RIO — Não fui dos piores alunos, quando a escola "era risonha "e franca mas na mesa dos professores estava sempre. uma respeitável palmatória." Enfrentei,, com relativo êxito, as sabatinas determinadas pelo austero educador de cerca de quatro gerações de Belmonte, professor Lúcio Coelho Júnior, quando enfileirados, os alunos eram obrigados a expor os seus conhecimentos "arïthmeticos” em. "cima da buxa", perguntas capciosas como oito vezes sete, noves-fora nove e mais cinco. Naturalmente do terceiro aluno em diante aparecia o herói que .recebia o sinal verde do professor para "exemplar" com palmatoradas, os que não responderam, certos ou nada responderam.
Agora, depois das mini-computadoras, com trânsito livre nos colégios a coisa "está de colher" e nós antigos estudantes ficamos em dificuldades para fazer certas equações "de raiz quadrada, pois no caso, os números forem substituídos pelas letras.
Com tal mudança ficou fácil, muito fácil, os tecnocratas explicarem, com desassombrada desenvoltura, coisas que, muitas vezes embevecidos, aceitamos mesmo sentindo na própria carne, ou no bolso, que não está certo.
Por exemplo, não entendemos como o governo vende a nossa gasolina "aos outros", por dois cruzeiros o litro e aos nossos, o mesmo produto por mais de dez cruzeiros. Dá para entender a subida, quase quinzenal do dólar, enquanto até no seu país de origem a moeda é desvalorizada? E como é que o café é vendido a nós, seu dono, mais caro do que nos compram os outros países? A soja sobe internamente seu preço, para cobrir a baixa do produto no mercado externo, o mesmo acontecendo com o açúcar.]
O caso do leite que inexplicavelmente vem tendo aumentos em dupla, mas na hora da fartura, ser r s de alimentação aos porcos para não reduzir o preço e que agora, mais uma vez, estamos na expectativa de um aumento devido a geada, é de "lascar".
Aliás as geadas, as cheias e as secas, de certo tempo para cá, servem para justificar, todos os aumentos. As oscilações climatéricas, que nos nossos velhos tempos ninguém tomava conhecimento, têem sido um "maná" para os responsáveis pela política econômica, de um certo tempo para cá. Tam bem descobriram uma tal de "entressafra" que só serva para aumentar; produtos agropecuários. O pior porém é que depois de passado o período da "entressafra" as mercadorias ficam com seus preços estabilizados aguardando novo período, para um novo aumento .
Uma semana ou menos de geada." verificada no Sul do País, ocasionou um aumento acima do razoável, nos preços de todos os gêneros de primeira necessidade, com o apoio "das autoridades que através dos meios de "comunicação. pintaram a ocorrência com as mais dramáticas cores, uma espécie de “água no mel” para os exploradores de todos os matizes.
Há cerca de dois meses o Presidente da República pediu aos donos dos super-mercados, para que durante 60 dias estabilizassem os preços das mercadorias de primeira necessidade. Houve uma reação contra o pedido e até houve em Salvador um "tubarão" explicando os motivos do não atendimento. Porém alguns estabelecimentos realizaram uma incessante remarcação das mercadorias, hoje facilitada por uma mini-máquina. Terminado agora o prazo, os mesmos comerciantes vêem se apresentar como colaboradores do governo, deixando de supermarcar seus produtos, o que não é verdade.
Na minha opinião o Presidente João Batista de Figueiredo devia, como tentou uma vez, o Presidente Geisel, estabelecer um só órgão.p.ara autorizar ou rn não o aumento dos preços, evitando que os dirigentes dos vários setores do governo, como Conselho Nacional de Petróleo, Cooperçucar, e tantos outros, determinem os reajustamentos, muitas vezes contrariando determinações de Ministros de Estado, como aconteceu ultimamente quando o Ministro da Indústria e Comércio, declarou perante a Televisão que não tinha nenhuma expectativa de aumento para o preço do café
Na manhã seguinte os jornais noticiaram que o quilo da preciosa bebida havia sido aumentado para mais de 90 cruzeiros.
O fato é que os tecnocratas explicam todas estas coisas, mas Zé Povinhos mesmo sem entender, está pagando o pato.
Rubens E. Silva Jornal da Manhã. Ilhéus/BA 22/06/1979
sexta-feira, 21 de novembro de 2008
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