domingo, 24 de maio de 2009

A morte de Paulo Quirino.

RIO Acabo de ler no JB a súbita morte, após uma exibição na Orquestra Sinfônica Brasileira, em Chicago, EEUU, do conhecido violinista" Pesah Nisembaum, únicos destacado músicos da nossa sinfônica, em excursão, sob a regência do maestro Isaac Karabtcevsky. Fora vítima de um ataque cardíaco.
A ocorrência me faz lembrar do "virtuoso" Paulo Quirino, igualmente violinista do maravilhoso conjunto que foi o "Jazz Moraes", dirigido pele maestro Antônio Moraes e que fez época na era de ouro da Capital do Cacau. Aliás, a última notícia que tive, há tempos, foi de que Moraes havia sido vítima de um ataque cardíaco, tendo ficado semi-paralítico.
Paulo Quirino, exímio solista, era filho do professor Quirino. afamado musicista bahiano, há muito falecido.
Violinista, dificilmente se encontrava Paulo Quirino, sem o seu instrumento, envolto no velho estojo de madeira. Costumava dizer, era plena farra, que o que mais desejava, na vida, era morrer tocando e só deixaria de tocar depois de morto. Verdadeira filosofia de um boêmio de fina estirpe.
Residia na subida da Conquista. no prolongamento do Gameleiro, um pouco acima do Filtro.
Participante ativo de festas e, como participante do Jazz não só tocava diariamente no cabaré de João Grande, como nas mais sofisticadas festas da cidade. Em qualquer parte da cidade que ele se exibia, a volta era sempre pelo Dendê e sempre pontilhada de paradas nos lupanários ou mesmo nos diversos bares, tocava e bebericava.
Certo dia, após sua função no Cabaré, Paulo Quirino se dirigiu para a sua casa, mas como que prevendo algo, as suas paradas eram mais demoradas e durante as quais executava um grande sucesso da época, o samba "Verde e Amarelo".
Já clareando o dia, perto da sua casa uma festinha. Esta feita, de última hora. a pretexto de qualquer coisa, ou sem nenhum pretexto.
Convidado, não se fez de rogado, mesmo porque se tratava de uma festa do vizinho. Saudado com uma “talagada” de licor, senta-se e começou a tocar a sua música predileta, o samba "Verde e Amarelo". Antes de terminar a primeira parte é fulminado por uma parada cardíaca.
Assim morreu um dos maiores violinistas que Ilhéus conheceu.
Estava satisfeita a vontade de um boêmio.

Rubens E Silva. Jornal da Manhã. Ilhéus/BA 09/12/1977

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