RIO — Naquela madrugada de domingo de maio de 1934, Ilhéus foi abalada com a trágica notícia de que dois jovens haviam trucidado uma família inteira, na Chácara dos Carilhos nos arredores da Conquista.
Confirmada a notícia, uma caravana policial dirigida pessoalmente pelo delegado de polícia Tenente Izaias Reis, se dirigiu ao local da qual, como repórter participei, que chegou cerca de 8 horas.
Localizada numa área quase deserta, pois a casa mais perto distava uns 300 metros, o casebre de apenas dois cômodos além de uma cozinha improvisada na área dos fundos, acomodava família constituída de 5 membros o casal três filhos menores.
Ao aproximarmos de lá ouvimos fracos gemidos, mais parecidos com sussurros, que nos dava certeza da existência de pessoas vivas no seu interior onde, para se entrar, foi necessária uma ordem de arrombamento, pela porta do fundo.
Ao abrir a porta, quando o corpo de uma das vítimas, sem forças, cai sobre um policial, verificamos uma cena impressionante, para não dizer dantesca. Lá estavam quatro pessoas, para nós, fisicamente mortas, misturada entre restos de comidas poças de sangue. O impacto imobilizou a polícia. por instantes, após o que o tenente..... do local, verificando apenas existir um morto, que era Antônio Ezequiel, chefe da casa. Os três outros personagens, seus filhos, em estado lastimável estavam vivos, apesar da fúria assassina dos criminosos que os atacaram deixando seus corpos cheios de chagas, devido às pauladas e facadas recebidas.
Nas investigações que se seguiram, o crime foi reconstituído em seus mínimos detalhes.
Cerca de 22 horas, quando a família de Ezequiel, reunida, estava jantando, alguém bate à porta. Tratava-se de um jovem conhecido da casa de nome Adão. Ia solicitar ajuda e abrigo na casa do velho que vivia de vender carne e miúdos de porco a domicilio. Dizia ele ter havido praticado um crime, no Alto da Conquista, e estava arrependido.
Tratava-se de Adão dos Santos, de vida pacata sem antecedentes criminais, pelo menos que se conhecesse. O velho depois de o convidar para Jantar, começou a dar-lhes conselhos quando, surgem o companheiro de Adão, este armado de cacete, desfechando pauladas, sendo imediatamente ajudado pelo companheiro que, armado de faca ,participa da chacina. A violência é tamanha que os criminosos não reparam o desaparecimento da esposa do Ezequiel, d. Maria que, mesmo ferida, arrastando-se conseguiu alcançar a casa de um seu vizinho e relatar a ocorrência, solicitando ajuda para seus familiares. Mas quando os vizinhos chegaram ao local, não mais encontraram os criminosos que, depois de revirarem tudo, a cata de dinheiro, fugiram sem nada levar, conforme relataram depois à polícia.
A família de Ezequiel era formada de sua esposa Mara e dos filhos Vivaldo, de sete anos, Daniel de 11 e Uriel, uma mocinha de 15 anos que, com os ferimentos recebidos, não permitiam que se tocassem nos seus corpos, o que dificultou a remoção ao Hospital São José, feita em uma viatura em marcha lenta, proporcionando um acompanhamento numeroso durante o qual numerosas pessoas mostravam-se sedentas de vingança.
Dia depois num lugarejo do interior, Adão e Manoel foram encontrados participando de um ‘baba’, como se nada tivessem feito. A prisão da dupla foi cautelosa, sem a esperada reação, devido a periculosidade dos criminosos que sem rodeios, confirmou o bárbaro crime.
Para chegar a cadeia com os criminosos, a polícia teve que despistar, afim de evitar uma reação popular.
Apesar da gravidade dos fermentos D; Maria e seus três filhos que receberam especial tratamento no Hospital, sobreviveram, sendo que a primeira faleceu anos depois e dos seus três filhos não tenho notícias.
Rubens E Silva. Jornal da Manhã. Ilhéus/BA 07/10/1977
domingo, 24 de maio de 2009
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