincente fato de se tratar de um conterrâneo e depois, devido a sua campanha em favor da implantação do divórcio no Brasil. E olhe que sou bem casado há cerca de 45 anos .
O senador depois de uma oposição árdua, dirigida pelos católicos, con seguiu seu intento e, com isto, uma, podemos dizer, cadeira cativa na alta Câmara, contrariando um grupo de adversários poderosos, como se verificou na última eleição.
Mas será que o divórcio solucionou o problema dos maus casados?
De modo geral, creio que não. De iato uma boa parte dos casais aeísu-justaáos, mas de situação financeira previlegiada, conseguiu solucionar seu problema que, através de uma viagem ao México, já estava resolvido, porém a maioria, por motivos burocráticos e financeiros, continua no mesmo.
De modo geral a instituição do divórcio no Brasil foi um avanço, pois não era possível que, por motivos plenamente injustificáveis .nosso país continuasse na retaguarda da marcha vitoriosa, em quase todo o mundo, da legalização do distrato do casamento. Finalmente até na Itália o divorcio foi instituído, sem afetar a dignidade dos católicos.
Mas, apesar do divórcio, os problemas conjugais continuam. As brigas, os desentendimentos ,os atritos entre casais vão se repetindo e as separações em muitos casos, não serão legalizadas ,como era de se esperar.
Casos como o acontecido em Pontal, há muitos anos, quando um esposo enfurecido esfaqueou os órgãos genitais de sua companheira e dias depois estavam unidos outra vez, vão se repetir.
Raro de acontecer será o ocorrido na minha Belmonte-Bahia, onde um macumbeiro chamado «Pitoso», depois de separado muitos anos, da esposa e desta se entregar a "vida fácil", reiniciaram a vida como simples amantes. E o importante foi que, corno amantes, nunca mais brigaram.
Aqui, no Rio, tenho visto muitos casos de casais que vivem maritalmente se recusarem a casar, sob alegação de que após confirmarem o "até que a morte nos separe, o sossego do lar se transformará.
Diariamente os jornais publicam crimes ocorridos devido a ciúmes e infidelidades conjugais o que confirma o meu ponto de vista de que a luta pelo divórcio, encetada por Nelson Carneiro, em absoluto atingiu o objetivo do senador fluminense.
Há meses, um velho companheiro, morador em Realengo, quase meu vizinho, alegando incompatibilidade de gênios, só verificada após longos anos de união civil e religiosa, abandonou o lar e foi morar no interior.
Encontrando um conhecido, mesmo lamentando o ocorrido, se mostrou satisfeito com a separação. Durante a conversa confessou que, da separação, apenas sentia saudades do jardim da antiga casa, que ele cuidava com carinho,
O conhecido que era intimo do casal, imediatamente procurou a esposa-abandonada e, depois de um longo "pápó», informou sobre o encontro com o outrora companheiro e confidenciou o que ouvira acerca da separação e da saudosa lembrança do jardim.
A mulher ouviu pacientemente o «recados», sem demonstrar reação.
Mas no outro dia, pela manhã, mandou destruir o jardim.
Rubens E Silva. Jornal da Manhã Ilhéus/BA 07/02/1979
O senador depois de uma oposição árdua, dirigida pelos católicos, con seguiu seu intento e, com isto, uma, podemos dizer, cadeira cativa na alta Câmara, contrariando um grupo de adversários poderosos, como se verificou na última eleição.
Mas será que o divórcio solucionou o problema dos maus casados?
De modo geral, creio que não. De iato uma boa parte dos casais aeísu-justaáos, mas de situação financeira previlegiada, conseguiu solucionar seu problema que, através de uma viagem ao México, já estava resolvido, porém a maioria, por motivos burocráticos e financeiros, continua no mesmo.
De modo geral a instituição do divórcio no Brasil foi um avanço, pois não era possível que, por motivos plenamente injustificáveis .nosso país continuasse na retaguarda da marcha vitoriosa, em quase todo o mundo, da legalização do distrato do casamento. Finalmente até na Itália o divorcio foi instituído, sem afetar a dignidade dos católicos.
Mas, apesar do divórcio, os problemas conjugais continuam. As brigas, os desentendimentos ,os atritos entre casais vão se repetindo e as separações em muitos casos, não serão legalizadas ,como era de se esperar.
