domingo, 9 de novembro de 2008

Melquizedeck e um Almoço Inesquecível

RIO (Especial para TABU) — Não foi e nem podia ser um almoço "black-tie" pois não havia caviar ou mesmo o afamado faisão dourado. Não estavam presentes os afarnadissimos vinhos franceses de safras remotas, nem as "champanhotas1' corriam generosa¬mente. Nada de mesas corn finíssimas toa¬lhas chinesa?, bordadas a fios de ouro, ilumi¬nadas com candelabros, e de lugares marca¬dos.
O que houve mesmo foi uma suculenta fei¬joada de sabor e aroma inesquecíveis, ser¬vida peíos participantes que descontraída e avidamente, retiravam os ingredientes, nas panelas espalhadas numa enorme mesa e sa¬boreada em conjunto, com cervejas ou refri¬gerantes, "estupidamente geladas", conforme a dieta de cada um.
Estou faiando do "opíparo" (termo em desu¬so) oferecido pela canavieirense "doente" Terezinha Rocha, íilha do saudoso Miguel Ro¬cha participante ativo dos eventos sociais de Canavieiras antiga, ao jornalista-poeta e sra. Symaco Costa, do qual participei com a pa¬troa, por uma defeiência especial da homenageante, levando de "quebra" minha filha Iady e esposo(Florisvaldo).
() apartamento da Terezinha em Padre Miguel, foi pequeno, não só pelo número de presentes mas pela exuberante alegria de¬monstrada pela promotora do encontro, tornando um dia maravilhoso em que o assun¬to foi Canavieiras,
Foi um desfile de recordações em que, a par das noticias, novas e velhas, foram lembra¬das pessoas componentes das famílias Cas¬tro, Melo, Rocha, Tedesco, Grancheux, Bar¬reto, Souza, Nonato, Nunes, Campos, Cajuei¬ro, Flores, Costa e principalmente Perrueho, que vem divulgando a tradicional cidade su¬lina através de TABU, jornal que com seus 12 anos de existência vem acompanhando o desenvolvimento tecnológico gráfico, apre¬sentando um jornal bem impresso, modeinamente paginado e com vasto noticiário, abordando assuntos de interesse geral.
Durante o encontio foi elogiada a adminis¬tração Almir Melo, que vem realizando efi¬ciente trabalho de modernização na cidade, sem se descuidar do interior, refoimando prédios oficiais e pavimentando artérias pu¬blicas, fazendo notar a presença oficial em todos os recantos. Veio è baila a demolição da tradicional pede por onde passarem a "25 de Maio". "Clube Caixeira! Afranio Peixoto" e "Clube Litero Social", comentada com a rneuna tristeza do desaparecimento do Pão de Açúcar, constituído de alvas dunas dea-reia, palco de animadas serenatas das saudo¬sas noites enluaradas. Duas outias notícias foram rrotivo de comentários: A "introdu¬ção" de tóxicos na cidade por parte de fi¬lhos de destacadas famílias locais e o desfile oficia! de "topless", com a participação de moças locais e da região. Tais eventos causaram a admiração do jornalista-poeta que
exclamou;
— Mas,,, existe isso mesmo em Canavieiras? É sinal que a minha terra esta se civilizan¬do...
A "patronesse" do almoço, que constantemente vai à cidade natal, também trouxe no¬ticias da Capelinha, Birindiba, Viana, Brejo e, como não podia deixar de ser, da Atalaia dos grandes pïc-nics, terminando com a ul¬tima cheia do Rio Pardo que deixou varias ruas alagadas a ponto de precisar o uso de canoas para transporte de grande numero de pessoas que se dirigia ao trabalho cotiaiano.
Lembramos, no decorrer do "papo", da fi¬gura impar do dr. Edmundo Castro, personagem de inacreditável façanha, difícil de ser imitada. Canavieirenses nato, conseguiu ser prefeito de Belmonte e, depois, foi elei¬to para o mesmo posto em sua terra, Cana¬vieiras.
Para nós — eu e Symaco — caboclos da mesma aldeia, conhecedores da rivalidade existente entre os munícipes das cidades vizinhas, chegamos à conclusão de que, se o registro fosse feito peio saudoso Melquizedeck, muita gente diria displicentemente:
— História de Melquizedeck...

TABU – Canavieiras-Ba – 2.a Quinzena Junho/80
Rubens Esteves da Silva

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