RIO — Constantemente estou contando coisas da minha velha Belmonte, terra onde nasci, que. vem resistindo com estoicismo, as investidas do caudaloso Jequitinhonha, que todos os anos avança impiedosamcnte sobre a cidade, guardada pela Virgem do Carmo,
São casos.verídicos com sabor de anedota, que os bclmontenses dizem orgulhosamente, que só podem acontecer na sua cidade.
Coisas como daquele conhecido advogado que, para não emprestar seu piano, reformou a casa e estreitou a porta onde estava localizado o precioso instrumento, para que o mesmo não pudesse sair.
.Lá também certa vez prepararam um "mocó de fogo" para um soldado cuja especialidade era acabar com brigas "metendo" o "comblé" em todo o mundo. Mandaram avisar no quartel que havia um "sururu" na zona e o vaíentão sem procurar saber dos pormenores da briga, foi à frente dos comnanheiros e no meio do caminho foi recebido com uma saraivada de cacete que o deixou.maluco ,a ponto de desaparecer da cidade.
Tínhamos também o maquinista de lanchas que, "ao" ser agredido, corria em casa e vestia sua farda de tenente da Guarda Nacional e mandava prender seus agressores.
Porém o caso que passo a.contar ë o que aconteceu com o Cel. Melo Poassú, fazendeiro, chefe de tradicional família e filantrópico ao estremo.
Certa vez o Cel. precisava, com urgência dar uma olhada na sua fazenda mais próxima da cidade. Não tinha empregada à mão nara fazer a rápida viagem e foi obrigado a procurar um canoeiro qualquer nas bandas do "bouquete", ou seja o nosso cais do porto E se dirigindo a um remador, pediu que' lhe transportasse para a sua fazenda.
O canoeiro, por qualquer motivo declarou que não poderia fazer a viagem,, surgindo daí uma pequena discussão que não agradou ao velho Melo Poassú, que já nervoso foi incisivo.
— Tem que me levar de qualquer forma, pois tenho o dinheiro para pagar. Filosoficamente o remador respondeu:
— Então coronel ponha um motínho de dinheiro na proa e -outro na popa da canoa e pode viajar.
Com a sábia sentença, o "fim do papo".
Rubens E. Silva. Jornal da Manhã. Ilhéus/BA 05/01/1978
terça-feira, 11 de novembro de 2008
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