Casos como o acontecido em Pontal, há muitos anos, quando um esposo enfurecido esfaqueou os órgãos genitais de sua companheira e dias depois estavam unidos outra vez, vão se repetir.
Raro de acontecer será o ocorrido na minha Belmonte-Bahia, onde um macumbeiro chamado «Pitoso», depois de separado muitos anos, da esposa e desta se entregar a "vida fácil", reiniciaram a vida como simples amantes. E o importante foi que, corno amantes, nunca mais brigaram.
Aqui, no Rio, tenho visto muitos casos de casais que vivem maritalmente se recusarem a casar, sob alegação de que após confirmarem o "até que a morte nos separe, o sossego do lar se transformará.
Diariamente os jornais publicam crimes ocorridos devido a ciúmes e infidelidades conjugais o que confirma o meu ponto de vista de que a luta pelo divórcio, encetada por Nelson Carneiro, em absoluto atingiu o objetivo do senador fluminense.
Há meses, um velho companheiro, morador em Realengo, quase meu vizinho, alegando incompatibilidade de gênios, só verificada após longos anos de união civil e religiosa, abandonou o lar e foi morar no interior.
Encontrando um conhecido, mesmo lamentando o ocorrido, se mostrou satisfeito com a separação. Durante a conversa confessou que, da separação, apenas sentia saudades do jardim da antiga casa, que ele cuidava com carinho,
O conhecido que era intimo do casal, imediatamente procurou a esposa-abandonada e, depois de um longo "pápó», informou sobre o encontro com o outrora companheiro e confidenciou o que ouvira acerca da separação e da saudosa lembrança do jardim.
A mulher ouviu pacientemente o «recados», sem demonstrar reação.
Mas no outro dia, pela manhã, mandou destruir o jardim.
Rubens E Silva. Jornal da Manhã Ilhéus/BA 07/02/1979
O enterro do Capacidade elevada.
RIO — Há meses, os jornais desta Capital, noticiaram elogíosamente, a homenagem póstuma.do Bairro de Fátima — um recanto de moradores da classe média que está lentamente desaparecendo na voragem da inflação — na popularíssima e tradicional Lapa, prestada a um dos seus personagens populares, componente de uma destas turmas que vivem perambulando pelas ruas vivendo de pequenas contribuições para satisfazerem seus vícios, o maior dos quais uma cachacinha, que para muitos, apenas “um trago”, serve para “resolver” seu caso.
O boa vida" homenageado, moço de recados e "pombo correio” dos bicheiros da área e que, por estes motivos, se tornou popular havia falecido o a comunidade do Bairro de Fátima se reuniu para prestar-lhe a «última homenagem», fiancindo seu funeral, evitando que fosse sepultado como indigente. Uma espécie de recompcnsa pelos «serviços prestados» à coletividade. Finalmente o morto, para eles, era «pau pra toda obra».
A homenagem me fez lembrar um popularlssinio personagem que vivia vagando pelo Gameleiro, conhecidissímo que era na «zona» e toda a área compreendida entre a Rua do Filtro até u Plano inclinado. Como o morto de Fátima, vivia de gorgeta, por pequenos serviços inclusive transportando água para as residências já que o serviço ainda era precaríssimo, apesar da assiduidade com que Darin fazia a cobrança nas casas pelo abastecimento do precioso líquido.
O homem do Gameleiro se chamava «Capacidade Elevada». Um verdadeiro folgazão que espalhava alegris na Ilha das Cobras pronunciando discursos e conversando fiado com os transeuntes. Tinha seu lado bom. Nunca se apresentava contrariado e nem gostava de pronunciar palavrões, nem quando «acossado» pela molecagem, hoje o “modismo” que atinge a todas as camadas e idades.
Numa quarta-feira de cinzas “Capacidade elevada” faleceu num pardieiro situado na Praça Cairu, perto do barracão onde Manoel Goiana bancava um víspora, mesmo em frente da Estação da State. A notícia ocorreu célere em todo Gameleiro e como o filósofo não tinha família foi sugerido que o sepultamento fosse feito às expensas dos moradores da área. Mesmo porque “Capacidarde” não tinha família e já era muito ter onde «cair morto». Foi muito fácil fazer o levantamento do numerário para as despesas e mais fácil ainda, consegui a cobertura para financiar o «lubrificante» pura manter a «desolação» daqueles que iam participar da sentinela, todos "amigos da opa”.
