RIO — São passados 51 anos, mas ainda me lembro daquela Sexta-feira da primeira quinzena de Fevereiro quando, às 3,30 da tarde, Sousa Pinto começou a distribuição para a venda avulsa do primeiro numero, do DIÁRIO DA TARDE.
O tumulto em frente ao número da Marquês de Paranaguá era enorme. Os jornaleiros -— chamados biribanos — faziam uma algazarra infernal que abafava o barulho da rotação cadenciada da impressora dirigida pelo saudoso Aristotelino que, como sempre, de cara amarrada e fumando o indefectível charuto, parecia não prestar atenção ao que se passava em seu redor.
Alcino Dórea, o mais entusiasta componente do quarteto proprietário da Editora não continha a sua satisfação, ao passar a vista nas folhas impressas. Francisco Dórea, que com Carlos Monteiro completava o quarteto proprietário da empresa, não sabia se ficava na sua loja de variedades ou na redação, apreciando a calma do jornalista e diretor do DIÁRIO, tornando as últimas providências que antecediam o momento culminante, esperado desde os meados de Dezembro. No tablado onde estavam localizadas as oficinas, os gráficos já tratavam de compor os originais do segundo número sem tempo de apreciar o movimento da rua e o assédio e ansiedade dos futuros leitores que tomavam parte da rua e adjacências.
Naquela hora, quando no primeiro grito dos gazeteiros, estava representada a fase inaugural de um jornal, nascido sob os melhores auspícios, mas que pouca gente esperava atingir meio século.
Para mim e para Carlos Monteiro, a experiência começara em Belmonte com a publicação do "Pequeno Diário", um tablóide de 8 páginas, editado em l927 na cidade sulina. O jornal belmontense que, infelizmente não possuo nenhum exemplar, me deu a experiência necessária para assumir a chefia das oficinas do jornal ilheense, além do aprimoramento para exercer a responsabilidade da paginação do futuro diário na "Capital do Cacau".
Corno primeiro gráfico do DIÁRIQ e por ter sido chamado a Ilhéus na segunda quinzena de Dezembro, assisti inclusive a instalação de sua oficina e a chegada da equipe arregimentada em Salvador, em janeiro quando começou a chegar o material tipográfico sendo que a impressora, vindo da Alemanha, ainda prestando serviço no jornal, chegou quase na mesma ocasião da chegada do gráfico, tendo a frente o saudoso Octavio Moura.
A impressora foi montada por um mecânico especializado também da capital bahiana, já que não incluíram a sua planta, por ocasião da embalagem e o mecânico mais capacitado para montá-la, na cidade, Juvenal "Nascimento não conseguiu resolver a situação.
Como se nota não havia dificuldade que não fosse superada para a instalação e posterior publicação do tradicional DIÁRIO DA TARDE, cujo primeiro número apareceu no dia 10 de fevereiro de 1928 numa sexta-feira; precisamente às 15,30.
Creio que da primeira equipe do cinqüentão jornal apenas ainda permaneço no mundo dos vivos. De fato, um privilégio.
Rubens E da Silva. Diário da Tarde. Ilhéus/BA 10 e 11/02/1978
sexta-feira, 31 de julho de 2009
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