RIO ~ Corria o ano de 1938, Os ilheenses estavam, podemos dizer, acostumados com os pequenos navios "Itacaré" e "Itabuna", que vinham fazendo frente aos velhos barcos da Companhia de Navegação Bahiana, principalmente na rota Salvador-Ilhéus. Isto porque os novos barcos faziam o trajeto em cerca de duas horas menos e ,por este motivo, podemos dizer, as embarcações viajavam sempre superlotadas.
Numa de suas vindas de Salvador, ao raiar de uma manhã clara, ao transpor a barra e lá na altura do Morro de Pernambuco, uma lufada de vento fez com que o "Itacaré", adernasse e afundasse surpreendendo dezenas de passageiros, muitos nos beliches, dificultando o salvamento da maioria.
A noticia correu célere por toda a cidade e a maioria da população afluiu a Avenida Beira Mar e aos pontos mais elevados da cidade, acompanhando o que seria uma das maiores tragédias verificadas na região e a mais angustiante cena que foi o laborioso trabalho de uma turma empenhada no salvamento das dezenas de passageiros, que durou cerca de 10 horas e de parcos resultados, isto porque foi incalculável o número de mortos e, creio que até hoje muita gente não foi identificada.
A cena mais impressionaste foi, sem dúvida, a desesperada tentativa de rasgar a chapa lateral do navio que ficou à mostra, durante a vazante da maré, onde uma das mais populares pessoas da cidade ,o negociante português Lourenço, tendo conseguido por a cabeça numa das vigias, clamava desesperadamente, que lhes salvassem. Mas, apesar do empenho de uma equipe, orientada pelo mecânico Juvenal Muritiba, as tentaivás foram infrutíferas e a proporção em que as horas passavam, diminuíam a possibilidade de salvamento. E quando a maré chegou a preamar, após ter a cabeça açoitada insistentemente pelas ondas, falecia em frente a uma multidão atônita, o pacato Lourenço.
Houve casos de heroísmo de pessoas anônimas que salvaram muitas pessoas, inclusive uma conhecida professora que conseguiu, por verdadeiro milagre escapar por uma vigia, numa operação dificílima.
Não faltou também o lado cômico da tragédia. Conhecido sargento, que viajava com um seu superior, ambos da Polícia Militar sediada na cidade, ao se desvencilhar do navio, recebeu do seu superior uma pasta com dinheiro para ser entregue ao comandante. Pensando que o superior, que estava em situação difícil, não escapasse, o sargento não devolveu a pasta ao chegar em terra, nem relatou a ocorrência ao comando.
Mas… o superior conseguiu salvar-se, o paradeiro da pasta foi motivo de inquérito, cujo resultado não cousgui saber
O que sei é que o sargento de “vedete" passou a ser olhado com desconfiança pela população.
Rubens E. Silva. Jornal da Manhã. Ilhéus/BA. 24/12/1977
domingo, 24 de maio de 2009
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