O velório foi qualquer coisa de sensacional, com Deusdedite das Carroças, comandando o time das anedotas. Se o velório foi animado, o enterro nem se fala. Parecia um préstito carnavalesco, com os acompanhantes, na maioria, ainda fantasiados, fazendo o «préstito» parar constantemente para a devida lubrificação que, em momento algum, faltou .O sepultamento foi no arenoso cemitério do Pontal, onde os menos afortunados encontravam mais fácil sua última morada.
Ali, no “campo santo” pontalense, dias antes havia sido enterrado um amigo de «Capacidade», cujo acompanhamento seguiu o mesmo ritual do «Boa. Vida» mas sem a mesma concorrência do recém-falecido.
Lá estava “Capacidade” levando o companheiro do peito que, quando o corpo ia baixar a sepultura, resolveu pronunciar uu discurso de despedida. No auge da falação, «Capacidade elevada» perdeu o equilíbrio e caiu na cova e se viu em dificuldades para “se safar” da embaraçosa situação, o que fez, graças a ajuda dos “irmãos” presentes, todos em estado ds «instabilidade».b
Depois do difícil salvamento "Capacidade” se dirigindo ao colega morto' .como que contrariado gritou:
•— Esta não meu chapa, me deixe em paz. Vá sozinho. Por favor não me apareça mais.
Ainda um pouco apavorado, saiu se benzendo com um “eu, heim?”.
Os companheiros como que, traumatizados, se dirigiram à primeira quitanda para tomarem «um trago» a título de esquecimento da «tragédia».
Jornal da Manhã. Ilhéus/BA 17/01/1980
O boa vida" homenageado, moço de recados e "pombo correio” dos bicheiros da área e que, por estes motivos, se tornou popular havia falecido o a comunidade do Bairro de Fátima se reuniu para prestar-lhe a «última homenagem», fiancindo seu funeral, evitando que fosse sepultado como indigente. Uma espécie de recompcnsa pelos «serviços prestados» à coletividade. Finalmente o morto, para eles, era «pau pra toda obra».
A homenagem me fez lembrar um popularlssinio personagem que vivia vagando pelo Gameleiro, conhecidissímo que era na «zona» e toda a área compreendida entre a Rua do Filtro até u Plano inclinado. Como o morto de Fátima, vivia de gorgeta, por pequenos serviços inclusive transportando água para as residências já que o serviço ainda era precaríssimo, apesar da assiduidade com que Darin fazia a cobrança nas casas pelo abastecimento do precioso líquido.
O homem do Gameleiro se chamava «Capacidade Elevada». Um verdadeiro folgazão que espalhava alegris na Ilha das Cobras pronunciando discursos e conversando fiado com os transeuntes. Tinha seu lado bom. Nunca se apresentava contrariado e nem gostava de pronunciar palavrões, nem quando «acossado» pela molecagem, hoje o “modismo” que atinge a todas as camadas e idades.
Numa quarta-feira de cinzas “Capacidade elevada” faleceu num pardieiro situado na Praça Cairu, perto do barracão onde Manoel Goiana bancava um víspora, mesmo em frente da Estação da State. A notícia ocorreu célere em todo Gameleiro e como o filósofo não tinha família foi sugerido que o sepultamento fosse feito às expensas dos moradores da área. Mesmo porque “Capacidarde” não tinha família e já era muito ter onde «cair morto». Foi muito fácil fazer o levantamento do numerário para as despesas e mais fácil ainda, consegui a cobertura para financiar o «lubrificante» pura manter a «desolação» daqueles que iam participar da sentinela, todos "amigos da opa”.
O velório foi qualquer coisa de sensacional, com Deusdedite das Carroças, comandando o time das anedotas. Se o velório foi animado, o enterro nem se fala. Parecia um préstito carnavalesco, com os acompanhantes, na maioria, ainda fantasiados, fazendo o «préstito» parar constantemente para a devida lubrificação que, em momento algum, faltou .O sepultamento foi no arenoso cemitério do Pontal, onde os menos afortunados encontravam mais fácil sua última morada.
