RIO ─ Era um sábado, ainda me lembro. Depois do jantar preparava minha rotineira excursão pela cidade quando o dono da casa em que morava de "estalo” apareceu e foi logo "direto ao assunto": "O aluguel da casa venceu ha cerca de 15 dias. Não posso esperar mais.
Sabia do atrazo, mais não esperava que o "muy amigo” viesse pôr a "faca nos meus peitos" Afinal éramos vizinhos e não era a primeira vez que acontecia tal "imprevisto". Para terminar o “papo” prometi saldar o débito possivelmente no outro dia.
Avisei o acontecido a minha mãe e desci o Alto do Ceará seguindo para o Gameleiro para uma visita a velha e saudosa Antoninha Santana. Depois fui a Praça Cairu, "estacionando” no víspora de Manoel Goiana que, naquela altura resolvera encerrar a "cantada do bogue em roda” devido as reclamações contra José Ernesto, useiro e vezeiro em "engolir" as pedras que favoreciam o parceiro, na hora de "bater a quina", já que conhecia todas as tabelas.
Um rápido encontro com meus biribanos, resolvi passar pela internacional Rua do "Dendê ─ hoje à comercial Araújo Pinho ─ onde, de f ato a noite todos os gatos eram pardos. Primeiro, entrei- na primeira cafua, supervisionada pelo Chicão de Rosa Maria. As cenas de sempre. Os "sortudos” respondendo aos "vencidos" que não aceitavam paradas de pensamento, pois a galinha comia com o bico no chão. Os- vencidos conformados saiam abanando a cabeça. não ha jeito mesmo desta forma, "quanto o ferreiro faça vai embora. Paulo e Mascates firmes no dominó e Maynad com Melé, aguardando pacientemente a sobra de uma vaquinha, Nos fundos o tabuleiro dos dados funcionando a todo o pano.
Fui seguindo em direção a Praça Seabra. O Gato Preto estava "borbulhando" com os suecos berrando as suas canções. Em frente estava a simpática “Sereia" vigiando suas meninas, sempre murmurando velhas canções. No sobrado com seu altar em louvor a Cosme e Damião, estava Senhora que diziam ser gente de Juvenal Muritiba. Passei por Amália enquanto— Dama de Ouro, já aposentada, espreitava o movimento pela frresta da sua janela. Depois de falar com Umbelina, fiz uma “parada forçada" no Bar de Martinho para ouvir o conjunto de Cachoeira (Banjo) e seus companheiros, Camilo, (flauta), Manoel Caboclo, (Violão) e o Guarda. Lúcio. (Cavaquinho). Saindo do Max depois de um refrigerante tomei a decisão de voltar ao ninho
Neste exato momento lembrei do meu locador e o prometido pagamento do aluguel vencido. Existia o Cine-Teatro Vitória do velho Cortes, que aproveitando uma área, do lado da Araújo Pinho construiu vários cubículos aproveitados por Cartibane, Osvaldo Mota, Raulino Reis e José Soares, para montarem suas roletas. No carteado Raulino Reis só apostava no Rei. podiam até preparar um “macete” que ele caía como um patinho. Oswaldo Mota inaugurou sua roleta exigindo metade de uma nota de 2 mil réis. Entrei na banca de Carangau que naquele momento estava com um ambiente "mais ou menos” e sem muito trabalho para o “assistente” Oficial, mastre na marcação dos "emprenhadores de fichas ou os aproveitadores mestres, em "golpes de vistas".
Contei meus trocados. Fiz meus cálculos e depois resolvi tentar o dinheiro do "aluguel. Comprei dez fichas por 2 mil réis e arrisquei a primeira rodada, sem resultado positivo. Parei um pouco e na terceira rodada depois de prender um pouco a respiração criei coragem. Cerquei meu numero 13 pondo meia ficha em cada número que o circundava, ou seja 8, 12, 14 e 18. No pleno joguei duas fichas e esperei pela "salvação da lavoura". Jogo feito e a contagem -regressiva estava chegando ao fim. O aro de borracha que marcava o número vitorioso começou a desligar em ritmo vagaroso. A roleta parou. O aro como que ficou colado numa pequena distância do meu número. Tudo perdido mas inexplicavelmente a bolinha desceu para o número 13.
quase perdi a fala e sob os olhares dos parceiro mandei remir todas as fichas. No outro dia, bem cedo aguardei o locador, que ao receber seu dinheiro nem agradeceu. Em compensação disse naturalmente:
Não precisava tanta" pressa, Sr. Rubens.
Rubens E da Silva
domingo, 24 de maio de 2009
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