Era voz corrente em Belmonte-BA.. que aquele velho e pacato magarefe, residente ali em "Todo o Pau", era possuidor de rasoável e sólida fortuna, Afinal, ele possuía uma vasta roça, situada nas imediações da “Barrinha" com muitas árvores frutíferas cujos frutos-eram vendidos por “um bom preço” e o acesso dificultado por cachorros ferozes que a qualquer sinal atacavam os invasores, na maioria menores de idade.
Estou falando de Adão, tradicional personagem da cidade, em torno do qual existia uma lenda de que sua fortuna enterrada no quintal, também cheio de frutíferas, vendidas a "peso de ouro". A lenda tinha foros de verdade, pois naquele tempo não existiam casas bancárias e os fazendeiros não acreditavam nas firmas exportadoras, achando mais seguro guardar seus haveres em casa, em local de difícil acesso. Além de tudo o agricultor era tido um avarento da cidade, arredio da sociedade e incapaz de auxiliar qualquer pessoa, nem mesmo participava das campanhas financeiras da igreja, coisa alíás condenada por todos.
Morto Adão, aumentava a suspeita de que havia dinheiro enterrado no casarão, não mais existente, em “Todo o Pau”
Certo dia. nos idos de 1920, já no final da década, fui abordado por um irmão do jornalista Carlos Monteiro, na ocasião chefiando a Tipografia Democrata, onde era um dos empregados, Ele, depois de contar um sonho e confiar que Adão lhe ter avisado 'onde' estava a sua fortuna, perguntou se "topava", desenterrar o pequeno baú onde estava o dinheiro. Com a minha aceitação, declarou que o local era num cajueiro perto da cozinha do casarão e tudo deveria ser feito no maior sigilo, sob pena de fracassar a empreitada, marcada logo para o outro dia, uma sexta-teira à meia-noite.
Depois de um rápido reconhecimento do local para saber a melhor maneira de transpor o quintal, a hora e no local laprazados, estávamos preparados para “apoderar” do dinheiro do velho sovina.
Transposto o quintal e, na noite, por sinal bastante escura, começamos a cavar em redor do cajueiro apenas Iluminado sob a luz de pequena vela, A tarefa que esperávamos fácil, foi se tornando e penosa, pois a proporção que o tempo passava, uma espécie de nervosismo nos atacara, uma vez que um tal sinal convencionada para marcar o local exato onde estava a fortuna, não aparecia de jeito nenhum.
Já passava de uma hora da madrugada de sábado, quando não resistindo a escavação, o cajueiro adernou. quase por ocasionando e por milagre não atingiu a casa. Estava fracassada a missão e, em consequência querida Batemos em retirada. Pela manhã a cidade acordou com a notícia de que haviam retirado o dinheiro da Adão, uma verdadeira fortuna. O boato espalhado vinha" até com detalhes, pois houve gente até que encontrou uma moeda de prata deixada no Local pelos felizardos.
Decepcionados e até envergonhados, eu e o companheiro sonhador, ou melhor o receptor da mensagem milionária do endinheirado fazendeiro, não tivemos outra saída senão continuar o sigilo absoluto que, creio, sómente quebrado com esta crônica.
Tenho absoluta, certeza de.que, ainda hoje existem remaneseente areía n-heiro foi desenterrado, eom a felicidade dos iluminados .executores da :eseavaçã0 com eerta reserva.-
Para mím, infelizmente, o trabalho daquela escura noite de sexta-feira, foi negativo, em todos os sentidos, pois ao chegar em casa pela madrugada fui recepcionado pela saudosa Amor, minha mãe, dentro dos moldes da daquela época, muito “carinnhosamente”, o que não impediu que mantivesse o sigilo combinado.
Rubens E Silva. Jornal da Manhã. Ilhéus/BA 03/01/1979
domingo, 24 de maio de 2009
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário