sexta-feira, 31 de julho de 2009

Senador Wenceslau Guimarães.

RIO — Não quero dizer que os políticos de antes de 1930, eram santinhos, mesmo porque, desde que me entendo, política representa esperteza, sagacidade, astúcia, artificio, etc, porém, os velhos políticos, pelo menos de modo geral, procuravam se apresentar como verdadeiros líderes, valorizando a sua palavra e sempre respeitado por todos, em qualquer situação em que se encontrassem.

Muitos desses respeitáveis políticos perderam seus haveres durante as lutas eleitorais, gastando fortunas pará arrebanhar eleitores por ocasião dos pleitos, lhe fornecendo roupas, transportes e alimentação, por conta própria. Tudo a troco do seu prestígío, que ficava intacto, mesmo quando estava "de baixo". Eram os clamados “corenéis”, donos dos "currais eleitorais, em fase de extinção.

Antes da Revolução da 1930, existiam, senadores estaduais e na região cacaueira, «uns três chefes políticos participaram da Camará Alta do Estado da Bahia.

Em Ilhéus, tínhamos o senador Antônio Pessoa da Costa e Silva, que por muitos anos comandou a política de todo o município, nomeando e demitindo autoridades policiais, elegendo intendentes (prefeitos1) e designando juízes do paz, na época cargo eminentemente político.

Em 1930, quando era prefeito o "pessoista" Durval Olivieri, vitorioso o movímento da Aliança Libertadora, houve, naturalmente a queda dos comandado; do Senador Pessoa e a ascenção dos Lavigne, sob a chefia ao dr. Artur Lavigne, eleito deputado federal.

Outro senador da zona cacaueira foi o dr. Wenceslsu Guimarães, que chegou a governar o Estado da Bahia, por algumas horas, naquele 30 de outubro de 1930, devido a uma desorientação que se apossou nas lides governamentais.

Na ocasião, governava Belmonte o dr. Hamilton Gomes de Oliveira, que perdeu o posto para o dr. Achiles Seabra de Oliveíra, nomeado interventor da cidade.

O Senador Wenceslau Guimarães, era um político, podemos dizer, satírico e, quando nos recessos parlamentares costumava descansar no seu palacete em Belmonte, na Rua Marechal Deodoro, hoje cais da porto.

Em Belmonte participava das rodas, que os mais destacados elementos da cídade realizavam, fossem elas no "Grande Ponto", nas casas comerciais, ou mesmo na venda do Pedro Serra, onde todas as tardes, eram disputados Jogos de gamão .

Numa destas '"rodïnhas" o senador belmontense, com sua verve, começou a faiar dos defeitos e virtudes dos seus maunícipes e, tendo incluído 'determinada pessoa, foi advertido:

Mas Senador, esta pessoa é de bem e não sabemos que cia tttiha "rabo".

E o senador, sem perder tempo, retruca:

— Melhor -airda. Aí podemos botar "rabo” do tamanho que quisermos...

Com esta sentença, o grupo se desfez.

Rubens E Silva. Jornal da Manhã. Ilhéus/BA 24/07/1978

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