Ali, no “campo santo” pontalense, dias antes havia sido enterrado um amigo de «Capacidade», cujo acompanhamento seguiu o mesmo ritual do «Boa. Vida» mas sem a mesma concorrência do recém-falecido.
Lá estava “Capacidade” levando o companheiro do peito que, quando o corpo ia baixar a sepultura, resolveu pronunciar uu discurso de despedida. No auge da falação, «Capacidade elevada» perdeu o equilíbrio e caiu na cova e se viu em dificuldades para “se safar” da embaraçosa situação, o que fez, graças a ajuda dos “irmãos” presentes, todos em estado ds «instabilidade».b
Depois do difícil salvamento "Capacidade” se dirigindo ao colega morto' .como que contrariado gritou:
•— Esta não meu chapa, me deixe em paz. Vá sozinho. Por favor não me apareça mais.
Ainda um pouco apavorado, saiu se benzendo com um “eu, heim?”.
Os companheiros como que, traumatizados, se dirigiram à primeira quitanda para tomarem «um trago» a título de esquecimento da «tragédia».
Jornal da Manhã. Ilhéus/BA 17/01/1980
O preço do batizado era 5 mil réis.
RIO — Seguindo a tradição da minha família, estou alistado entre os católicos do apostolado romano, mais ou menos praticante. Assisto, sem regularidade, atos da igreja, mas nos ofícios em intenção aos que partiram para o além, faço questão de estar presente.
Sou do tempo em que «a oração que Cristo nos ensinou», começava com «Padre Nosso» e, no texto: «perdoai as nossas dívidas», assim como nós perdoamos aos nosso.devedorés», substituídas por «Pai Nosso…» e «perdoai as nossas ofensas..... »
Em Belmonte conheci vários padres, dentre eles Altino ( o político), Barreto, Granja ( o matador de andorinhas), Emílio (o que efetuou meu casamento), João Clímaco e, sobretudo, Evaristo Bitencourt. Este transferido de Ilhéus, depois da demolição da igreja de São .Sebastião, no Largo do Vesúvio, onde está erigido o magestoso templo, graças a Iniciativa de dom Eduardo Herberold, venerado, pela população ilheense.
Ainda me. lembro da visita a Belmonte do Bispo de Ilhéus, D. Manoel de Paiva, chefe espiritual de vasta região sul-bahiana promovida pelo padre Evaristo. Do que foi a estadia do santo padre à cidade tenho grata recordação, inclusive por ser "participante das festividades, como músico da Lira Popular. O saudoso bispo foi o celebrante da missa solene em louvor à N.S. do Carmo, padroeira local. Naquele tempo as festas religiosas eram brilhantes e arregimentavam católicos de toda a região do Jequitionha.
Foram três dias de homenagens a D. Manoel de Paiva, que se hospedou na residência da Professora Maezinha Guimarães, na Rua Mal. Deodoro, hoje parcialmente destruiria pelo rio. Nas saídas e nos regressos de sua Eminência a Lira e a 15 de Setembro se revezavam, acompanhando o visitante, tendo à frente suas comissões de diretorias. Os ofícios religiosos eram assistidos por centenas de fiéis, que se preparavam para o acontecimento religioso.
De uns tempos para cá o 16 de Julho perdeu àquele esplendor. Apenas reduzido número de religiosos mantém a tradição, comparecendo aos ofícios devidamente preparados. Pará nós, os belniontenses, que residimos «fora da terra», a festa, além do aspecto religioso, proporciona encontro com velhos conterrâneos para os «papos» recordativos, o que compensa enfrentar os 112 quilômetros de uma péssima estrada que separa a BH-101 da nossa cidade.
Padre Evàristo era conhecido pelo seu «grande amor» ao dinheiro. Era intransigente no cumprimento de sua tabela de preços para celebrar Santos Ofícios de encomenda. Missas festivas, fúnebres ou de corpo presente, acompanhamentos de enterros, alem de casamentos, batizados, crismas, novenários ou consagração, eram tabelados sem direito a redução.
