sexta-feira, 21 de novembro de 2008

No tempo da bola quadrada.

RIO — Há dias o cronista José Inácio Werneck, do "Jornal do Brasil", em rápidas considerações, criticou a atuação do defensor do Flamengo, Rondinelle, pelo seu exibicionismo, muitas vezes prejudiciais ao seu clube, pois após urna jogada de efeito para a arquibancada, às vezes demora se recuperar, dando oportunidade a que seu •adversário, crie uma situação de.pânico para toda a defesa.



As observações me fez.lembrar velhos jogadores do chamado tempo da bola quadrada, principalmente dos participantes das contendas do Campo da Linha, ali na Ponte da Cruz, hoje ocupado por casas, que formam a Rua da Linha até a Cidade.Nova.



Os Zé Fidélis, os Passinhos, os;-Francelinos, Juventinos, Camilos, Enedinos e tantos outros eram verdadeiras atrações devido as suas espalhafatosas intervenções, alegrando à assistência posta na linha do trem e nos quintais das casas que davam frente para a Avenida Beïra-Mar.



Francelino, da Luz e Força com as suas defesas mirabolantes chegava até a entusiasmar a assistência, o mesmo acontecendo com o professor Camilo que, invariavelmente, a cada rebatida, se ajoelhava e abria os braços para a torcida sendo na maioria das vezes surpreendido pelo adversários, deixando seu companheiro Joel atrapalhado e impossibilitado de evitar o gol.



Um espetáculo- aparte era o Enedino Carteiro, quando recebia um "passe" enfiava a cara no chão e saía aos trancos e -barrancos até a linha de fundo. Muitas vezes, pediu desculpas a um. poste existente na campo, pensando tratar de um seu marcador.



O mais interessante naquele tempo era que todos aceitavam, sem protesto, o jogo duro e violento com a complacência do juiz para o delírio da torcida que? por vezes, incentivava a prática de tais atos, sob a justificação de que futebol foi feito para homem



Devo dizer que" a violência no futebol não era privilegio dos jogadores ilheenses", muito pelo contrário; desde quando foi instituído, o futebol, no Brasil, no início do século, com ele surgiu o jogo pesado, pesado, principalmente da parte dos defensores, na sua maioria gente forte e de boa estatura, .que adotava um lema bastante conhecido.



— A bola passa mais o jogado fica.



Hoje A. coisa não difere em muito apesar das regras virem procurando eliminar a violência quando praticada com intuito da maldade, detalhe este que fica a critério do juiz.



É difícil, no entanto controlar esta situação, uma vez que no decorrer de uma –partida de 90 minutos, sempre existirá uma jogada capaz de irritar um adversário, que revidará de modo violento, principalmente, se o seu clube estiver perdendo.


Rubens E.Silva. Jornal da Manhã. Ilhéus/BA 21/07/1978

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