RIO — Cheguei em Ilhéus. ao apagar das luzes da década de 1920. Já havia terminado a Era dos Zés de Valença e Ninki que, por muito tempo. tumultuaram a cidade, acobertados pelos chefes políticos, na época em que possuir jagunços dava o que hoje é chama “status" a fazendeiros. Até hoje muita gente se lembra das façanhas dos dois destacados elementos, perseguidos e eliminados pela polícia do Tenente Sobrinho, escolhido, a dedo, para por fim as estrepolias dos valentões que, periodicamente, traziam em sobressalto a população.
Conforme voz corrente, José de Valença, quando embriagado, "fazia misérias", começando e terminando na zona de meretrício, compreendida entre a Araújo Pinho até todo o Gameleiro e Pimenta, sobre os olhares complacentes da polícia, sempre escolhida pelos políticos. Muitas vezes, quando a "coisa" passava dos limites, um choque policial agia violentamente fazendo o valente bater em retirada. Numa destas ocasiões José de Valença obrigou a State antecipar o horário da saída do trem.
A situação chegou a "tal ponto" que o governo do Estado foi obrigado a tomar medidas drásticas para por fim ao banditismo e os focos de jagunços espalhados por toda a região cacaucira, dando ''carta branca" ao tenente Sobrinho que saiu melhor ao que a encomenda.
Com a chegada do oficial e sua gente houve uma debandada geral dos velcntões, muitos dos quais foram parar na divisa Bahia-Minas. A debandada teve início quando José de Valença, ainda com as "costas quentes", promoveu a sua maior arruaça na cidade e foi cercado pela Polícia Especial, no areial da antiga Feira, perto da Estrada de Ferro. Tentou uma saída no Cais do Querosene no Plano Inclinado, atirando-se nágua para alcançar Eustáquio Bastos", porém, foi atingido mortalmente pela polícia. Consta que alguns chefes políticos foram impedidos de acompanhar seu enterro. O caixão foi transportado para o cemitério por alguns carregadores, escolhidos pela polícia.
Outro que deu muito trabalho à polícia foi o José Ninki, cunhado do dr. Enock Carteado, médico-farmaceutico ilheense que ficou afamado quando realizou uma excursão aos Estados Unidos. A população o incluiu no anedotário local fatos jocosos que teriam ocorrido com o médico na terra do Tio Sam.
Quando estava "bicado"', Zé Ninki fazia um reboliço "dos diabos" na cidade, principalmente quando precisava de dinheiro. Se dirigia à Praça Seabra e em frente a residência do seu parentre afim, num prédio perto dos Comerciários, e fazia um verdadeiro carnaval.
Depois da Era dos "Zés" e outros menos votados, apareceram alguns "valentes", principalmente na área portuária. Era "gente" de chefes políticos locais que agiam sob a "proteção" da policia, que fazia "vista grossa", quando não dava uma "mãozinha" nas investidas dos provocadores, Quem não se lembra do Pacífico do Amor Divino, «afilhado» do senador Pessoa, que costumava desfilar com uma espada "Rabo de Galo", juntamente com a patrulha policial, a cata de eleitor adversário, mss, quando só evitava qualquer confronto por menor que fosse? Era o "manda chuva"; alí do Café, onde morava e tinha uma venda.
Na Estiva, dentre outros existia o : Hilário Costeleta, pai do prático de farmácia "Dr. Cachorro," apelido que não o incomodava. As largas costeletas do Hilário eram, por assim dizer, "sinônimo de valentia. Era mesmo temido gostava de "fanfarronar". Certa vez para mostrar o seu valor, resolveu dar "uns tirinhos" na essa do seu chefe o saudoso Álvaro Vieira, quase matando Dª Bnedita, esposa do diretor da Associação Comercial que, imediatamente cortou as relações, já abaladas com outras demonstrações.
Hilário tinha uma velha richa com o pacato estivador Hermínio Reis que evitava as provocações do colega. Um dia, entretanto, no Largo da Feira, Hermínio encontrou Hilário e ao ser atacado reagiu inesperadamente não dando nenhuma oportunidade de reação.
Ante a situação, costeleta saiu em disparada e, não fosse encontrar a casa de Maria Pão de Milho, aberta, naturalmente seria um homem morto.
"A notícia se espalhou pela cidade e com ele desapareceu a fama de valente do desabusado Estivador
Rubens E Silva. Jornal da Manhã. Ilhéus/BA 24/10/1979
sexta-feira, 31 de julho de 2009
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