sexta-feira, 31 de julho de 2009

Visita agradável a Casa de Artistas.

RIO — Foi uma tarde agradável que fiz com a patroa à casa da Lecy Flores, mãe de Gilka e Gilson, na sua residência à Rua Senador Furtado, em Maracanã, atendendo a um convite feito quando da Exposição de Pinturas no Clube do Satélite.

Lá estavam o Etelvino e Profetina Flores, além da Telma, com a sua contagiante alegria, contrastando com a quase sisudez do velho funcionário público aposentado, o chefe da “tribo” que disfarça a alegria pelo êxito dos seus netos artistas.

Mal chegamos o Gilson nos apresentou o seu prêmio internacional conferido pela Prefeitura de Berlim, o Urso de Pelúcia, já proletarizado, entre os .brinquedos do artista «mirim», tais como carrinhos e a indefectível bola de futebol, a maior preocupação da sua mãe, já que o campo de ação é mesmo nas dependências do apartamento, por sinal com amplas acomodações, coisa rara nas edificações atuais, impostas pelo Banco Nacional de Habitação para as famílias de baixa renda, hoje colocada um pouco acima de dois salários mínimos.

Da família Flores só faltou Dilma, que julgo das três filhas, a mais retraída, mas não tanto que impeça participar dos «papos». Ela tem dois jovens e estudiosos filhos que enfrentam seus cursos dia e noite.

Na visita me esperavam duas agradáveis surpresas, uma das quais foi saber que Lecy também é uma pintora participante de exposições, ligada a Associação Brasilera de Desenho da qual participa a pintora, escultora e gravadora Emilia de Rego Barros Paiva, com inúmeras medalhas de ouro, além de Prêmio de Viagem ao Estrangeiro, de quem oportunamente voltarei a falar.

O terceiro de seus filhos também pratica a sublime arte da pintura. Trata-se de Gilmar que, com os seus 11 anos, já participou de «mostras» e conquistou prêmios, inclusive medalhas. Foi a segunda surpresa.

Muitos quadros estão espalhados pelas dependências da casa da Lecy uma jovem senhora, de uma simpatia que cativa no primeiro contato.

Como Gilson, Gilmar nos apresentou seus trofeus e alguns trabalhos, da mesma forma que procedeu Gilka. Ambos, corno os grandes artistas, não demonstram grande entusiasmo pelos seus feitos. Creio até que eles acham tudo bem natural e rotineiro, o que não acontece com os pais e avós e nós outros ligados a família, e quando apreciamos seus trabalhos, ficamos orgulhosos e muitas vezes até emocionados.

Toda a tarde quase que o assunto foi pintura e a promessa de convites para assistirmos exposições de que participem os garotos e a Lecy, cujo circulo de amigos é enorme, como nos deu provas não só a primeira no Satélite, bem como a III Mostra de Artes da Associação Brasileira de Desenho, efetuada na Associação Brasileira de Imprensa, onde reuniu as maiores expressões da arte de pintar, inclusive Gilka e Lecy, que nesta mostra foi premiada com uma medalha.

E olhe lá que cerca de 2500 trabalhos estavam expostos.

A família do Gilson, desde a divulgação do seu destaque no «Concurso Infantil de Pintura», promovido pelo Instituto Cultural Brasil-Alemanha, vem recebendo manifestações de carinho, principalmente dos conterrâneos belmontenses que, por todos os meios, demostraram sua satisfação pelo acontecimento.

Dentre os manifestantes está o escritor-poeta Darío dos Santos que expressou seu contentamento com uma poesia da qual transcrevo o primeiro e último verso*



Eu conheço um menino

que, sendo excepcional,

deu mostras de.ter bom tino,

quase que fenomenal!



Salve o pintor prematuro

que entre muitos parceiros

já espelhou seu futuro

Gilson Flores de Medeiros


Rubens E Silva. Jornal da Manhã. Ilhéus/BA 09/07/1979

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