sexta-feira, 31 de julho de 2009

Reminiscências de Belmonte (I).

RIO — Foi um dia maravilhoso aquele, em Queimados, na Baixada Fluminense, cujo principal assunto foi Belmonte .

Pela manhã, acompanhado do genro Fiorisvaldo, resolvi visitar o amigo-irmão Symaco Américo da Costa, jornalista e membro da Academia Brasileira de Trovas, hoje gozando de tranquila aposentadoria, após mais da 35 anos nas "Associadas".

Da Costa, na intimidade, filho de saudoso mestre de bandas Messias Américo da Costa é também um apaixonado pela sublime arte das 7 notas. Canavicirense de nascimento, tornou-se de coração, pois foi nesta cidade banhada pelo Jequitinhonha, onde passou a melhor fase da sua vida ou seja, da juventude, .participando das atividades da Lira Popular e do Tiro de Guerra 595 duas escolas oue realmente preparavam seus componentes paia a realidade da vida. O convívio com pessoas das mais diferentes índoles, nos ensina muito, mesmo porque ;a muioria na prática, é diferente.

Mal cheguei fui cercado pelo Symaco, Izabel e Sá Chica, to dos demonstrando contentamento com a inesperada visita. Da Costa queria notícias do Belmonte atual, tais como, o calçamento de ruas e a contenção do Rio Jequitionha, como o cais construído pelo intendente Godofredo Bandeira, no período 1938/1939 evitando o desaparecimento da cidade devido a um ato impensado do Horácio Farias, seu antecessor, mandando destruir um espigão, na curva do Freire, que defendia a cidade das periódicas enchentes do caudaloso rio. Das indagações sobre a atualidade, passando a recordar coisas da nossa juventude nos idos de 1915 a 1920. pri, meiro das personalidades, muitas das quais serviram de exemplo a nossa geração a começar pelos professores que nos tratavam como verdadeiros filhos de acordo com os rigorosos processos da época.

Em primeiro plano, o professor Lúcio Coelho Júnior, que exerceu o magistério por mais de 30 anos, ainda lembrado com respeito, podemos dizer, por todos os belmontenses. De uma retidão impressionante. Desfilaram depois os professores Geraldo Baltazar da Silveira, Panfilo de Carvalho, Sebastião Campos, Heroína Gonçalves, Damiana Ramos e Maezinha Guimarães, todos intelectualizados e, com a excessão de Damiana, adotavam Felisberto de Carvalho, Trajano e Ribeiro, livros didáticos que eram adotados nos colégios públicos pela sua eficiência e facilidade de assimilação e sobretudo pela estabilidade, o que não acontece hoje, quando todos os anos, surgem novos livros para o aprendizado.

A Lira Popular e a 15 de Setembro foram lembradas pelas suas festas e pela rivalidade entre si, alem de representarem, de modo geral, duas entidades políticas. Na ''15" o pessoal do Cel. Alfredo Matos. Na Lira, os correligionários de Hermelino de Assis, ou simplesmente o Cel. Mili. Em tempo de festas, os encontros durante as passeatas resultavam numa verdadeira guerra e as retretas em frente a igreja, durante as festividades religiosas, os debates, quando não terminavam em brigas entre os adeptos, tornava-se necessária a intervenção das autoridades para por fim a contenda musical.

No Futcbol, os partidários políticos também se acomodavam nas duas “bandas”, ou seja, na "15" ou na Lira, com excessão do Pirajá e Associação Atlética, cujos torcedores, na sua maioria, pertenciam as facções políticas e incentivavam os clubes para um resultado que favorecesse o seu clube, de fato.

A nossaa conversa de reminiscências, intcrrompida por Isabel, para uns cafezinhos, passou a se referir a música, com a lembrança dos companheiros; de estante, regidos pelos mestres Gifoni. e António Andrade, sob a severa fiscalização do arquivista Alfredo Costa e o olhar penetrante do Julião São Pedro, ambos censurando as nossas estrepolias, das quais nunca participou o impenetrável Dário dos Santos,



Continuarei a relatar o "papo" na próxima crônica.

Rubens E Silva. Jornal da Manhã. Ilhéus/BA 28/09/1978

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