RIO — Em duas crônicas, publiquei ha meses, nesta coluna, um detalhado relato da conterrânea Telma Flores, de sua excursão a Europa e África, levando a "tiracolo" sua sobrinha e nossa conhecida Gilca a "Pintora Precoce", filha de Lecy Medeiros Flores, também pintora como pintores são os seus pequeninos irmãos Gilson e Gilmar, per sinal todos laureados.
A minuciosa descrição feita pela itinerante, começou na Europa com o pouso em Madrid, seguindo depois para Escorial, Vaie dos Los Caídos, Toledo, Casablanca, Marrocos, Nice, Atenas,- Londres, Mônaco, Viena, Portugal e fechando o circuito nova passagem em Madrid para o regresso ao Brasil. Telma caprichou no relatório, expondo seus dotes de verdadeira repórter. Como "apêndice" igualmente atendendo meu apelo, Gilca-"pintou" sua excursão, expressando uma alegria digna de nota, pelos 28 dias da viagem, durante os quais, destacou os salões de pinturas, as floridas ruas de Nice e apoteótica benção que recebeu, como milhares de fiéis, do Papa João Paulo II quando o sumo pontífice se preparava para a inesquecível visita ao Brasil e terminava a sua caria a satisfação pelo "banho" de cultura recebido durante a viagem maravilhosa.
Entretanto nem Telma e nem Gilca relataram uma "passagem" da viagem ocorrida em Viena e que jamais sairá de suas lembranças. Creio que silêncio em torno do assunto tenha sido o receio de criticas por parte das pessoas de atenção. Porém o fato veio ao conhecimento público através de um apreciadíssimo debate radiofônico de grande audiência. Vamos ao caso:
Nos três dias em que a delegação "estacionou" em Viena, todos se movimentaram a vontade, não dando "bola" ao mau tempo reinante e responsável pelas barrentas águas do tradicional Danúbio Azul cantado, como os bosques, em lindas c inesquecíveis valsas imortalizadas por sucessivas gerações. As ricas bibliotecas, os belos edifícios e os famosos palácios como o Schonbrunn, foram "esmiuçados" avidamente da mesma forma como foram "caçados" os "recuerdos". Tudo era visto como um sonho das mil e uma noites, principalmente pela Gilca que no auge do encantamento.perdeu sua bolsa-sacola, só dando pelo desaparecimento horas depois quando deu o alarme, deixando os companheiros em polvorosa e se “virando" para encontrar a pasta onde estavam dentre outros objetos uma medalha do Papa João Paulo, adquirida na tradicional Praça do Vaticano e uma máquina fotográfica. Numa rápida procura infrutífera tudo voltou a se normalizar, pois o mais importante eram os passeios. Deixaram em segundo plano a sugestão de comunicar o fato a polícia, lembrada por um companheiro. Este, tal como um "espírito dê porco" — bendito "espírito de porco" — não se conformava com a falta de interesse da Telma, pois tinha certeza que a autoridade resolveria a parada., Tanto fez o insistente que a conterrânea, mais para atendê-lo, na hora do regresse deu um "salto" no comissariado registrando a ocorrência.
Livre do assedio do colega, nossa conterrânea recuperou ia tranquilidade, mesmo não tendo dúvidas da impossibilidade de reaver a bolsa da Gilca.
Mas uma surpresa estava reservada para a família Flores. Decorridos 6 meses, a Embaixada Brasileira recebeu um "informe" de Viena, dando conta de que a decantada bolsa havia sido encontrada — fora esquecida num coletivo da cidade — e estava a caminho para ser entregue a sua verdadeira dona. A alegria foi contagiante e a repercussão atingiu os meios radiofônicos.
Todos apenas aguardavam a chegada do "objeto perdido". Na entrega Gilca e Telma avidamente conferiram os ”achados" cujo montante, ninguém lembrava a não ser a medalha do Papa e a máquina fotográfica. Os cem dólares como foi avisado, Chegaram depois através do Banco do Brasil.
Além, dos rasgados elogios ao "espírito do porco" ficou comprovada a eficiência e honestidade das autoridades austríacas, enquanto fica no ar. uma pergunta do radialista:
— Se a bolsa fosse perdida no Brasil?
Rubens E. Silva. Jornal da Manhã. Ilhéus/BA 07/01/1981
domingo, 24 de maio de 2009
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