Anualmente havia visita pastoral ao interior do município, começando por Boca do Córrego e findando em Pedra Branca, (hoje Itapebi). De permeio, paradas em vilas e fazendas, onde os fiéis se reuniam para batismos e casamentos além das tradicionais missas.
Numa dessas visitas pastorais, padre Evaristo, depois da peregrinação, passou dois dias em Pedra'Branca, ficando creio, na casa dos Stolzes, já que não aceitou o convite para ficar na Fazenda Estrela do Norte, de Cel. Juca de Vicente, chefe político da região.
O movimento foi intenso. Muitos batizados, casamentos, crismas, etc...
Othon Souza, filho, de Juca de Vicente, estudante em Salvador, escolhido para batizar um filho do tropeiro da sua fazenda, resolveu pegar urna peça em padre Jüvarïsto, procurando-o para «acertar o preço da cerimônia».
Chegou «desconversando», «enrolando" até que o pároco entendeu onde queria chegar o futuro padrinho e antes que Othon «abrisse o jogo», foi logo .dizendo: «Não filho. O batizado é 5 mil réis».
De pronto o filho de Jucá de Vicente como que surpreso retrucou: É só 5 mil réis padre? Pensei que fosse mais».
Abriu o envclope e retirou 3 notas de 5 e só deixou uma.
A reação do padre foi notada peia transformarão da sua fisionomia.
Rubens E Silva. Jornal da Manhã. Ilhéus/BA 26/09/1979
Sou do tempo em que «a oração que Cristo nos ensinou», começava com «Padre Nosso» e, no texto: «perdoai as nossas dívidas», assim como nós perdoamos aos nosso.devedorés», substituídas por «Pai Nosso…» e «perdoai as nossas ofensas..... »
Em Belmonte conheci vários padres, dentre eles Altino ( o político), Barreto, Granja ( o matador de andorinhas), Emílio (o que efetuou meu casamento), João Clímaco e, sobretudo, Evaristo Bitencourt. Este transferido de Ilhéus, depois da demolição da igreja de São .Sebastião, no Largo do Vesúvio, onde está erigido o magestoso templo, graças a Iniciativa de dom Eduardo Herberold, venerado, pela população ilheense.
Ainda me. lembro da visita a Belmonte do Bispo de Ilhéus, D. Manoel de Paiva, chefe espiritual de vasta região sul-bahiana promovida pelo padre Evaristo. Do que foi a estadia do santo padre à cidade tenho grata recordação, inclusive por ser "participante das festividades, como músico da Lira Popular. O saudoso bispo foi o celebrante da missa solene em louvor à N.S. do Carmo, padroeira local. Naquele tempo as festas religiosas eram brilhantes e arregimentavam católicos de toda a região do Jequitionha.
Foram três dias de homenagens a D. Manoel de Paiva, que se hospedou na residência da Professora Maezinha Guimarães, na Rua Mal. Deodoro, hoje parcialmente destruiria pelo rio. Nas saídas e nos regressos de sua Eminência a Lira e a 15 de Setembro se revezavam, acompanhando o visitante, tendo à frente suas comissões de diretorias. Os ofícios religiosos eram assistidos por centenas de fiéis, que se preparavam para o acontecimento religioso.
De uns tempos para cá o 16 de Julho perdeu àquele esplendor. Apenas reduzido número de religiosos mantém a tradição, comparecendo aos ofícios devidamente preparados. Pará nós, os belniontenses, que residimos «fora da terra», a festa, além do aspecto religioso, proporciona encontro com velhos conterrâneos para os «papos» recordativos, o que compensa enfrentar os 112 quilômetros de uma péssima estrada que separa a BH-101 da nossa cidade.
Padre Evàristo era conhecido pelo seu «grande amor» ao dinheiro. Era intransigente no cumprimento de sua tabela de preços para celebrar Santos Ofícios de encomenda. Missas festivas, fúnebres ou de corpo presente, acompanhamentos de enterros, alem de casamentos, batizados, crismas, novenários ou consagração, eram tabelados sem direito a redução.
Anualmente havia visita pastoral ao interior do município, começando por Boca do Córrego e findando em Pedra Branca, (hoje Itapebi). De permeio, paradas em vilas e fazendas, onde os fiéis se reuniam para batismos e casamentos além das tradicionais missas.
Numa dessas visitas pastorais, padre Evaristo, depois da peregrinação, passou dois dias em Pedra'Branca, ficando creio, na casa dos Stolzes, já que não aceitou o convite para ficar na Fazenda Estrela do Norte, de Cel. Juca de Vicente, chefe político da região.
O movimento foi intenso. Muitos batizados, casamentos, crismas, etc...
Othon Souza, filho, de Juca de Vicente, estudante em Salvador, escolhido para batizar um filho do tropeiro da sua fazenda, resolveu pegar urna peça em padre Jüvarïsto, procurando-o para «acertar o preço da cerimônia».
Chegou «desconversando», «enrolando" até que o pároco entendeu onde queria chegar o futuro padrinho e antes que Othon «abrisse o jogo», foi logo .dizendo: «Não filho. O batizado é 5 mil réis».
De pronto o filho de Jucá de Vicente como que surpreso retrucou: É só 5 mil réis padre? Pensei que fosse mais».
Abriu o envclope e retirou 3 notas de 5 e só deixou uma.
A reação do padre foi notada peia transformarão da sua fisionomia.
Rubens E Silva. Jornal da Manhã. Ilhéus/BA 26/09/1979
O primeiro cacaueiro da Bahia
RIO — Quando das comemorações dos 88 anos da emancipação de Itabuna, repetiu-se a omissão, já verificada por ocasião do aniversário da fundação de Ilhéus; Nenhum registro sobre onde e quando foi plantado o primeiro cacaueiro no Estado da Bahia.
Nos "Informes Especiais", publicados nos jornais aqui do Rio, sobre os -mais diversos assuntos mesclados de anúncios e dados das mais importantes organizações existentes naqueles dois importantíssimos municípios bahianos, nada sobre quando e onde foi plantado o primeiro cacaueiro na Bahia, o principal fator de desenvolvimento da região e a maior fonte de divisas do Estado .
Num dos ditos "Informes", quando do aniversário de Itabuna, Foi publicado que ''se em meados do século passado, Felix Severino do Amor Divino, Manoel Constantino ou cel. Firmino Alves, decidissem não fixar i:a faixa litorânea e seguirem rio aclmr.., derrubando matas e plantando as pri- -meíras mudas de cacau, Itabuna certamente não seria hoje, ao completar 68 anos de emancipação política, a principal cidade da região-cacaueira".
Por este tópico, fica a impressão de que, as primeiras mudas de cacau, na Bahia, foram plantadas, por aqueles pioneiros, na região de Itabuna, o que não é absolutamente certo, como seria declarar que Ilhéus era possuidor de tal privilégio
O primeiro cacaueiro, do Estado da Bahia, foi efetivamente plantado no município de Canavieiras e, precisamente, numa fazenda de nome "Cubículo", às margens do Rio Pardo, sendo que a sua semente foi trazida do estado do Pará, há mais de duzentos anos, ou seja em 1746,
O proprietário da Fazenda ora o sr. António Dias Bibeiro e a pessoa que lhe presenteou a preciosíssima planta foi um francês chamado Luis Frederico Warneaux.
Plantado, por sagurança, perto da casa do fazendeiro, o cacaueiro logo que começou a dar os primeiros frutos, suas sementes foram espalhadas pelas margens dos rios Pardo e Jequinha para depois atingir as áreas ribeirinhas do Almada, Cachoeira. Una Mirim e Rio de Contas.
Em 1928, por sugestão do dr. Francisco Borges de Barros, na época diretor do Arquivo Público do Estado da Bahia, o então prefeito de Canavieiras, sr. Francisco Mangiein, assentou ummarco comemorativo junto ao velho cacaueiro, que ainda deve existir .
Estes dados sobre o primeiroa cacaueiro plantado no Estado da Bahia, foram extraídos de um velho recorte do "Diário da Tarde", datado de 1938.
A industrialização da casca"do cacau tem como pioneiro, no início deste século o fazendeiro Macedônio Cardoso, no município de Belmonte e que residia na localidade de Boca do Córrego, da qual fabricava vinagre, vinho, licor e da sua polpa, a saborosa geléia, conhecidissima depois que os Barachos, de Água Preta, começaram a fabricar em larga escala. Hoje existem vários fabricantes de geléias mas que suprem apenas o comércio da região cacaueira.
