sábado, 4 de abril de 2009

O “Guru” de Olivença

RIO — Há -dias li no JORNAL DA MANHÃ que apareceu, pelos lados de Olivença, estação balneária localizada ao sul do Pontal, um "Guru", ou seja, um desses exploradores da crendice popular, que prometem resolver' qualquer problema, por mais difícil que seja para o bem estar do seu cliente.



Na maioria dos casos trata-se de sabidórios que se dizendo possuidores de forças astrais, conseguem atrair os incautos. Na verdade eles que conseguem felicidade dos outros muitas vezes não conseguem para si, paz de espírito ou mesmo riqueza.

Através de ampla divulgação e até lançando mão de "faróis" — pessoas a eles ligadas — conseguem de fato alcançarem seus objetivos, tanto assim é que essa gente consegue, desde o início do mundo, sobreviver, difundindo as suas qualidades e atraindo gente de toda e classe social.



Existem os bem intencionados sempre prontos a fazer caridade. Há centros espíritas que não recebem pelos serviços prestados- Há outros que não cobram mas, quando se trata de receituário, determinam a casa onde está o remédio, como acontecia com Arigó que, segundo se falava, junto ao seu "pegy", estava uma farmácia, além de ser de sua .propriedade as hospedadas que atendiam multidões de romeiros. O mesmo está acontecendo em Porto das Caixas, para o qual dizem estão financiando a divulgação dada por jornais.
Era todo o caso, se não houvesse algum resultado, seria difícil manter os místicos em evidencia.

Através dos tempos verificamos no Brasil surgirem os Padre Cíceros, Manoelina dos Coqueiros, "seu" Sete, Padre Antônio e tantos outros.

Em Ilhéus tivemos o Jubiabá e até hoje o nosso já lendário Pai Pedro, onde nos idos de 1930 muitas vezes participei do seu "caruru" de São Cosme. Esses dois de fama positiva, porém, já tivemos uma tal de Rosinha que "trabalhou" encaminhando para a morte um valente fazendeiro.

Mas toda esta gente consegue seus intentos através de urna propaganda divulgada por contratados insinuadores, pois a alma do negócio é a propaganda.

Lembro que certa vez, inventaram, em Ilhéus, que todas as noites, no Banco da Vitória, uma gigantesca 'ave" cujo canto reproduzia uma frase incentivando ao povo trabalhar. Resultado, foram as romarias diuturnas ao local da "aparição" que ninguém via mas ouvia, mesmo assim muita gente jurava ter visto.
Rubens E Silva. Jornal da Manhã. Ilhéus/BA 26/09/1977

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