domingo, 21 de setembro de 2008

A cruel matemática do Banco Nacional de Habitação

A cruel matemática do Banco Nacional de Habitação
Rubens E Silva
' • Fui um dos primeiros locatários 'do Conjunto Residencial do ex-IAPI, de Realengo, graças a concessão da-da pelo engenheiro Plínio Catanhede, presidente da autarquia a quem recorri dias depois cie encerra-la a inscricão para os futuros moradores do então primeiro ccnjunto residencial de trabalhadores. O fato se verificou em princípios de 1943 tendo como justificativa minha família composta, na época de 9 pessoas, residente em Ilhéus, aguardando a ordem de embarque, o que aconteceu em agosto do mesmo ano, no auge da segunda Guerra Mundial.
A escolha da casa foi feita graças aos companheiros da falecida Heitor Ribeiro, alguns dos quais já inscritos, pendo fim a intensa luta na procura de um "canto" para alojar minha turma ansiosa para se transferir de Ilhéus, pondo fim aos 10 meses de espera.
Pousado em Realengo passei a participar ativamente dos movimentos sócio-recreativos da localidade fundando, com outros companheiros, o primeiro clube loca! — Centro Recreativo Industriados de Realengo — transformado em centro reinvidicatório da comunidade, do qual fui presidente por 3 vezes. ,
O Conjunto foi construído peio ..ex-lnstituto de Aposentadoria e Pensões dos Industriários por iniciativa do saudoso prosidents Getulio Vargas tendo como base casa própria para os trabalhadores. Entretanto depois de 'habitado, ou seja um ano após a legislação foi alterada peia Portaria ;CNT-96, adotantío uma aspecie de e uso fruto para os dependentes do locatário com direito aos benefícios previdenciários. A viuva até a sua morte e os filhos inválidos ou menores de 18 anos (homens) e 21 (mulheres). A modificação não agradou, porém quando Getulio Vargas retornou ao poder substituindo o presidente Dutra, nova alteração da lei para pior gerando protestos de todos os moradores de Conjuntos Residenciais, obrigando o governo assegurar aos antigos locatários os direitos anteriormente adquiridos. Isto em 1953. Presidia 'o ex-IAPI o sr. Afonso Cezar e a campanha praticamente pelo Conselho de Locatários de Realengo, sob a minha presidência e com a participação dos locatários e entidades representativas de Irajá, Coelho Neto, Bonsucesso, Pilares, Padre Miguel, Del Castilo e Cascadura.
Tudo praticamente tranqüilo quando veiu a Revolução de 1964. Acreditávamos que os conjuntos residenciais não fossem incomodados. Mesmo porque já estávamos residindo num imóvel construído há quase 25 anos corn o dinheïro arrecadado através das contribuições dos tiabaihadores e com o atenuante de que nenhum órgão oficial, pelo menos aïé aquela época, financiava construção edificada há mais de 5 anos. infelizmente estávamos completamente enganados. A revolução unificou os institutos, criando o Instituto Nacional de Previdência Social e, ccmo urn passe de mágica entregou todo o acervo imobiliário ao recém criado Banco Nacional de Habitacão e este passou a explorar àqueles que com suas contribuições formaram o património dos falecidos lAPs impondo aos antigos locatários uma cruel e injusta correção monetária defendida pela sua primeira presidente a ex-deputada Sandra Cavalcante, hoje confessando-se arrependida de ter apoiado e defendido a nova ordem tinanceira. ;
Desejando amenizar a sïïuação dos, locatários alguns deputados elaboraram uma íei ísentando da correção os locatários dos conjuntos residenciais a qual foi vetada pelo então presidente Castelo Branco. Na ocasião diversos grupos ligados as extintas autarquias que estavam encarregados de vender os imóveis aos seus ocupantes desapareceram, dando tempo ao congresso examinar o veto presidencial enquanto apressavam o processamento das vendas dos apartamentos localizados em áreas mais valorizadas da cidade, resultando em que os abonados compradores de aparlamentos construídos em Copacabana, Botafogo e Tíiuca hoje estão livres da correção enquanto os trabailhadores locatários em imóveis nos subúrbios acima citados estão sofrendo o impacto das constantes majorações determinarias pelo BNH, ratificadas por um meritíssimo que numa ação solicitando eqüidade no tratamento dado aos ricaços achou justo que es trabalhadores arquem com as constantes elevações dos alugueis em beneficio dos previlegiados locatários da zona sul do Rio. Sabem por quanto está um imóvel comprado em 1966 por Cr$ 3700,00? Apenas por Cr$ 40 mil sem contai oom as prestações mensais pagas
Rubens E. Silva. Jornal da Manhã. Ilhéus BA 28 Jan 1981

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