A primeira fábrica instalada na região para o aproveitamento integral da fruta do cacau e com capacidade de suprir larga íaisca do mercado internacional foi a Vitória, que teve como seu primeiro diretor o saudoso industrial Hugo Kauffman.
Infelizmente, sob a alegação de que não pôde enfrentar o poder econômico das multinacionais, a Fábrica Vitoria está anunciando o encerramento das suas atividadss, justamente ao ultrapassar a barreira dos seus 50 anos.
É mais um capítulo do esvaziamento de Ilhéus.
Rubens E Silva. Jornal da Manhã. Ilhéus/BA 06/09/1978
Nos "Informes Especiais", publicados nos jornais aqui do Rio, sobre os -mais diversos assuntos mesclados de anúncios e dados das mais importantes organizações existentes naqueles dois importantíssimos municípios bahianos, nada sobre quando e onde foi plantado o primeiro cacaueiro na Bahia, o principal fator de desenvolvimento da região e a maior fonte de divisas do Estado .
Num dos ditos "Informes", quando do aniversário de Itabuna, Foi publicado que ''se em meados do século passado, Felix Severino do Amor Divino, Manoel Constantino ou cel. Firmino Alves, decidissem não fixar i:a faixa litorânea e seguirem rio aclmr.., derrubando matas e plantando as pri- -meíras mudas de cacau, Itabuna certamente não seria hoje, ao completar 68 anos de emancipação política, a principal cidade da região-cacaueira".
Por este tópico, fica a impressão de que, as primeiras mudas de cacau, na Bahia, foram plantadas, por aqueles pioneiros, na região de Itabuna, o que não é absolutamente certo, como seria declarar que Ilhéus era possuidor de tal privilégio
O primeiro cacaueiro, do Estado da Bahia, foi efetivamente plantado no município de Canavieiras e, precisamente, numa fazenda de nome "Cubículo", às margens do Rio Pardo, sendo que a sua semente foi trazida do estado do Pará, há mais de duzentos anos, ou seja em 1746,
O proprietário da Fazenda ora o sr. António Dias Bibeiro e a pessoa que lhe presenteou a preciosíssima planta foi um francês chamado Luis Frederico Warneaux.
Plantado, por sagurança, perto da casa do fazendeiro, o cacaueiro logo que começou a dar os primeiros frutos, suas sementes foram espalhadas pelas margens dos rios Pardo e Jequinha para depois atingir as áreas ribeirinhas do Almada, Cachoeira. Una Mirim e Rio de Contas.
Em 1928, por sugestão do dr. Francisco Borges de Barros, na época diretor do Arquivo Público do Estado da Bahia, o então prefeito de Canavieiras, sr. Francisco Mangiein, assentou ummarco comemorativo junto ao velho cacaueiro, que ainda deve existir .
Estes dados sobre o primeiroa cacaueiro plantado no Estado da Bahia, foram extraídos de um velho recorte do "Diário da Tarde", datado de 1938.
A industrialização da casca"do cacau tem como pioneiro, no início deste século o fazendeiro Macedônio Cardoso, no município de Belmonte e que residia na localidade de Boca do Córrego, da qual fabricava vinagre, vinho, licor e da sua polpa, a saborosa geléia, conhecidissima depois que os Barachos, de Água Preta, começaram a fabricar em larga escala. Hoje existem vários fabricantes de geléias mas que suprem apenas o comércio da região cacaueira.
A primeira fábrica instalada na região para o aproveitamento integral da fruta do cacau e com capacidade de suprir larga íaisca do mercado internacional foi a Vitória, que teve como seu primeiro diretor o saudoso industrial Hugo Kauffman.
Infelizmente, sob a alegação de que não pôde enfrentar o poder econômico das multinacionais, a Fábrica Vitoria está anunciando o encerramento das suas atividadss, justamente ao ultrapassar a barreira dos seus 50 anos.
É mais um capítulo do esvaziamento de Ilhéus.
Rubens E Silva. Jornal da Manhã. Ilhéus/BA 06/09/1978
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